O advogado Ariovaldo Moreira, que defende Walter Delgatti Neto, o “hacker de Araraquara”, falou com exclusividade ao Jornal da Morada sobre o descumprimento das regras da liberdade provisória que resultou numa nova prisão do seu cliente. Delgatti, responsável pelo vazamento de informações que ficou conhecido como “Vaza Jato”, foi preso novamente nesta quarta-feira (28) pela Polícia Federal e levado para a Superintendência da PF, em São Paulo. A prisão foi ratificada pelo Justiça em audiência de custódia.
O motivo que o levou à prisão novamente é o descumprimento de medidas cautelares. Entre as restrições determinadas pelo juiz estava a impossibilidade de acessar a rede mundial de computadores (internet). No entanto, ele deu entrevistas e deixou claro que estava cuidando da rede social da deputada federal do PL, Carla Zambelli, na ocasião em que foram flagrados juntos, em Brasília, em agosto do ano passado, próximo ao período eleitoral, ocasião em que teria se reunido no Palácio da Alvorada com o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). “A própria deputada confirmou essa informação em entrevistas e ele [Delgatti] assumiu em depoimento que prestou serviços à deputada”, disse Ariovaldo.
O advogado, no entanto, explicou que Delgatti não foi contratado para atuar no mandato da parlamentar, nem teve os serviços associados à campanha dela ou do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Com isso, ele infringiu as medidas aplicadas. Na defesa, eu tentei justificar que esse trabalho é pela necessidade de subsistência. Em que pese eu não ter concordado com a aproximação dele com Zambelli ou com o ex-presidente Bolsonaro, mas ele, que deve pensão alimentícia, afirmou que precisava trabalhar e que o trabalho dele exige acesso á internet”, disse. “Atualmente, ele não trabalha mais com a Zambelli, nem tem vínculo com Bolsonaro. Depois da eleição e da divulgação por parte da mídia, Delgatti foi abandonado por eles”, completou, reafirmando que o hacker conversou algumas vezes com o ex-presidente. A remuneração pelos serviços, segundo o advogado, era de responsabilidade pessoal da própria deputada, de maneira informal.
Confira a entrevista completa:
Operação Spoofing
Delgatti havia sido preso durante a Operação Spoofing, em julho de 2019. Na ocasião, ele foi apontado como o responsável por um esquema de acesso ilegal às contas do aplicativo de mensagens Telegram de autoridades políticas e do judiciário. As mensagens interceptadas por ele mostraram as articulações do ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil, com os representantes do Ministério Público Federal responsáveis pelas investigações da operação Lava Jato. A troca de mensagens foi divulgada pelo jornal The Intercept e fundamentou os recursos que culminaram na declaração de parcialidade do ex-juiz.
Delgatti ganhou o direito de responder em liberdade sob uma série de condições, como restrição ao acesso à internet. Em agosto do ano ele voltou ao noticiário político quando se encontrou com a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O encontro foi intermediado pela deputada federal Carla Zambelli, aliada de Bolsonaro. O hacker teria estado, inclusive, no Palácio da Alvorada, em Brasília.