Uma piada compartilhada pelo secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, José Carlos Porsani, tem causado polêmica e constrangimento. O texto, divulgado em um grupo do aplicativo WhatsApp formado pelos envolvidos na Festiara, evento beneficente programado para o mês de agosto, em Araraquara, cita de modo preconceituoso os beneficiários do programa Bolsa-família.
Muitas pessoas que receberam o conteúdo mostraram-se indignadas, uma vez que a pasta comandada pelo secretário trata diretamente do desenvolvimento do programa na cidade, executando o cadastramento dos beneficiários. “Dele não esperávamos tamanho preconceito”, denunciou um membro do grupo que teve acesso à mensagem.
O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores publicou nota de repúdio à conduta do secretário. “O Partido dos Trabalhadores lamenta que um homem público, que trabalha com assistência social, difunda esse tipo de texto, que apenas reforça preconceitos e amplia fossos sociais. Concordar que beneficiários do programa Bolsa Família são “vagabundos” apenas revela uma visão de mundo com a qual o PT não concorda. O programa Bolsa Família já recebeu elogios no mundo todo, inclusive da ONU, porque é um dos programas que garantiu a exclusão do Brasil do mapa da fome no mundo.”, afirma em nota assinada pela deputada Márcia Lia, presidente da legenda em Araraquara.
A Prefeitura de Araraquara afirma que não se pronunciará sobre o assunto.
Procurado pela reportagem, José Carlos Porsani não negou a autoria da postagem e atribuiu a repercussão a um militante do PT. “Isso é uma brincadeira que me passaram. Respeito todo mundo e estou trabalhando, faço atendimento a todos da melhor maneira possível. Tem um elemento nesse grupo que é amigo do Edinho que passou isso pra frente, e não era pra fazer isso. Não tenho tempo pra ficar brincando no WhatsAapp”, disse Porsani.
A piada polêmica:
Abaixo, a transcrição da piada compartilhada pelo secretário José Porsani. Apesar das inúmeras possibilidades de interpretação, a mais óbvia é que sugerida no último parágrafo: a de que os beneficiários do programa, assim como sem-tetos, não trabalham:
“Um prédio de 4 andares foi totalmente destruído pelo fogo; um incêndio terrível. Todas as pessoas das 10 famílias de Sem-teto, que haviam invadido o 1º andar, faleceram no incêndio.
No 2º andar, todos os componentes das 12 famílias de retirantes, que viviam dos proventos da “Bolsa Família”, também não escaparam.
O 3º andar era ocupado por 4 famílias de ex-guerrilheiros, todos beneficiários de ações bem sucedidas contra o Governo, filiados a um ParTido politico influente, com altos cargos em estatais e empresas governamentais, que também faleceram.
No 4º andar viviam engenheiros, médicos, dentistas, advogados, professores, empresários, bancários, vendedores, comerciantes e trabalhadores com suas famílias. Todos escaparam.
Imediatamente a “Presidente da Nação” e toda a sua assessoria mandou instalar um inquérito para que o “Chefe do Corpo de Bombeiros” explicasse a morte dos “cumpanheiros” e por que somente os moradores, do 4º andar haviam escapado.
O Chefe dos Bombeiros respondeu:
– Eles não estavam em casa. Estavam trabalhando.”