InícioEsporteTuti: Um goleiro que deixou sua marca

Tuti: Um goleiro que deixou sua marca

Hoje treinador de goleiros, ex-jogador viveu momentos de superação e glórias em sua carreira

Uma carreira vivida intensamente. Assim o ex-jogador Tuti, hoje com 41 anos, define sua trajetória no futebol. Momentos de superação e glórias compõem sua história dentro das quatro linhas, história essa que teve a Ferroviária como um elemento fundamental e que está longe de um final, já que hoje ele transmite seu conhecimento aos garotos que sonham em um dia brilharem nos gramados como goleiros profissionais. Fora de campo, sua história é escrita ao lado da esposa Andreia – com quem está junto há 24 anos – e dos filhos Carlos Henrique, de 15 anos, e Ana Laura, de 7.  

 

O início

Carlos Augusto Francisco, o Tuti, nasceu em Araraquara no dia 25 de agosto de 1978, filho do casal Carlos e Isabel. Cresceu no bairro do Yolanda Ópice e seu contato com o futebol teve início por influência do pai. "Sempre acompanhei meu pai quando ele ia jogar. Já o amor pela posição de goleiro surgiu porque sempre que precisavam de alguém para jogar no gol, eu acabava indo para ter o jogo", explica.

Tuti conta que a Ferroviária surgiu em sua vida quando tinha 13 anos de idade e foi chamado pelo amigo Ronaldinho para participar de um teste no time grená. Nessa época, gostava de jogar como zagueiro e volante, porém viu na falta de goleiros uma oportunidade para se destacar dos outros meninos. "Nessa época, era a posição que a Ferroviária não tinha ninguém. Então fui fazer o teste como goleiro e passei. Acabou acontecendo tudo", conta ele.

O menino, que sempre admirou o goleiro Taffarel, resume como foi o período que viveu nas categorias de base da Ferroviária e deixa sua gratidão ao professor Tota, hoje já falecido e que era o responsável por lapidar os talentos afeanos naquela época. "Foram momentos incríveis de grandes amizades e aprendizados. Sou eternamente grato ao Tota", salienta.

Sua qualidade debaixo das traves já era notada desde cedo, tanto que comemorou convocações para a Seleção Brasileira Sub-17 nos anos de 1994 e 1995. "Acabei convocado algumas vezes e foi incrível. Sonho realizado. Jogar na Seleção Brasileira e representar meu clube e minha cidade foi um privilégio", se orgulha.

Momento de superação

Aos 17 anos, Tuti atuou pela primeira vez no time profissional da Ferroviária, mas se engana quem pensa que o sentimento era de insegurança. "Felicidade. Sonho de criança realizado jogar no time profissional. Graças a Deus consegui jogar em todas categorias e sermos campeões em todas", relembra.

O goleiro, no entanto, ganhou a missão em um dos momentos de maior instabilidade da Ferroviária, que vivia o início de sua pior crise financeira. Sua estreia foi em 1996, ano em que o time amargou o rebaixamento no Paulistão. Tuti se tornou títular no ano seguinte e acompanhou de perto todas as dificuldades surgidas no cotidiano do clube. "Foi um momento difícil para todos. Salários atrasados, sem perspectiva alguma. Foi um momento de muita superação e paixão pelo futebol", relata o ex-jogador, que permaneceu na Locomotiva até 2001, antes de seguir outros caminhos.

Retorno vitorioso

Tuti Passou por Anapolina-GO (2002), Inter de Limeira (2003), São Bento (2004), CRAC-GO (2005) e Osvaldo Cruz (2006), antes de retornar à Ferroviária em 2006, em uma situação já diferente daquela que acompanhou anteriormente. A implantação do clube-empresa começava a gerar frutos e naquele ano o elenco conduzido pelo técnico Édison Só contava com diversos nomes que deixaram saudade na torcida, além de ser dentro de campo um time entrosado e organizado. "Foi uma experiência maravilhosa. Pessoas de bem, com um ambiente muito descontraído. Dentro e fora de campo sempre foi um pelo outro, todos juntos. Grato em poder fazer parte daquela equipe", analisa o ex-jogador.

O resultado foi o título da Copa Federação Paulista de Futebol (atual Copa Paulista) de 2006, com vaga garantida na Copa do Brasil do ano seguinte, quando a Ferroviária também conquistou o acesso para a Série A2. 

Tuti destaca a importância da Ferroviária em sua vida. "Respeito, paixão e compromisso. Passei boa parte da minha infância e adolescência ali. Sou muito grato a Deus e a Ferroviária", acrescenta.

Outros rumos

Tuti deixou a Ferroviária em 2008 para atuar pelo América-SP. Passou ainda por ASA-AL (2009 e 2010), Santa Cruz (2010), América-RN (2010), novamente ASA-Al (2011 e 2012), Goianésia-GO (2013) e Ubiratan-MS (2014), clube onde encerrou sua carreira. "Sou grato a todos esses clubes, mas três são especiais: Ferroviária, que me projetou, Santa Cruz, por experiências marcantes com a torcida, e o ASA de Arapiraca-AL, pelo imenso carinho e respeito com minha família", avalia.

Sobre sua trajetória dentro de campo, ele se orgulha em dizer que conseguiu dar o máximo de si em cada chance surgida. "Sempre vivi intensamente cada oportunidade. Sempre tive convicção de que a vontade de Deus é que prevalece", ressalta.

Após se aposentar como atleta, Tuti voltou a sentir o gosto de defender a Seleção Brasileira, dessa vez como treinador de goleiras da Seleção Feminina Sub-17, em uma função em que ele soube extrair o máximo de conhecimento. "Foram dois anos incríveis. Convivi com grandes profissionais referências no futebol. Aprendizado e troca de experiências que ficam para toda vida", analisa. 

Presente e futuro

Agora acompanhando a Ferroviária como torcedor nas arquibancadas, Tuti vê com otimismo o atual momento do clube. "Está em uma fase ascendente e muito em breve estará em destaque no cenário nacional", confia.

Atualmente, o ex-goleiro compartilha sua sabedoria com os alunos da Escola de Goleiros Guarda Redes, onde ministra suas aulas ao lado do também preparador de goleiros Leandro Becastro. "A Guarda Redes é uma escola somente para goleiros, para todas as idades. Lá realizamos treinos específicos para goleiros desde a iniciação, aprimoramento, até o alto rendimento, com todos aspectos e fundamentos que o goleiro precisa. Temos o Projeto 'Adote um Goleiro', que em parceria com algumas empresas e amigos, oportuniza algumas crianças de treinarem conosco", explica Tuti.

E para ele é um prazer trabalhar com o que mais gosta. "Experiência única. Ali aprendo todos os dias. As crianças são espontâneas, sinceras e verdadeiras. Por poder compartilhar essas experiências com elas e com os adultos, têm sido dias maravilhosos", revela.

Para o futuro, o ex-atleta espera colaborar para que seus alunos realizem seus sonhos. "Quero pode ajudar aquelas crianças que sonham em ser alguém na vida e não encontram uma mão estendida. Peço a Deus que continue me abençoando para que possamos alcançá-las", finaliza Tuti.
 

 

 

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