O Brasil acaba de conquistar mais um título internacional. O Sítio Roberto Burle Marx (SRBM), localizado na capital fluminense, é o 23º monumento brasileiro a ingressar na seleta lista de Patrimônio Mundial. Esse título representa o reconhecimento do valor excepcional do Sítio para a cultura de toda a humanidade. A decisão foi confirmada pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que se reúne em Fuzhou, na China.
O Sítio foi classificado na categoria Paisagem Cultural, que reconhece bens que possibilitam a interação entre o ambiente natural e as atividades humanas, resultando em uma paisagem natural modificada. A Unesco é o organismo das Nações Unidas (ONU) responsável por propor e promover a identificação, proteção e preservação do patrimônio cultural e natural em todo o mundo.
O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, ressalta que o Sítio é a maior e mais importante obra de Burle Marx; laboratório de experimentações botânicas e paisagísticas. O artista brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes do século XX e a quem é atribuída a criação do conceito de jardim tropical moderno.
“O reconhecimento do espaço como Patrimônio Cultural Mundial consagra a extraordinária obra de Burle Marx e reforça o trabalho do Brasil pela valorização da sua flora tropical, estabelecendo o compromisso de manter os valores excepcionais que tornam o Sítio um lugar tão especial para todo mundo”, destaca Machado Neto.
Ao longo de 20 anos, o SRBM foi a casa do artista brasileiro que, em 1985, doou o espaço ao governo federal com o objetivo de assegurar a continuidade de pesquisas e experimentações botânicas e paisagísticas ali realizadas, bem como o compartilhamento do espaço com a sociedade.
Localizado na Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), o local contém as coleções de plantas tropicais e semitropicais de Burle Marx. São mais de 3.500 espécies convivendo em harmonia com a mata atlântica nativa. Também reúne cerca de 3.000 obras de arte, que incluem itens do período pré-colombiano à arte moderna, inclusive, composições do próprio artista nas áreas de pintura, desenho, escultura, cerâmica, tapeçaria, litografia e design.
Atualmente, o Sítio Roberto Burle Marx está sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia que integra a estrutura da Secretaria Especial da Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo.
“Para nós, brasileiros, é motivo de grande alegria e orgulho a inscrição do Sítio Roberto Burle Marx como Patrimônio Mundial da Unesco; um testemunho vivo da história e identidade do nosso país”, destaca o secretário Especial da Cultura, Mário Frias.
Em uma área de 405 mil metros quadrados, o SRBM reúne edificações, lagos, jardins, coleções de arte, biblioteca, além de proporcionar a difusão de importantes ideias sobre coleção botânica, paisagismo, design de jardins, horticultura, preservação arquitetônica, planejamento urbano e diálogo entre natureza e arte.
A presidente do Iphan, Larissa Peixoto, pontua que a chancela da Unesco em reconhecimento ao valor excepcional do Sítio cria o compromisso internacional de preservação do local. “Temos a missão de preservar para as futuras gerações este espaço de aprendizado e de fomento ao conhecimento sobre natureza, paisagismo, arte e botânica”, declara a presidente do Iphan.
Por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu cerca de R$ 5,4 milhões na requalificação de espaços de visitação, medidas de acessibilidade, ampliação do acesso público e potencialização de ações de pesquisa no Sítio. O projeto foi concluído em fevereiro deste ano e é fruto de uma parceria firmada entre o Iphan e a Associação Intermuseus, que é uma instituição civil sem fins lucrativos.
CANDIDATURA – O processo de construção da candidatura do Sítio Roberto Burle Marx como Patrimônio Cultural Mundial teve início ainda em 2015, sendo que o dossiê final foi entregue pelo Iphan à Unesco em 2019. O documento defendeu o valor da propriedade como laboratório botânico e paisagístico.
“O Sítio Roberto Burle Marx é certamente uma obra de arte, onde as paisagens são o elemento de maior destaque, ligando todo o conjunto com a sua poderosa personalidade”, resume a diretora do SRBM, Claudia Storino.
Anualmente, o Comitê do Patrimônio Mundial se reúne e avalia a inclusão de bens apresentados por países como candidatos a ingressar na lista de patrimônios mundiais. Entre os 22 bens brasileiros que já haviam sido inscritos na lista do Patrimônio Mundial estão duas obras que contaram com a participação de Burle Marx: Rio de Janeiro: Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar” e o “Conjunto Moderno da Pampulha”.
Por Amanda Costa*
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo
*Com informações do Iphan