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Brasileirão 2015 teve recorde negativo com 32 trocas de técnicos

Campeão com sobras, o Corinthians foi o único dos 20 times da Série A que manteve o técnico no comando

A vida de treinador de futebol no Brasil não continua fácil, mesmo na elite do futebol brasileiro. O Campeonato Brasileiro se encerrou no início de dezembro com número não muito animadores para os treinadores. Em 38 rodadas, o Brasileirão de 2015 bateu um recorde negativo desde que a competição foi “enxugada” e passou a ser disputada por 20 clubes. Foram 32 troca de técnicos, superando a edição de 2010, com 31 trocas.

O número de demissões só não foi maior do que em 2003 – primeira edição dos pontos corridos – 2004 e 2005. Em 2003 e 2004, quando 24 clubes se enfrentavam em 46 rodadas, houve 41 e 40 trocas de treinadores, respectivamente. Com 22 clubes duelando em 42 rodadas, a edição de 2005 contou com 35 mudanças de comando.

O último a ser “vítima” da dança das cadeiras no Brasileirão deste ano foi Oswaldo de Oliveira. O técnico, que começou a competição no comando do Palmeiras e até começou bem no Flamengo, não suportou a série de sete partidas sem vitórias e foi demitido do Rubro Negro, que, mais tarde, anunciou Muricy Ramalho para comandar o clube em 2016.

O sobrevivente

Apenas Tite, coincidentemente campeão com o Corinthians com três rodadas de antecedência, está em seu cargo desde o começo do Brasileirão. Não é por menos. Após deixar o clube no final de 2013, o treinador foi se reciclar na Europa e, com mais conhecimento na bagagem, foi o grande responsável pelo sexto título brasileiro do Corinthians, o seu segundo à frente do Timão.

Campeão de quase tudo com o Corinthians em sua passagem anterior – Brasileiro, da Libertadores, Paulista, Recopa e Mundial – Tite conseguiu, dentre os seus maiores feitos nesta temporada – reerguer o time após uma eliminação inesperada e, até certo ponto, vexatória na Libertadores, para o modesto Guarani, do Paraguai, e, além disso, remontar a equipe após a perda de várias peças fundamentais para seu esquema, como o lateral-esquerdo Fábio Santos, o volante Petros e os atacantes Émerson Sheik e Paolo Guerrero.

Com inteligência e muito treinamento, Tite teve êxito em conseguir recuperar alguns jogadores que pareciam que não iam ter sucesso no Corinthians, deu confiança a quem estava encostado, como o atacante Vágner Love, e montou o meio de campo mais forte e talentoso do Brasil, com Ralf, Elias, Jádson e Renato Augusto. Resultado: título com merecimento e cargo mantido, ao menos até o começo de 2016.

O que mais trocou

O grande “vilão” dos técnicos em 2015 foi o Goiás. O clube Esmeraldino trocou quatro vezes de comando no Campeonato Brasileiro e, mesmo assim, ou, justamente em razão disso, não escapou da queda ao terminar na penúltima colocação, à frente apenas do Joinville, e vai disputar a Série B em 2016.

Hélio dos Anjos, Julinho Camargo, Arthur Neto e Danny Sérgio tiveram o difícil desafio de treinar o clube goiano no nacional. Além deles, os interinos Augusto César e Wanderley Filho também dirigiram a equipe.

Trocas de sucesso

Das incríveis 32 trocas de treinadores dentro do Brasileirão, ao menos quatro podem ser consideradas necessárias e bem sucedidas: a chegada de Marcelo Oliveira para substituir Oswaldo no Palmeiras, do retorno de Dorival Júnior no comando do Santos deixado por Marcelo Fernandes, de Roger Machado no lugar de Felipão no Grêmio e Mano Menezes na vaga de Luxemburgo no Cruzeiro.

Dentre eles, a de mais sucesso foi, sem dúvida, a escolha do Grêmio. Identificado com o Grêmio, clube pelo qual foi campeão da Libertadores como jogador, Roger Machado foi escolhido para substituir Felipão e “apagar o fogo” no Tricolor Gaúcho. Com a política de austeridade, a diretoria do Grêmio não podia ter feito melhor negócio.

Adorado pelo elenco gremista, o treinador reconstruiu a equipe com praticamente as mesmas peças que Felipão tinha e transformou o Grêmio na principal surpresa da competição. Elogiado pelo padrão de jogo consistente e o contra-ataque veloz, o time gaúcho terminou na 3ª colocação e garantiu sua vaga na Libertadores de 2016.

Quem também se deu trocando o comandante foi o Palmeiras. Irregular, Oswaldo de Oliveira saiu para a entrada de Marcelo, que começou muito bem no comando alviverde, engatando sete jogos sem derrotas, depois passou por um período turbulento com a lesão do volante Gabriel, mas, no fim da temporada foi coroado com a conquista da Copa do Brasil, competição da qual havia sido vice-campeão em três oportunidades.

