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Saúde estuda retirar grupo de risco da linha de frente

Secretária fala em “corrigir a rota” e afastar servidores acima de 60 anos das UPA’s e do SAMU após morte de servidor

A morte de João Aparecido Duarte, socorrista do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), após um diagnóstico de coronavírus fez com que a secretaria da Saúde de Araraquara promovesse uma reunião emergencial com o prefeito Edinho Silva (PT) para estudar a possibilidade de afastamento de todos os servidores com idade superior a 60 anos da linha de frente do setor.

O técnico em enfermagem ingressou no quadro de empregados públicos do Município em 1994 e atuava na linha de frente contra a Covid-19. De acordo com a secretária da Saúde, Eliana Honain, desde o início da pandemia, os servidores com mais de 70 anos foram afastados das funções para evitar o contágio durante a atividade profissional. Porém, muitos funcionários das três UPA’s e do SAMU, especialmente os que trabalham no período noturno, têm mais de 60 anos anos e, por isso, também são considerados grupo de risco.

Em entrevista ao Jornal da Morada (assista abaixo), Eliana fala em “corrigir a rota” e afastar esses profissionais. “A secretaria de Saúde, seguindo as orientações do Ministério da Saúde em relação à dispensa dos profissionais essenciais, fez aquilo que era recomendado”, disse. “Diante disso, nós vamos ver o que a gente consegue de imediato, pois o nosso papel é corrigir a rota”, afirmou.

Segundo Honain, o afastamento não foi feito à princípio pois isso provocaria um déficit de funcionários numa área estratégica. “Depois das UPA's e do SAMU, vamos avaliar a situação das unidades básicas”, completou a secretária.

 

Sindicato fala em descaso

Para o Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região (SISMAR), a morte de João Duarte era evitável. “Ele poderia estar afastado, como estão os servidores com estas condições que trabalham em outras secretarias. Mas a Justiça, a partir de argumentos da Prefeitura, negou o pedido do Ministério Público para afastar os servidores do grupo de risco da secretaria da Saúde”, afirma a entidade.

O SISMAR afirma que, no começo da pandemia, levantou todos os casos de servidores dos grupos de risco e encaminhou para o Ministério Público do Trabalho. “Foram mais de 40 dias de apuração de casos e o MPT ajuizou Ação Civil Pública, requerendo o afastamento de TODOS os servidores do Grupo de Risco, independente da Secretaria ou local de trabalho e que a prefeitura fizesse a contratação emergencial de substitutos não integrantes desse grupo”, explicou o sindicato. Porém, a Juíza da 3a. Vara do Trabalho negou a tutela de urgência. A ação segue e pode ainda ter decisão favorável, com novas informações que serão lançadas nos autos do processo.

“João Duarte morreu porque a Prefeitura não quis gastar dinheiro com contratação de profissionais da Saúde e porque a Justiça não considerou o risco real para a vida dos servidores em sua decisão”, completa o SISMAR.

 

Prefeitura decreta luto oficial pela morte de servidor

O prefeito Edinho Silva decretou luto oficial nesta quarta-feira (12) em decorrência da morte do servidor municipal João Aparecido Duarte. O decreto nº 12.339 de 12 de agosto de 12 de agosto de 2020, será publicado nos atos oficiais do município desta quinta-feira.

João, conforme já afirmado, é o primeiro profissional da Saúde, e também o primeiro empregado público municipal de Araraquara, que vem a óbito por conta do coronavírus.

"João perdeu a vida enfrentando a doença e cuidando das vidas da população de Araraquara, sendo, portanto, uma perda irreparável para a Saúde do Município. Em nome da Prefeitura de Araraquara, de todos aqueles que se dedicam diariamente à construção da saúde e que prestam serviços públicos a nossa população, deixo aqui meus mais sinceros sentimentos de pesar aos seus familiares e amigos. Desejo muita força e fé neste momento muito difícil", ressalta Edinho. "Toda a gratidão da população de Araraquara pela belíssima tarefa desempenhada durante tanto tempo: salvar vidas", finaliza o prefeito.

 

Suspeita de reinfecção

O Serviço Especial de Saúde (SESA) de Araraquara investiga se o diagnóstico de covid-19 do técnico de enfermagem configura um caso de reinfecção por coronavírus. Ele teve diagnóstico positivo em abril, com sintomas leves da doença. Ao apresentar sintomas fortes no final do mês passado, ele fez um novo teste que confirmou a infecção por coronavírus novamente.

De acordo com o Dr. Walter Figueiredo, diretor do SESA, o paciente foi submetido nas duas ocasiões aos testes Pcr, onde são observadas as partículas virais no material genético. Os dois testes positivaram. “É uma doença nova, estamos dependendo de uma série de observações clínicas. Existem relatos dessa possibilidade, e tudo precisa ser investigado, como o sequenciamento viral desta reinfecção”, diz.

Ainda de acordo com o dr. Walter Figueiredo, é preciso saber em que condições ocorreu a reinfecção, com a realização de procedimentos referências e pesquisas. “Teoricamente, a pessoa está positivada em dois momentos. Será que esse vírus pode ter mudado? Todas as pessoas adquirem anticorpos? Neste caso, tudo isso terá que ser investigado. Pode ser mutação, pode ser uma reativação do vírus.”, avaliou.

 

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