O presidente da Ferroviária, Carlos Salmazo, falou sobre o julgamento que resultou em uma multa de R$ 50 mil e a perda de três mandos de campo, pena que deve ser cumprida em partidas do Paulistão 2018. A diretoria afeana tem entrou com um recurso e espera reverter ou pelo menos amenizar a punição que se deu por conta dos fatos ocorridos no jogo de volta da final da Copa Paulista, no último dia 25 de novembro, no Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara. Na ocasião, a Locomotiva venceu a Inter de Limeira nos pênaltis por 7 a 6 após um empate por 2 a 2 no tempo regulamentar, e sagrou-se bicampeã do torneio.
“Fomos pegos de surpresa com o rigor do tribunal, embora a denúncia tenha sido pesada e legítima. Me dispus, inclusive, a acompanhar o doutor Denis Lima, que é o nosso gerente do departamento jurídico. Ele fez a sustentação oral da defesa. Em determinado momento ele pediu o meu testemunho. Não sei se é um fato inédito, mas é muito difícil um presidente de clube tomar assento na cadeira à frente dos auditores e do promotor desportivo que elaborou a denúncia. Mas eu fiz um relato do que a Ferroviária passa hoje, do tanto que estamos zelando e tentando cada vez mais tornar a Ferroviária um clube moderno e que proporciona às famílias comparecerem à Fonte Luminosa. Disse que foi um momento festivo, embora não se justifique. Fui tentar defender o que era muito difícil de defender”, contou Salmazo.
O mandatário afeano também explicou no julgamento que a Ferroviária tomou diversas precauções para evitar as infrações ocorridas no estádio. “Fiz um pronunciamento dentro do que observamos e dentro das medidas preventivas que tomamos, solicitando com antecedência para o batalhão da Polícia um contingente suficiente para o determinado número de público que teríamos no estádio. Percebemos que passaríamos de dez mil pessoas e, seguindo uma orientação da Polícia, contratamos uma empresa para fazer o vídeomonitoramento e temos um contrato com uma empresa terceirizada. Então todas as medidas preventivas foram feitas, inclusive nas redes sociais e também no auto-falante do estádio. Fizemos todas essas explanações, mas eles seguiram ao pé da letra, rigorosamente, ou seja, é absolutamente proibido sinalizadores, é absolutamente proibido invasão de campo e as duas coisas aconteceram. E fomos penalizados com o que já é de conhecimento público”, acrescentou.
Carlos Salmazo relata que todas as provas foram juntadas para que a punição possa ser revertida, mas evita fazer um prognóstico da decisão que definirá o desfecho do recurso. “Essa situação é muito delicada e muito difícil. Ocorreram coisas que realmente não podem. Temos diversos exemplos aí de clubes que foram penalizados pela mesma situação, embora eu ache que era uma comemoração e não sei quais seriam os antecedentes disso. Mas estamos juntando provas que a Justiça Desportiva exige para que o clube não sofra penalidades. Então a gente confia na Justiça Desportiva, porque fizemos o trabalho que deve ser feito, assim como fizemos também no julgamento. Não sei se posso dizer que estou otimista ou não, mas estou indo pela legalidade. Esperamos juntar condições para que isso seja amenizado”, salientou o presidente.
Salmazo destacou ainda o dano financeiro causado ao orçamento da equipe por conta da multa. Segundo ele, caso o recurso não tenha êxito, haverá outra tentativa de reverter o problema. “São situações que não se encerram ali. Poderemos recorrer a uma instância superior. Mas pensamos realmente em conseguir diminuir isso e chegarmos a uma situação em que a Ferroviária tenha o menor prejuízo possível. O prejuízo já foi dado, porque independente do mando, R$ 50 mil para nós faz muita diferença, pois nós contamos dinheiro para pagar as contas. Estamos fazendo tudo para amenizar as duas questões, que são a perda de mando e a multa pesada que tomamos”, afirmou.
Um fator que pode colaborar com a Ferroviária é o fato de existir provas de que as hostilidades citadas na súmula partiram de um único torcedor. “Essa é a defesa do doutor Dênis. Tem a identificação da ofensa, da hostilização proferida contra a arbitragem, contra o nosso co-irmão Inter e até, veja o absurdo, à diretoria da Federação Paulista de Futebol. Eles sentiram na pele essa hostilização. Mas conseguimos reunir as provas para que o clube não sofra as penalidades”, assegura.
Salmazo evitou falar sobre o caso de a pena não ser revertida. Caso isso ocorra, a Ferroviária teria duas alternativas para cumprir a punição. “Precisaríamos jogar a 70 quilômetros da cidade ou com portões fechados. Vamos estudar as possibilidades e fazer essa análise, mas não consigo responder agora, pois envolve futebol e outras coisas além da parte diretiva”, conclui o presidente.
A data para a análise do recurso ainda não foi agendada, mas deve ocorrer na próxima semana. A estreia da Ferroviária está marcada para o dia 17 de janeiro, contra o Red Bull no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas. Caso seja confirmada a punição, a Locomotiva faria apenas três jogos em Araraquara no Paulistão, já que a tabela prevê seis partidas como mandante. A equipe grená teria de atuar longe de Araraquara nas partidas contra Ituano (21 de janeiro), Botafogo (28 de janeiro) e Santos (10 de fevereiro). Vale salientar que o Santos é o único dos quatro grandes que a Ferroviária enfrentará como mandante neste Paulistão.