O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A condenação é relativa ao processo que investigou a compra e a reforma de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. A sentença prevê que Lula poderá recorrer da decisão em liberdade.
Na decisão, Moro afirma que as reformas executadas no apartamento pela empresa OAS provam que o imóvel era destinado ao ex-presidente.
“Nem é necessário, por outro lado, depoimento de testemunhas para se concluir que reformas, como as descritas, não são, em sua maioria, reformas gerais destinadas a incrementar o valor do imóvel, mas sim reformas dirigidas a atender um cliente específico e que, servindo aos desejos do cliente, só fazem sentido, quando este cliente é o proprietário do imóvel", diz o juiz.
Segundo Moro, ficou provado nos autos que o presidente Lula e sua esposa eram os proprietários de fato do apartamento.
A divulgação da decisão de Moro provocou reações controversas. Enquanto adversários políticos comemoram a sentença em primeira instância, aliados criticam a condenação e acusam o juíz de “imparcialidade” e agir politicamente no caso.
Principal liderança do PT em Araraquara e bastante próximo ao ex-presidente, o prefeito Edinho Silva não se pronunciou ou fez comentários públicos sobre a decisão.
Ao contrário de Edinho, a deputada estadual Márcia Lia declarou em seu perfil nas redes sociais que “Lula é inocente”. No texto, a deputada classificou Sérgio Moro de ser parcial e tomar a decisão pelo “perigo eleitoral” que o ex-presidente representa.
“Um dia após a aprovação do fim dos direitos trabalhistas e da legalização de grilagem de terras, coisas que só favorecem grandes empresários, sai a condenação baseada na fala de pessoas, na visita a um apartamento que ele não gostou e um papel sem assinatura. Isso é uma ode ao poder das elites, um massacre da população mais carente, e a revanche de quem não suportara os trabalhadores sentados no mesmo avião e na mesma universidade que eles”, declarou Márcia Lia.
Outra militante local que se manifestou foi a vereadora Thainara Faria (PT). A parlamentar, que também é secretária de juventude do PT na macrorregião de Ribeirão Preto, declarou que a sentença é “definitivamente um ataque à democracia do nosso Brasil” e convocou a militância a ocupar as ruas em defesa ao ex-presidente. “O Brasil não pode aceitar uma condenação vinda de um processo viciado, sem provas, conduzido pelo Juiz Sérgio Moro, totalmente amparado por especulações e teorias vagas da mídia que apoiou o golpe. Devemos ocupar as ruas e nos manifestar contra todo e qualquer movimento que tente condenar o Presidente Lula em segunda instância”, disse.
