A casa abrigo é uma demanda eleita por unanimidade na Plenária Temática das Mulheres do Orçamento Participativo. Funcionará 24 horas por dia e contará com a presença de uma equipe multiprofissional, composta por psicóloga, assistente social e cuidadoras socioeducativas. O espaço oferecerá acolhimento provisório com estrutura para acolher com privacidade mulheres com e sem filhos, incluindo gestantes, que terão de 3 a 6 meses para se reorganizarem.
A coordenadora de Políticas para Mulheres da Prefeitura, Grasiela Lima, destacou a importância da Casa das Margaridas. "Trata-se de uma política pública de fundamental importância para a nossa cidade, tendo em vista a necessidade de promover os direitos humanos fundamentais das mulheres que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade social, especialmente nesse contexto atual de grave crise econômica e agravamento das desigualdades, uma realidade que atingiu de forma mais contundente as mulheres", avaliou.
Ela complementa que a casa abrigará mulheres que não correm risco de morte, já que aquelas ameaçadas já contam com a Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência "Alaíde Aparecida Kuranaga", que é um espaço de acolhimento, segurança e proteção. "A Casa das Margaridas vem preencher uma importante lacuna nos serviços socio-assistenciais existentes no município, especialmente no que se refere às mulheres, pois vai oferecer um serviço temporário, de proteção integral de alta complexidade, com o objetivo de proporcionar às abrigadas um atendimento que é qualificado para fortalecê-las e prepará-las para que alcancem condições favoráveis de se estabelecerem, obterem uma autonomia e promoverem sua cidadania em condições dignas de vida", completou Grasiela.
O serviço de acolhimento será oferecido pela Prefeitura em regime de parceria com a OSC Samaritano São Francisco de Assis, de São Paulo, vencedora do chamamento público. Os encaminhamentos serão feitos pelo Centro de Referência da Mulher e também pelos equipamentos da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.
Os objetivos da Casa das Margaridas "Yasmin da Silva Nery" são: proteger a mulher e combater a continuidade de situações de violência; propiciar condições de segurança física e emocional e o fortalecimento da autoestima; possibilitar a construção de projetos pessoais visando à superação da situação de violência e do desenvolvimento de capacidades e oportunidades para o desenvolvimento de autonomia pessoal e social; garantir o acesso dos usuários ao Sistema de Garantia de Direitos e rede socioassistencial; envolvimento nas ações territoriais de prevenção e mobilização à temática de violência contra a mulher, em articulação e planejamento com o técnico da unidade de referenciamento – Creas, bem como junto à Coordenadoria Executiva de Mulheres; desenvolver condições para a independência e o autocuidado; e promover o acesso à rede de qualificação e requalificação profissional com vistas à inclusão produtiva.
A unidade de acolhimento se junta a outros dois investimentos em políticas para mulheres por meio do Orçamento Participativo, que somam um total de R$ 974,4 mil. As outras demandas atendidas pela Prefeitura foram a criação do Programa Parto Humanizado e a implantação do Projeto Quilombo Rosa (investimento de R$ 479,8 mil).
A homenageada
A casa leva o nome da jovem Yasmin da Silva Nery, indicação que foi feita pela vereadora Thainara Faria (PT). Yasmin nasceu em 14 de fevereiro de 2003, era uma estudante promissora e dedicada, bolsista em um renomado colégio particular de Araraquara e sonhava em cursar astronomia.
Fazia parte da comunidade católica da Paróquia São Francisco de Assis, no Selmi Dei, e participava do grupo de oração da Obra Shalom. Em 9 de junho de 2019, aos 16 anos, Yasmin desapareceu, fato que causou grande preocupação em toda a cidade. Foi encontrada sem vida no dia seguinte ao seu desaparecimento, vítima de um cruel feminicídio.