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Mulheres de atletas da Chape reclamam de abandono e cobram apoio financeiro

Famílias das vítimas ainda buscam informações sobre ajuda financeira

As mulheres dos jogadores da Chapecoense vivem o luto de perderem
seus maridos no trágico acidente aéreo e ainda estão preocupadas em
garantir um futuro tranquilo para seus filhos. Apesar de já terem
recebido o seguro garantido pelo clube e pela CBF, algumas delas dizem
que se sentem abandonadas e esperam um apoio financeiro. Elas cobram
a premiação do título da Sul-Americana e o dinheiro vindo de doações e
de jogos beneficentes realizados após o acidente.

A
Chapecoense diz que tem se dedicado ao máximo para atender todas as
solicitações. A diretoria afirma que as doações só não foram repassadas
ainda porque a maior parte do dinheiro ainda não foi depositada em sua
conta. Além disso, o clube se apressou para pagar as indenizações, já
quitadas pelo seguro. Uma reunião com todas as esposas foi agendada para
o próximo dia 20 para esclarecer cada pendência.

Viúva do meia Cleber Santana, Rosangela Loureiro não esconde sua
insatisfação. “A gente está se sentindo abandonada em relação às
respostas. A gente fez um grupo das esposas com a Chapecoense, faz
perguntas e nunca tem respostas. Eles pagaram as coisas que eram para
pagar, as indenizações. Porém, estamos nos sentindo abandonadas. Algumas
esposas estão ficando com medo. Teve gente que ganhou R$ 40 mil, qual
futuro que vai garantir com esse dinheiro? Parece que o foco é montar o
time, a prioridade”, diz.  

Algumas das principais
fontes de arrecadação das famílias agora virão dos jogos beneficentes
realizados no fim do ano passado em que a renda arrecadada foi prometida
às famílias das vítimas. No Jogo das Estrelas, por exemplo, Zico
prometeu não só a bilheteria, mas também o leilão de uma camisa. O meia
argentino D’Alessandro fez o mesmo no evento Lance de Craque. O Sport
também anunciou que o dinheiro arrecadado com o público na última rodada
do Campeonato Brasileiro contra o Figueirense ficaria com a
Chapecoense.

As famílias reclamam que ainda não
receberam os valores e que faltam informações. “Vou esperar a reunião do
dia 20. Eles têm que fazer nota e apresentar. Temos que saber se o
clube tal pagou, qual foi o preço do ingresso, se tem clube se
aproveitando da nossa situação para lotar estádio, usando dor da gente.
Tem time que jogou com a camisa do marido da gente, não sei quantos
times, esses times que falaram na TV. Não vão fazer a gente de burra”,
desabafa Rosangela.

A mulher do goleiro Danilo,
Letícia, esperava receber mais atenção da Chapecoense. “Eu pensei que
iam me tratar… não melhor, porque lá também deve estar uma loucura,
mas deveriam pensar mais em nós, nossos esposos estavam trabalhando para
eles. Às vezes têm várias perguntas e não têm respostas. Eu sei que
está difícil para eles, a vida deles vai continuar, vão montar outro
time. Mas acho que deveriam acolher a gente mais, esclarecer, tirar
todas as dúvidas”, disse. “Está tudo meio pendente, eu não tenho noção,
não sabe se foi pago ou não. A premiação, por exemplo, isso está
faltando, estou totalmente perdida. Eu tenho uma pessoa me auxiliando, o
empresário do Danilo está me ajudando, mas eu não entendo nada disso,
estou totalmente perdida”.

Blog do Julio Gomes: Chapecoense não é só vítima. Olho aberto para o futuro das famílias

Outro ponto de insatisfação é a respeito do pagamento da premiação da
Copa Sul-Americana. Rosangela Loureiro afirma que o clube se comprometeu
a pagar R$ 70 mil a cada família, mas que o valor combinado com os
jogadores no ano passado havia sido superior a esse. Ela diz ter provas
com anotações do marido. Outro ponto de divergência é que o clube
sugeriu fazer o pagamento de forma parcelada em três vezes. Mas elas
querem receber o valor à vista.

“Se nossos maridos
estivessem aqui, eles já teriam recebido. Mas eu entendo, mudou tudo lá,
todo mundo. Quem estava na diretoria, também faleceu. Não acho que eles
estejam esquecendo. A diretoria agora que vai começar a alinhar as
coisas. Até entendo, mas às vezes eles demoram muito para responder. Até
o final de janeiro espero resolver essa pendência que falta. Claro que
queria mais atenção, vou esperar essa reunião para ter todas as
soluções”, afirmou Susi, mulher de William Thiego.

Chape diz que faz de tudo pelas famílias

O vice-presidente do Chape, Ivan Tozzo, afirma que não vem medindo
esforços para ajudar as famílias. O clube criou uma conta específica
para as doações que já tem em caixa pouco um mais de R$ 200 mil. Assim
que o dinheiro total estiver em caixa, será dividido entre todas as
famílias das vítimas.

Ele próprio conversou
com Zico que se comprometeu a depositar o dinheiro do Jogo das Estrelas
em fevereiro, com valor que deve girar em torno de R$ 200 mil. No mesmo
mês, deve cair a renda do jogo de D’Alessandro.

 Em contato com o UOL Esporte,
Zico e o estafe de D’Alessandro confirmaram que o valor deve ser
depositado nos próximos dias porque questões burocráticas ainda estão
sendo resolvidas como os processos de auditoria e prestação de contas
das partidas. No caso do argentino, a renda destinada ao clube será de
R$ 41.724,03, o que representa ¼ da renda do amistoso que também teve
instituições filantrópicas como beneficiárias.

Já a diretoria do Sport confirmou que fez o depósito poucos dias após a
partida contra o Figueirense. O clube fez questão de doar o valor da
renda bruta e se responsabilizou pelos custos operacionais do jogo. A
Chapecoense confirmou o recebimento do valor de R$ 86 mil, que já está
na conta das doações.

As famílias ainda terão mais a
receber. O clube prometeu repassar às famílias 100% da renda do
amistoso entre Brasil e Colômbia, no Engenhão, e 50% da renda do
amistoso entre Chapecoense e Palmeiras, no próximo dia 21. Só não será
passado o valor total do jogo contra o time paulista porque o clube terá
custos operacionais para a realização da partida como iluminação e
arbitragem.

“Estamos fazendo tudo o que é possível
para as famílias. Centavo por centavo que recebermos vamos repassar para
todas as famílias, está tudo certo. No jogo contra o Palmeiras vou até
cobrar metade do ingresso do sócio para ter uma renda maior para as
famílias, normalmente eles não pagariam nada”, afirmou Tozzo.

“Fiquei muito chateado de ver gente falando besteira, pelo amor de
Deus. Vejo algumas mulheres agitando as outras do grupo. Como não
estamos dando atenção? Tudo o que fizemos, onde a Chapecoense errou? Me
apontem uma falha da Chapecoense. Beira a perfeição tudo o que fizemos,
até psicólogos oferecemos”, disse.

Tozzo disse ainda
que o clube não vai parcelar a premiação da Sul-Americana e que o valor
será quitado à vista ainda nos próximos dias

 

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