Dado Cavalcanti concedeu na tarde desta quinta-feira (30) sua primeira entrevista como técnico da Ferroviária. Por meio de uma videoconferência com a assessoria de imprensa do clube, o treinador de 38 anos respondeu perguntas de jornalistas da cidade e falou sobre suas expectativas em torno do novo desafio.
"Para mim é um prazer comandar a Ferroviária, um clube tão tradicional no interior de São Paulo. Estou muito feliz e motivado por essa oportunidade. Espero, o quanto antes, a volta dos trabalhos efetivos de campo, quem sabe chegando rapidamente à cidade, conhecendo de perto a estrutura do clube, sua organização. Tenho certeza de que é um clube em franca ascensão no cenário nacional, com desafios e objetivos grandes pela frente. Estou muito feliz com essa oportunidade de vestir essa camisa e de, quem sabe, guiar a Ferroviária a triunfos maiores no cenário estadual e no cenário nacional", explicou.
Com 38 anos de idade, Dado Cavalcanti é pernambucano e possui um vasto currículo no futebol nacional, como Santa Cruz, Coritiba, Ponte Preta, Náutico, CRB, Ceará e Paysandu. Seu último trabalho foi à frente do time sub-23 do Bahia. Dado coleciona importantes títulos como o bicampeonato da Copa Verde e o Paraense pelo Papão, além da Copa Pernambuco pelo Santa Cruz. Ele ainda foi o responsável por levar o Santa às oitavas da Copa do Brasil em 2010.
Compatibilidade de ideias
O treinador revelou que já tinha planos de retornar ao interior paulista e que foi atraído à Ferroviária por conta do planejamento de futebol do clube. "Os últimos três anos foram muito bons para a equipe, que sempre disputou títulos e conquistas. A forma como o clube enxerga o futebol hoje é um atrativo maior. Eu, pessoalmente, já vislumbrava a oportunidade de voltar ao interior de São Paulo, onde fui muito feliz. E acho que houve um casamento de ideias, de proposições. A minha intensão é não apenas comandar a equipe de futebol profissional, mas participar ativamente dos objetivos inteiros do clube, da sociedade de Araraquara, que quer ver seu time sempre jogando bem, jogando para frente, jogando bonito e conquistando títulos. Essa integração minha com a comissão técnica da casa, com o departamento de futebol de base, isso tudo me apeteceu para construir um trabalho efetivo e não apenas algo superficial de comando de um time. Penso em levar algumas ideias novas, agregar com tudo o que está sendo feito na Ferroviária e quem sabe construir um trabalho bacana mesmo, um trabalho de raízes e um trabalho que traga retorno em todos os âmbitos que a Ferroviária espera", destacou.
Segundo ele, houve uma compatibilidade de ideias entre ele e o seu novo clube. "Na primeira conversa que tive com o Pedro, primeiro foi passado um panorama total do que era a Ferroviária e principalmente de onde as pessoas que fazem a Ferroviária querem chegar. Ao visualizar esse projeto, eu me vi dentro do projeto, com as mesmas aspirações, com as mesmas ideias e ambições. Então eu posso afirmar que nesse primeiro momento, nossas ideias batem e, acima de tudo, estou muito motivado para esse novo desafio que terei pela frente. Eu estou saindo de um projeto muito bem realizado, principalmente porque as ideias bateram demais, e eu espero que na Ferroviária aconteça o mesmo. inicialmente as ideias estão bem sincronizadas e tem tudo para dar certo no que tange a conquista de objetivos dentro do que se estabelece internamente", acrescentou.
Competições pela frente
Com as atividades paralisadas por conta da pandemia do novo coronavírus, o elenco da Ferroviária treina individualmente em casa e ainda não tem data para voltar aos jogos. Quando retornar, a equipe terá pela frente as duas últimas rodadas da primeira fase do Paulistão, o jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil contra o América-MG e a disputa do Campeonato Brasileiro da Série D.
Para o novo comandante, cada competição terá sua relevância. "São três objetivos distintos. Existem dois jogos do Campeonato Paulista que não serão desconsiderados. Já vínhamos conversando com a cúpula de futebol da Ferroviária e hoje mesmo tivemos uma conferência. No Campeonato Paulista temos chances remotíssimas de classificação, mas com chances, então essa competição não será menosprezada. A Copa do Brasil é um atrativo muito maior do ponto de vista financeiro. A classificação para a próxima fase traz um retorno financeiro e traz também um pouco mais de visibilidade ao clube a nível nacional. É uma outra condição de pensamento de todos que fazem a Ferroviária. E quanto ao campeonato chave do ano, que é a Série D, a condição de acesso pode trazer uma clara evidência de um cenário desportivo muito maior para o ano de 2021. Então a cada disputa será dada sua devida importância, mas nenhuma delas será desconsiderada dado o grau de dificuldade e de importância que teremos pela frente", analisou.
Estilo de jogo
Perguntado sobre o estilo de jogo que pretende implantar na Ferroviária, o treinador explicou que aproveita o período de isolamento social para assistir jogos do time e tentar conhecer o elenco antes de falar sobre o modelo que será conduzido. "As ideias de jogo estão muito claras na minha mente. Eu tenho uma convicção muito clara do que o futebol pode nos trazer em relação a modelo, porém não adianta dar murro em ponta de faca e engessar um modelo com característica de atletas que não podem executar bem esse modelo. O momento é de um estágio inicial de diagnóstico do que o clube apresenta hoje de características individuais. Estou tendo o cuidado de assistir todos os jogos da Ferroviária durante o ano e esse período de pandemia vai me favorecer a isso. Já chegarei em Araraquara, talvez, com a ideia muito mais clara do que é a equipe hoje, porém eu tenho sim a minha definição e eu acho que podemos mesclar um pouco do objetivo final com o que a Ferroviária vem apresentando hoje. E o mais importante é que o que eu adote em relação a estilo e modelo nos traga os resultados esportivos e técnicos que a Ferroviária almeja. Gosto muito de construir um jogo propositivo, acima de tudo com intensidade nas ações de campo de jogo, e é óbvio que a sequência de treinamento é que vai nos dar o parâmetro de comparação e saber até onde podemos chegar com esse modelo adotado", salientou.
Pandemia
Dado Cavalcanti afirmou que o longo período de inatividade do time irá comprometer o ritmo de jogo dos atletas, mas espera que a sequência de jogos intensa que virá posteriormente acelere a readequação. "Nós vamos regredir do ponto de vista da qualidade do jogo, de forma que tenhamos um pouquinho de diferença em relação às partida que disputamos no início do ano. Quando acontece uma paralisação tão grande assim, não é só o aspecto físico que cai. A sequência de jogos é comprometida, ou seja, o ritmo de jogo dos atletas é completamente diferente. A sequência de treinamentos, que faz com que os atletas interajam entre eles e tomem as decisões mais corretas, também vai ser difícil de resgatar em um primeiro momento. As equipes do Paulistão passarão por um período de adaptação, não sabemos quanto tempo será esse período, mas com certeza serão pouquíssimos dias para readiquirir uma forma física que os jogadores adquiriram na sequência de jogos. E vai ser necessário um pouquinho mais de tempo, em outra palavras, vamos pegar no tranco. Em contrapartida, a sequência de jogos que vai acontecer sem intervalos pode contribuir para readquirir a melhor forma, não só física, mas principalmente técnica e tática dos atletas", completou.