No Cruzeiro, a mudança de treinador refletiu ainda mais rapidamente. Visivelmente fora de sintonia com o grupo, Vanderlei Luxemburgo saiu para dar lugar a Mano Menezes. O treinador gaúcho conseguiu fazer a equipe celeste, que antes era facilmente batida, ficar invicta por 13 jogos e, por pouco, não conseguiu beliscar uma vaga na Libertadores. Willian “Bigode”, atacante essencial para conquista do Brasileirão de 2014, foi o grande destaque da ascensão cruzeirense capitaneada por Mano Menezes.

Por fim, apesar de perder o título da Copa do Brasil para o Palmeiras, Dorival Júnior tem muito o que comemorar no comando do Santos. O técnico, que estava sem clube justamente depois de ser demitido do Alviverde no final da temporada passada, mostrou mais uma vez que sabe trabalhar com os jovens, como o lateral Zeca e o volante Thiago Maia, que estavam de saída quando Dorival chegou, e fez com que o Peixe exibisse o melhor futebol do Brasil em dado momento.

Técnico recordista

Depois de levar o Vasco de volta ao caminhos das conquistas ao faturar o Campeonato Carioca, o técnico Doriva não imaginava que iria rodar por tantos clubes em 2015. Além do Cruz Maltino, time que treinou apenas no início do Brasileirão, Doriva passou por Ponte Preta e São Paulo.

Seduzido pela proposta do São Paulo, clube pelo qual atuou quando jogador, Doriva “fugiu” da Ponte Preta para assumir o clube do Morumbi. No entanto, o treinador, que fazia um trabalho surpreendente com a Ponte Preta, com seis vitórias, cinco empates e quatro derrotas em 15 jogos, entre Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana, deve ter se arrependido posteriormente, já que foi demitido do Tricolor após sete partidas.

Na curta passagem pelo Tricolor, que durou um mês, Doriva acumulou duas derrotas para o Santos nas semifinais na Copa do Brasil que culminou na eliminação da equipe da competição e venceu apenas duas partidas no Brasileirão. Com dois clubes comandados na competição nacional, Argel Fucks, Cristóvão Borges, Eduardo Baptista, Guto Ferreira, Oswaldo de Oliveira e Vanderlei Luxemburgo aparecem na estatística depois de Doriva.

FPF veta dança das cadeiras

Uma das principais mudanças promovidas pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para as Séries A1, A2 e A3 do Campeonato Paulista vem justamente para coibir a troca de técnicos. Além da possibilidade de cair seis times e subir dois da Série A2, ficou definido que um treinador não poderá treinar duas equipes durante a competição, o que inibe, assim, a “dança das cadeiras”, ao menos no futebol paulista em 2016.

Por exemplo, não será permitido que um técnico seja demitido de um time do torneio e assuma outra equipe dentro da competição. Para que uma mudança de comando seja autorizada, será necessário um acordo com o técnico demitido e a posterior homologação na Federação Paulista.

Além disso, o clube que demitir treinador só poderá contratar outro se comprovar ter pago a rescisão com o profissional dispensado. Se o treinador tomar a iniciativa de sair, será ele que terá de pagar a multa rescisória, quando houver.

Confira o número de trocas nos últimos 10 anos na Série A:

2006: 28 trocas
2007: 24 trocas
2008: 27 trocas
2009: 23 trocas
2010: 31 trocas
2011: 22 trocas
2012: 20 trocas (menor marca – 0,53 por rodada)
2013: 24 trocas
2014: 23 trocas
2015: 32 trocas (em 36 rodadas – 0,88 por rodada)

Os técnicos dos 20 clubes no Brasileirão de 2015:

Atlético-MG: Levir Culpi e Diogo Giacomini
Atlético-PR: Milton Mendes e Sérgio Vieira
Avaí: Gilson Kleina e Raul Cabral
Chapecoense: Vinícius Eutrópio e Guto Ferreira
Coritiba: Marquinhos Santos, Ney Franco e Pachequinho
Cruzeiro: Marcelo Oliveira, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes
Figueirense: Argel, Renê Simões e Hudson Coutinho
Flamengo: Luxemburgo, Cristóvão Borges, Oswaldo de Oliveira e Jayme de Almeida (interino)
Fluminense: Ricardo Drubscky, Enderson Moreira e Eduardo Baptista
Goiás: Hélio dos Anjos, Julinho Camargo, Arthur Neto e Danny Sérgio
Grêmio: Felipão e Roger Machado
Internacional: Diego Aguirre e Argel
Joinville: Hémerson Maria, Adilson Batista e PC Gusmão
Palmeiras: Oswaldo de Oliveira e Marcelo Oliveira
Ponte Preta: Guto Ferreira, Doriva e Felipe Moreira
Santos: Marcelo Fernandes e Dorival Júnior
São Paulo: Juan Carlos Osorio, Doriva e Milton Cruz
Sport: Eduardo Baptista e Falcão
Vasco: Doriva, Celso Roth e Jorginho

 

 

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