Em meio às especulações sobre a desistência de participar da disputa presidencial em outubro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou na tarde desta quinta-feira (31), em cerimônia no Palácio Bandeirantes, que deixará o cargo para se apresentar “como uma alternativa para o Brasil” e disputar a presidência da república pelo PSDB.
Com a presença de secretários, deputados e do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, Doria transmitiu o cargo a vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que deverá disputar a reeleição em outubro. O movimento, acertado no início da gestão, exigiu a mudança partidária de Garcia, que saiu do DEM depois de 27 anos para assumir o posto e disputar a reeleição, enquanto Doria disputou e venceu Eduardo Leite, governado do Rio Grande do Sul, nas prévias partidárias. Apesar das especulações, Doria voltou a afirmar que participará da disputa presidencial pelo PSDB, enquanto uma ala do partido, liderada pelo mineiro Aécio Neves, tenta frear o ímpeto do paulista e emplacar o ex-governador gaúcho, Eduardo Leite.
Na noite desta quarta-feira (30), Doria teria comunicado ao vice a intenção de desistir da disputa presidencial e cumprir o mandato de governador até 31 de dezembro. Mesmo sinalizando que não teria intenção de disputar a reeleição ao Palácio Bandeirantes, a decisão provocou uma crise na base governista e abalou o PSDB, que governa São Paulo há 28 anos. Lideranças como José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se mobilizaram para demover Doria da decisão e, pelo menos temporariamente, conseguiram fazer com que mantivesse o plano e se desincompatibilizasse da função, com o discurso de que sua candidatura poderá furar a polarização entre o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Lula (PT), que lideram as pesquisas eleitorais.
João Doria se lançou na política em 2016, quando disputou as eleições para a prefeitura de São Paulo e venceu ainda no primeiro turno. No início de 2018, renunciou ao cargo para tentar suceder a Geraldo Alckmin, seu padrinho político, no cargo de governador. Apesar da disputa mais acirrada dos últimos 20 anos, Doria derrotou Márcio França (PSB) e, desde então, tenta viabilizar uma candidatura presidencial.
Doria declarou que “cumpriu sua obrigação em São Paulo” e elencou obras e realizações do seu governo, iniciado em 2019. Antes dos discursos, um vídeo destacou as ações do governo durante a pandemia, especialmente a aquisição da vacina Coronavac, em parceria com Butantã, responsável pelo início da vacinação no Brasil, em janeiro de 2021.