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Esporte e política na visão de Jéssica de Lima: “Jogar futebol, no meu caso, é um ato de protesto”

Técnica da Ferroviária fala sobre a condição da mulher no esporte e na sociedade, comenta sobre os casos recentes de assédio no futebol e classifica como nocivo o discurso da extrema direita no país

A técnica do time feminino da Ferroviária de Araraquara, Jéssica de Lima, participou nesta sexta-feira (19) do Jornal da Morada, da Rádio Morada FM (98,1).

Jéssica de Lima, que já fez parte da comissão técnica da seleção brasileira e comanda o time de Araraquara desde setembro de 2022, foi convidada pelo programa para falar sobre a campanha do time no torneio campeonato brasileiro feminino e os desafios das próximas rodadas, quando a Ferroviária enfrenta o Corinthians e o Palmeiras. Ao final da conversa, no entanto, Jéssica foi questionada sobre o que representa ser uma mulher no esporte e como essa atuação pode ampliar a visibilidade na busca por direitos.

A conversa partiu da análise da fala da deputada estadual Mical Damasceno, do PSD do Maranhão, em que ela propõe uma solenidade em comemoração ao Dia da Família só com a presença de homens. A deputada disse querer “encher o plenário de macho” porque, para ela, o homem representa a “cabeça” da família à qual a mulher deve se submeter.

Para a técnica da Ferroviária, esse discurso representa a posição de “uma extrema direita nociva demais”. “A gente sempre estudou, mas nunca imaginou que o holocausto aconteceu daquela maneira, como a sociedade permitiu [que isso acontecesse]. Hoje, eu vejo que meu irmão seria o carcereiro. Ele não mataria ninguém, ele não seria o cara que iria decidir, mas ele seria totalmente conivente com aquilo”, declarou Jéssica, ao relatar que as manifestações de negacionismo e radicalidade estão presentes atualmente nos ambientes familiares.

Sobre o caso específico do esporte, a treinadora, afirma que o futebol feminino sofre com o machismo e lembra que a prática já foi proibida no Brasil. “Jogar futebol, no meu caso, é um ato de protesto porque é contra tudo e contra todos. Eu tive que ir contra minha própria família. Não é porque não queriam, mas porque há 25 anos era difícil deixar sua filha sair para jogar futebol”, disse.

Jéssica de Lima considera que as conquistas passadas abriram as portas para as novas gerações e que, por isso, há uma consciência por parte das atletas sobre o que representa hoje o destaque que a categoria alcançou. “As meninas entendem, sim, especialmente quem é de uma geração anterior. Há o entendimento que a gente não volta mais para trás. A gente não abre mão desse espaço de fala que a gente conquistou”, completa

Confira a entrevista na íntegra:

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Luis Antônio
Luis Antônio
Jornalista. Formado em Ciências Sociais e Letras pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Mestre em Estudos Literários. Apresentador e editor do Jornal da Morada, da Rádio Morada FM 98,1
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