InícioEsporteMarinho Rã: Velocidade, habilidade e amor ao esporte

Marinho Rã: Velocidade, habilidade e amor ao esporte

Atacante surgido no futebol amador de Araraquara participou do primeiro título mundial da Seleção Brasileira Sub-20

Marinho Rã foi um dos grandes nomes revelados pelo futebol amador de Araraquara. Com seu talento lapidado pelo ídolo Bazani, chegou ao time profissional da Ferroviária em 1982 com apenas 16 anos de idade, na mesma temporada em que teve seu passe vendido à Portuguesa, naquela que é até hoje a maior transação da história do futebol araraquarense.

No ano seguinte, com 17 anos, brilhou na Seleção Brasileira que conquistava seu primeiro título da Copa do Mundo Sub-20, em torneio da Fifa realizado no México, onde assumiu a titularidade, colocando Bebeto no banco de reservas. Passou por uma grande quantidade de clubes em sua carreira, até voltar para a casa em 1998, ano em que encerrou sua carreira na Ferroviária.

Atualmente, Marinho trabalha como professor de escolinhas de futebol e tenta compartilhar seu conhecimento com crianças e adolescentes que sonham em brilhar no esporte. Em entrevista concedida ao Portal Morada, ele falou sobre sua trajetória. Confira!

O início

Mário Francisco dos Santos nasceu no dia 31 de julho de 1964 em Matão. É filho do casal Amauri e Aparecida, que lhe deram nove irmãos, sendo sete mulheres e dois homens. "Minha família morava em Silvania, mas quando eu tinha seis anos de idade, viemos morar em Araraquara. Minha infância foi normal, eu era uma criança que não parava em casa, mas muito obediente com os pais", conta.

A identificação com o futebol não demorou a acontecer. "Meu primeiro contato com o futebol aconteceu no parque infantil que frequentei na infância, na Vila Xavier, com os professores Sérgio e Borba", relembra.

Talento descoberto

Sua velocidade e habilidade com a bola eram notáveis desde cedo e em sua adolescência já defendia times amadores da cidade. "Joguei no Colorado do técnico Zé Lemão e no Benfica do técnico Lineu Carlos", destaca.

E foi nesses times que o jovem chamou a atenção de Bazani, que o levou para a Ferroviária, onde teve seu talento aprimorado. "Fiquei muito feliz com o convite, pois nessa época eu já era torcedor da Ferroviária", revela.

O apelido

Segundo informação do jornalista Alessandro Bocchi, que por muitos anos trabalhou como monitor do Museu do Futebol e Esportes de Araraquara, o apelido de Marinho Rã se deve a uma passagem do início de sua carreira na Ferroviária. O garoto, que morava na Vila Xavier, atravessava a região onde atualmente é a Via Expressa para chegar à Fonte Luminosa. Naquela região havia um córrego, onde ele frequentemente se banhava antes de ir para o treino. Em algumas ocasiões, chegava com vestígios de lama, o que rapidamente lhe rendeu, entre os colegas, o apelido de Rã.

Ascensão imediata

Marinho aproveitou a oportunidade com a camisa grená e sua ascensão foi imediata, sendo o artilheiro afeano no título do Torneio Incentivo, competição que servia de preparação para o Paulistão e que formava o "embrião" do time que no ano seguinte seria a sensação da Taça de Ouro. Marinho, no entanto, teria uma passagem curta pelo elenco profissional. "Foi uma passagem muito rápida pela Ferroviária. Com apenas 16 anos, eu já havia jogado no time júnior, no profissional e cheguei à Portuguesa", resume.

E foi exatamente assim a velocidade do seu sucesso. Seu talento com a camisa grená despertou o interesse da Lusa, que o contratou em 1982 por 30 milhões de cruzeiros, naquela que foi a maior transação já feita pela diretoria afeana, que tinha como presidente Antônio Parelli Filho. O valor de sua negociação foi tão alto que serviu para a Locomotiva cobrir a folha de pagamento do elenco durante toda a temporada. 

Na Portuquesa, Marinho Rã sofreu com a pouca idade e demorou para encontrar seu futebol. "Foi muito difícil atuar no profissional porque eu não tinha ainda experiência para jogar bem", relata ele, que chegou a atuar ao lado de Tite, atual técnico da Seleção Brasileira, que na época era meio-campista da Lusa.

Título com a Amarelinha

Mas no ano seguinte, 1983, Marinho Rã participou de uma conquista memorável da Seleção Brasileira, que sagrou-se campeã da Copa do Mundo Sub-20 no México. Essa foi a quarta edição do torneio, que naquele momento também servia para avaliar a estrutura mexicana, que sediaria a Copa do Mundo de 1986. 

Essa foi a primeira conquista mundial da Seleção Sub-20. O Brasil, que tinha Jair Pereira como técnico, venceu a Argentina por 1 a 0, gol de Geovani, na final disputada no Estádio Azteca, na Cidade do México (clique aqui para assistir a final completa).

Nesse torneio, Marinho, com apenas 17 anos de idade, assumiu a titularidade e colocou Bebeto no banco de reservas, em um time que contava ainda com outros nomes que viriam a se destacar 11 anos depois, na Copa do Mundo de 1994, como Dunga e Jorginho. "Foi uma conquista muito importante. Foi uma dificuldade grande que resultou na sensação de muita felicidade. E a convivência dentro do elenco era normal. Eram jogadores simples e bem fáceis de lidar dentro do campo", analisa.

No mesmo campeonato, Marinho viveu aquele que considera o momento mais emocionante de sua carreira. "Foi o gol que eu fiz na semifinal contra a Coreia do Sul", resume ele, que na ocasião, marcou um gol da vitória de virada por 2 a 1 que colocou o Brasil na final do torneio (clique aqui para conferir os melhores momentos daquele jogo).

Outros caminhos

Em sua trajetória profissional, Marinho Rã ficou na Portuguesa até 1984 e posteriormente rodou o país para vestir diversas camisas do futebol brasileiro: atuou por Bangu-RJ (1985), Inter de Limeira-SP (1985), Uberaba-MG (1986), Grêmio Maringá-PR (1986 e 1990), Internacional de Porto Alegre-RS (1987), Grêmio Sãocarlense-SP (1991), Batel-PR (1993), União Bandeirante de Birigui-SP (1995) e Ferroviária, onde encerrou sua carreira em 1998.

Vida atual

Atualmente, Marinho Rã comemora 35 anos do casamento com sua esposa Rosângela, com quem tem um casal de filhos: Evelyn, de 30 anos, e Lucas, de 23.

Em seu trabalho na área esportiva da Prefeitura de Araraquara, compartilha sua sabedoria com garotos que sonham em um dia serem jogadores de futebol. Nessa época de pandemia, onde as atividades presenciais estão suspensas, ele tenta distrair a cabeça com outro hobby que é sua paixão. "Gosto muito de criação, tenho galinha, pato, galinha de angola e planto hortaliças nas horas de folga", destaca.

Marinho se mostra grato por tudo o que o esporte proporcionou em sua vida. "Deus tem cuidado de tudo na nossa vida desde criança e o esporte tem nos garantido o nosso sustento", concluiu o ex-jogador.

 

Confira abaixo fotos da vida de Marinho Rã.

 

 

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