InícioEntretenimentoElvira: Renascendo das cicatrizes

Elvira: Renascendo das cicatrizes

A mãe guerreira de hoje recomeçou a vida após um relacionamento abusivo

Três filhos e uma vida inteira pela frente: seria essa a história de Elvira, se não fosse agredida centenas de vezes pelo marido.

A infância das crianças foi marcada pelas surras e pela traição do pai. Há 40 anos, sem profissão, Elvira aceitou a situação. O mercado de trabalho ainda não estava tão aberto às mulheres.
As crianças cresceram, a mãe se dedicou o quanto pode a educação dos três. Ela não queria que nada faltasse aos filhos.

Novamente, em 1997, Elvira é traída. Os filhos adultos se reunem com a mãe para dizer: "Separa. Nós estamos com você".
A traição culminou em pensão, que seu marido não pagou por muito tempo. Lidiana, a filha, estava ao lado da mãe para suprir suas necessidades.

Enquanto Elvira tentava reconstruir sua vida, o pai de seus filhos, com outra família, teve uma depressão severa. Em quatro anos, a resiliente Elvira aceitou que ele voltasse para casa, a pedido de seu filho caçula, que estava preocupado com o estado de saúde do pai. O maternar daquela mulher tão ferida falou mais alto naquele momento.

Bastava um período de melhora para que o marido voltasse a decepcionar. Algumas brigas terminavam em violência, onde Elvira quase era esfaqueada.
Ninguém esperava que, numa madrugada do mês de outubro, o marido planejaria tirar a vida de Elvira e depois se suicidar.

O plano não deu certo. Era o primeiro dia de trabalho dela, que insistia em recomeçar sua vida. O marido se suicidou, no quintal da casa da avó de seus filhos. Uma cena que filho nenhum queria ter visto. Uma história de 25 anos de violência terminava ali.
Tanta dor, raiva e decepção estavam fazendo mal a Elvira, sobrevivente de um relacionamento abusivo. Ela estava perdendo a visão, mas conseguiu se recuperar.

A humilhação parecia não ter fim. No papel, Elvira ainda era casada e a amante do ex-marido já havia conseguido boa parte do valor da pensão. Coube a ela míseros 122 reais. Por dois anos, os filhos seguraram a barra, até que ela recuperasse o direito ao valor integral.
No meio de tantas tempestades, dona Elvira, já passando dos 60 anos, estava sozinha. A filha Lidiana torcia para que a mãe pudesse conhecer um homem que a amasse de verdade. Aconteceu o inacreditável.

Início de 2020. Um senhor bate no portão e se apresenta: era o Zé, o primeiro amor de dona Elvira. Há 50 anos, ele era seu noivo, mas foi "intimado" pelos então cunhados que, se não retornasse de São Paulo com um emprego, o casamento não aconteceria. Deram o prazo de 6 meses. Zé pegou o trem, foi embora e não conseguiu voltar a tempo.
Com o coração dolorido, Elvira foi obrigada a terminar o relacionamento e devolver a aliança por carta.

Zé, um senhor decidido, viúvo, conseguiu descobrir onde Elvira morava. Recomeçaram a história de amor. Hoje, ela sabe que é amada.

Dona Elvira, em tantos anos, suportou agressões, sofreu um aborto, calou-se diante das traições.
A guerreira suportou tudo por ser mãe.

 

De segunda a sexta, uma história por dia na programação da Rádio Cultura durante o mês das mães. Saiba mais sobre a história da dona Elvira e de sua filha Lidi no nosso programete especial: https://bit.ly/3b0XTY0

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