O Jornal da Morada realizou, na última quarta-feira (10), uma entrevista exclusiva com o ex-presidente Lula. Durante cerca de uma hora, Lula respondeu aos questionamentos do jornalista José Carlos Magdalena e demais membros da equipe e falou sobre as denúncias de corrupção que atingiram os governos petistas entre 2003 e 2016, as condenações pela Lava Jato e a situação política do país.
Abaixo, você confere trechos dos principais assuntos discutidos, assim como o link para assistir à entrevista na íntegra:
Corrupção
“A corrupção no Brasil é endêmica e eu tenho orgulho de dizer que nunca teve na história do Brasil um presidente que criasse tantos mecanismos de proteção à corrupção, fortalecesse tanto a Polícia Federal, que criasse tanta autonomia para o Ministério Público e que adotasse, inclusive, mecanismos com a Controladoria Geral da União, com status de ministério e tendo a liberdade de criar em cada ministério uma extensão de auditoria”.
Zé Dirceu e o mensalão
“Aquela história de 300 deputados comprados, ninguém foi acusado. A acusação se deu porque se cunhou uma coisa chamada teoria do domínio do fato […] E já se sabe quem você tem que condenar. […] O Zé Dirceu chegou a ponto de quase não sair na rua tamanha a acusação contra ele. […] EU até hoje não me conformo com uma condenação e um massacre feito pelos meios de comunicação em cima de companheiros que podem ter cometido um creio e se cometeu ele paga. O Zé Dirceu já pagou. O Zé Dirceu já pegou não sei quantos anos de cadeia, ou seja, ele tá pagando os erros que cometeu”.
O “Centrão”
“Eu não tenho prova que eles são ladrão (sic). Eu tenho prova que eles foram eleitos para serem deputados federais e eleitos para serem senador. E é com isso que nós convivemos. […] Não existe milagre em política. Antes de falar mal de deputados, tem que cobrar quem votou neles. Essas pessoas foram eleitas”.
Belo Monte e o consórcio de empresas
“Há uma lei de licitação no país que existe até hoje e não foi mudada. Você não vê o Ministério Público fazer nenhuma crítica ali. Foram muitas e muitas reuniões. […] O PT não recebeu (dinheiro dessas empresas). Todos os partidos políticos, todos, se financiavam pedindo dinheiro para empresa na história do Brasil. Foi o PT que propôs acabar com o dinheiro privado para que a gente passasse a ter dinheiro público porque acho a forma mais honesta na forma de fazer campanha”.
Crítica de ex-ministro divulgada por jornalista
“Você está se referindo a um gagá chamado Noblat (jornalista Ricardo Noblat). […] Isso é coisa que um canalha como o Noblat publicou ontem. É bem possível que tenha alguém no PT que tenha dito que estou estranho. Tem gente que queria que eu aceitasse um acordo na cadeia para ir pra casa com tornozeleira. Caráter e dignidade a gente não compra em shopping em Araraquara, nem no aeroporto nem compra em free shop. Isso a gente tem e a gente adquire com o tempo de convivência. Eu tenho consciência da minha honestidade e não tenho da do Moro. Eu tenho consciência da minha lisura e não tenho da do Dellagnol. Eu tenho consciência da minha inocência e não tenho da Polícia Federal que estava investigando o meu caso".
Ciro Gomes e uma frente ampla sem o PT
“Por que o PT tem que se juntar com o Ciro? Se o Ciro quiser fazer uma campanha para conquistar a democracia, fazer o impeachment do Bolsonaro e depois cada um disputar a eleição, seria ótimo. Eu tive amizade com o Ciro, ele foi meu ministro e devo gratidão à ele, mas não sou obrigado a concordar com essa loucura dele”.
Economia e Bolsonaro
“Nós temos um governo que não cuida da economia, que não cuida da pandemia, que não cuida do emprego, que não cuida do salário e não está sequer distribuindo os R$ 600 que foram aprovados e agora está falando que vai diminuir pra R$ 300. Não existe possibilidade de nenhum país do mundo crescer se você aumenta o empobrecimento do país. […] O Bolsonaro precisa parar de ser cão vira-lata balançando o rabo pro Trump”.
Obras em Cuba e Venezuela
“As pessoas que pensam que quando o Brasil exporta serviço está favorecendo outro país, dando dinheiro pra outro país, é resultado da despolitização do Brasil. Quando um país como o Brasil financia um investimento de alguma coisa em algum país do mundo, o Brasil está exportando engenharia, o Brasil está exportando máquina. […] Isso é uma coisa muito importante para o Brasil”.
Assista a entrevista na íntegra:
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