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Araraquara retoma desfile de carnaval no CEAR

Desfile será realizado no sábado (22), a partir das 20h, e terá quatro temas

 

O retorno do desfile de rua é um dos destaques do Carnaval da Paz e Cidadania 2020 e traz como tema “A história é a raiz de um povo, vai ter escolas na rua de novo”. A Passarela do Samba vai sacudir novamente os sambistas da cidade no sábado, 22 de fevereiro, a partir das 20 horas. A Prefeitura de Araraquara por meio da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, com o apoio das demais secretarias, dá vida ao desfile realizado pela LESEC, a Liga das Escolas de Samba e Entidades Carnavalescas de Araraquara.

Para marcar a retomada da celebração do desfile carnavalesco, a LESEC propõe uma apresentação onde a arte e a cultura buscam traduzir questões importantes do cotidiano da sociedade, do convívio social. Assim, o desfile será dividido em quatro temas distintos, mas que, ao mesmo tempo, se misturam e complementam: “Igualdade e Cidadania”, “Aracoara: terra de todos”, “Amor vencendo o ódio” e “Natureza e Sustentabilidade”.

Todos os temas serão apresentados no sábado, sequencialmente, com apenas um intervalo técnico entre as apresentações realizadas pelos sambistas e foliões da cidade, muitos oriundos das escolas de samba. A Presidente da LESEC, Valéria Amaral, conta que os temas serão representados numa narrativa comum: o equilíbrio e a harmonia nas relações que estabelecidas, seja com a diversidade cultural que marca nossa sociedade, seja com a diversidade natural do planeta. “Nossa convivência social só se dará de forma respeitosa, pacífica e justa e houver equilíbrio nestas relações”, argumenta.

Cada um dos temas contará com um mínimo de 120 integrantes.

 

Confira os temas do desfile de rua 2020:

 

"Igualdade e Cidadania" – O desfile terá uma abordagem a partir da questão da religiosidade, com destaque para a crença das religiões de matrizes africanas que foram incorporadas na cultura brasileira desde há muito, quando os primeiros escravizados desembarcaram no país e encontraram em sua religiosidade uma forma de preservar suas tradições, idiomas, conhecimentos e valores trazidos da África.

Ao destacar a religiosidade da população dialogando especificamente com essas religiões, suas divindades e crenças, também se dialogará com a questão do racismo, refletido diretamente nos ataques e preconceitos que ainda são comuns no Brasil contra terreiros e praticantes dessas religiões. Lembrando que a ignorância com relação a essas culturas gera um ambiente propício para intolerância, resultando em sofrimento aos praticantes e a todos aqueles que fazem parte da população negra, que tem o seu direito de pertença e identidade racial muitas vezes negado em função do racismo.

A complexidade desta situação será representada na avenida numa grande homenagem a divindade de Exú – o mensageiro dos orixás.

 

"Aracoara: terra de todos" – O tema será trabalhado a partir daquilo que Araraquara tem de melhor: a sua gente. Embora a cidade tenha filhos e filhas de talento, valor e notoriedade nacional (alguns até mesmo internacional), a proposta é prestar uma homenagem ao povo simples, trabalhador, anônimo muitas vezes – mas que no esforço do dia a dia dá sua contribuição valorosa para o desenvolvimento da cidade.

O Sol será um dos destaques e ganhará evidência em uma das alas, onde a palavra “calor” será retratada como sinônimo de acolhimento e hospitalidade. O aspecto geracional será retratado em celebração aos idosos e crianças, entrelaçando passado, presente e futuro numa visão otimista e alegre sobre os rumos de Araraquara. Aliás, devido a sua relação muito especial com a Arte – a cidade tem registrados períodos de extremo fervor cultural – ganha notoriedade na Passarela do samba. Neste tema também será apresentada a relação humana com o mundo animal, reconhecendo e valorizando os animais como integrantes do ambiente familiar, onde amor e carinho são sentimentos naturais nessa relação.

Uma cidade formada por povo trabalhador, que respeita suas crianças e seus idosos e que convive de forma saudável e harmoniosa com os animais é a “terra de todos” que será exaltada na avenida.

 

"Amor vencendo o ódio" – A solidariedade dos araraquarenses àqueles que sobreviveram às grandes tragédias no país que vitimizaram milhares de vidas também será manifestada na Passarela do Samba, denunciando a impunidade dos responsáveis.

Cinco grandes tragédias impunes – que poderiam ter sido evitadas por meio de prevenção – serão destacadas: o rompimento da barragem de Brumadinho, o incêndio no centro de treinamento do Flamengo, o incêndio Museu Nacional (2018), as queimadas na Amazônia e o vazamento de óleo no nordeste brasileiro. O desfile parte do pressuposto de que Justiça é um conceito fundamental para o convívio harmonioso em sociedade e, assim, propõe a reflexão de que a falta de punição contra tragédias provocadas pela ação humana é sinônimo da falta de amor, com esta impunidade contribuindo para o acirramento do ódio, da violência.

Defender e valorizar o sentimento de “solidariedade” não apenas diante de circunstâncias trágicas, mas como prática cotidiana, é a linha chave do espetáculo.

 

"Natureza e Sustentabilidade" – O tema traz à tona denúncias importantes, como a questão indígena e os recursos naturais. A exploração da população de índios no Brasil desde a colonização, assim como a violência praticada nos dias atuais, ganha destaque no desfile. A exploração das riquezas naturais brasileiras, num modelo marcado pela ganância, também tem visibilidade com o cultivo da cana, explorando temas que permeiam escravidão, racismo e resistência do povo negro.

Equilíbrio é a palavra chave na mensagem que será traduzida na Passarela do Samba, buscando ressaltar a ideia de que é possível explorar os recursos naturais sem haver prejuízo para a qualidade de vida da população atual e próximas gerações.

 

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