A incompatibilidade de ideias entre o alto comando do DAAE – Departamento Autônomo de Água e Esgoto, de Araraquara, e o gabinete do prefeito Edinho Silva (PT) foi determinante para a saída do engenheiro Wellington Cyro de Almeida Leite da superintendência da autarquia, no final de setembro.
Nesta quarta-feira (8), ao falar publicamente pela primeira vez sobre os motivos de sua demissão, Cyro deixou claro ao Jornal da Morada (AM/FM) que decisões no Departamento estavam sendo tomadas distantes de suas avaliações e que não concordava com algumas ações.
O engenheiro ressaltou ainda que, em determinados momentos, precisou deixar claro para membros do governo petista o seu descontentamento. “Houve conflitos de ideias, passando inclusive, a não ser eu o protagonista dessas decisões. O que eu achava uma coisa estranha que havia pouca conversa envolvendo a minha pessoa. Então foi quando eu passei a responder de maneira ríspida para alguns membros do governo”, disse o ex-superintendente, sem citar nomes de auxiliares de Edinho.
O ex-superintendente apontou ainda que, para continuar prestando serviço com saúde financeira, a Administração da Prefeitura precisa reassumir algumas atividades que foram transferidas para as responsabilidades do Departamento de Água e Esgoto, como limpeza de praças e jardins, por exemplo. “O DAAE, como autarquia, não pode assumir serviços que não são custeados. A população paga esse serviço no IPTU. Isso não tem nada a ver com serviço do DAAE e está tomando dinheiro da autarquia”, ressaltou o engenheiro.
“Eu não posso favorecer ninguém porque meu caráter não permite. Não posso, por exemplo, colocar uma empresa A ou empresa B em detrimento de outra que está prestando serviço de forma correta. Não chegaram a falar comigo, mas a gente percebe a movimentação”, disse o ex-superintendente ao ser questionado sobre a concentração de poder do prefeito e influência política no DAAE.
Polêmica dos hidrômetros
Após o início do governo petista a autarquia iniciou a substituição de hidrômetros alegando que os antigos estavam marcando uma quantidade de água muito abaixo do total consumido. Mas o contribuinte de Araraquara, que sentiu no bolso o peso do aumento na conta d’agua, não concordou com a diferença elevada no valor e passou a questionar e cobrar uma explicação técnica por parte do DAAE. Teve morador que apontou acréscimo de 300% ou mais na conta, sendo que a média de consumo continuava a mesma, segundo os reclamantes.
Prefeitura
No final de setembro, ao enviar nota à imprensa sobre a saída do engenheiro Cyro da Superintendência do DAAE, a Prefeitura disse que a decisão havia sido tomada em comum acordo, mas não deixou claro o motivo da troca de chefe da autarquia.