Os amantes do voleibol de Araraquara têm motivos para se animar. Um grupo de profissionais relacionados à modalidade se movimenta nos bastidores para promover o retorno do time profissional feminino, que teve suas atividades encerradas em agosto de 2016. Na ocasião, a falta de apoio financeiro resultou no fim da equipe da Uniara/Fundesport, que contava com o comando da técnica Sandra Mara Leão.
A informação das conversas em torno da volta do time foi revelada à reportagem do Portal Morada por uma fonte especialista no voleibol araraquarense: Gleizer Marcelo da Silva Ferreira, o Jajá, hoje com 38 anos de idade, ex-jogador que foi revelado pelo Lupo/Náutico e posteriormente também integrou a comissão técnica do time feminino da Uniara/Fundesport que disputou a elite da Superliga Nacional.
Vale lembrar que o vôlei feminino profissional de Araraquara ficou em atividade por dez anos e trouxe inúmeros bons frutos para o esporte da cidade: títulos importantes, como o dos Jogos Abertos do Interior, Jogos Regionais, Copa do Interior, Liga de Campinas, Liga Nacional do Desporto Universitário e Jogos Universitários, além do acesso à Série A da Superliga, competição que disputou em duas temporadas (2013/2014 e 2014/2015).
Conversas em andamento
Jajá prefere não citar nomes dos integrantes do grupo, porém conta que todos os esforços são feitos em torno do objetivo do retorno. "Desde que o vôlei feminino adulto da Uniara terminou, eu, por ser integrante da equipe e ser uns dos únicos que permaneceram na cidade, nunca deixei de correr atrás para que possamos ter novamente uma equipe na divisão de elite do vôlei feminino nacional. Até pelo fato da minha ligação com o vôlei da cidade ser muito forte, eu sinto que devemos fazer algo para que possa voltar", diz Jajá.
Segundo ele, no ano passado o grupo se reuniu com o então secretário de Esportes, Everson Inforsato, o Dicão, que recentemente se desligou do cargo. "Sabemos das dificuldades que o município atravessa e ficou difícil. As conversas acabaram não evoluindo. Muitos profissionais sempre me perguntam quando o time feminino irá voltar, outros também querem saber sobre projetos, mas o fato é que a maneira que se terminou a equipe feminina acabou deixando os empresários meio receosos para se investir no voleibol feminino da cidade", revela.
Jajá lamenta a paralisação do esporte por conta da pandemia do novo coronavírus, fato que atrapalhou o desenvolvimento da ideia. "Mesmo diante dessa pandemia, nunca deixamos de correr atrás. Quando tudo isso passar, seria maravilhoso que o vôlei feminino de alto rendimento também pudesse retornar. Agora, com o novo Ranking da CBV, ficou ainda melhor", destaca.
O que falta?
Segundo ele, o ponto primordial para o retorno do vôlei feminino será convencer as empresas a confiarem no projeto. "Sabemos que é muito difícil o município manter uma equipe de auto rendimento sozinho, por isso contaremos com o apoio das empresas privadas. O município nos ajudaria com a estrutura, como local de treinamento, moradia e alimentação. Isso já nos ajudaria muito", acrescenta.
Jajá explica ainda que o apoio popular também é necessário para a evolução gradual da equipe. "Quando o time de Araraquara voltar, tenha certeza de que será algo bem profissional e com uma equipe identificada com a cidade, que é algo que infelizmente faltou na equipe anterior. Era triste de ver pessoas da cidade torcendo contra. Sabemos que existem essas situações, mas com o vôlei feminino era muito grande a rejeição", analisa.
Caso o retorno seja concretizado, o time disputaria a Superliga C, visando os acessos seguidos até chegar à elite da Superliga.
Estrutura elogiada
Com sua participação na equipe feminina, Jajá se tornou o único araraquarense a atuar nas edições masculina e feminina da Superliga. Em uma das rodadas da competição feminina, ele teve a oportunidade de conversar com o técnico Bernardinho, um dos nomes mais respeitados da modalidade no mundo, e o que ouviu foi só elogios.
"Araraquara é uma cidade onde todos os profissionais elogiam pela estrutura que encontram. Em um jogo aqui contra a equipe do Ades/RJ, hoje Sesc/RJ do técnico Bernardinho, eles elogiaram muito a estrutura do Gigantão e do Ginásio da Pista. Aquele dia foi muito tumultuado, pois seria a nossa estreia na Superliga e era permitido jogar somente no piso oficial da CBV [taraflex]). Tanto o Gigantão quanto o Ginásio da Pista possuem o piso de taco. Enfim, colocaram o piso de taraflex no Gigantão, mas o tempo estava úmido e prejudicou o piso, que acabou ficando escorradio e impossível de jogar. Nisso, o Bernardo perguntou se tinha outro ginásio para treinar. Saímos correndo e fomos para o Ginásio da Pista. Ele me olhou e disse que nem o Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas, tinha dois ginásios com essa estrutura", relembra Jajá.
Amor pelo voleibol
Jajá possui uma ligação muito forte com o vôlei, ligação essa que teve início na infância, graças a seu irmão Eric. Eles foram criados no bairro do Yolanda Ópice, em Araraquara, onde jogavam voleibol na rua com os amigos. Eric foi descoberto nos Jogos da Primavera e se tornou jogador do Lupo/Náutico, chegando a ser convocado pela Seleção Brasileira Juvenil.
Jajá se inspirou no irmão e seguiu o mesmo caminho nas quadras, atuando desde a categoria infantil até o time adulto. Por isso, ele destaca a importância do esporte na formação de bons cidadãos. "Algo que Araraquara precisa valorizar muito são os valores que temos em nossa cidade. Sou muito grato à minha comunidade do Yolanda Ópice, aos meus amigos de infância e todo o bairro, porque foi ali onde comecei tudo", afirma.
Hoje, Jajá procura sempre se atualizar e conhecer todas as novidades que surgem no mundo do voleibol. "Estou sempre buscando conhecimentos com profissionais que atuam na Superliga, pois a nossa ideia trazer algo bem profissional para a modalidade em nossa cidade", finaliza o ex-jogador.