InícioCulturaColetivo negro estreia “Ida”, no Sesc Araraquara

Coletivo negro estreia “Ida”, no Sesc Araraquara

Espetáculo reflete sobre a  identidade da mulher negra contemporânea

O Coletivo Negro estreia seu novo experimento cênico “IDA” no sábado (25), às 20 horas, no Teatro do Sesc Araraquara. A apresentação é gratuita, realizada pelo Sesc, em parceria com a Prefeitura Municipal e o Centro de Referência Afro Mestre Jorge para o Mês da Consciência Negra. A distribuição de ingressos será no dia, a partir das 9h30, limitado a 2 ingressos por pessoa.

Ida nasce de uma proposta da atriz Aysha Nascimento de trazer à cena as inquietações, conquistas e perdas da mulher negra contemporânea. Para isso, a artista chamou Flávio Rodrigues, também do Coletivo Negro, para dirigir o experimento e uma equipe de mulheres que vem marcando a cena paulistana com seus trabalhos e discursos: a cineasta Renata Martins (Empoderadas), a bailarina Verônica Santos, a cenógrafa e artista gráfica Nina Vieira (Manifesto Crespo), a atriz e figurinista Débora Marçal (Cia Capulanas de Artes Negras/Preta Rainha), a atriz-MC e diretora musical Dani Nega, a fotógrafa e iluminadora Dani Meirelles; as musicistas Fefê Camilo, Gisahs Silva e Ana Goes, e a jornalista e atriz Maitê Freitas, que assina a assistência de processo.

Em cena a atriz paulista Aysha Nascimento e a bailarina mineira Verônica Santos dão vida à Ida: mulher e jovem que a partir da construção de um projeto arquitetônico ousado, traça pontos e contrapontos com a possibilidade de reconstrução da humanidade das mulheres negras. Em sua narrativa, Ida se lembra dos momentos de invisibilidade que viveu no período em que cursou a universidade. Ao passo em que se questiona, Ida reconstrói sua identidade e religa-se às suas ancestrais. Flávio Rodrigues, na direção do espetáculo, propõe um jogo entre dramaturgia, narrativas corporais e musicais, construindo uma cena que adentra o universo da dança-teatro e do jazz, com toda a potência de corpos que revelam sua dimensão histórica e política.

Com o texto de Renata Martins, a dramaturgia traz duas atrizes dividindo a mesma personagem, Ida, que tem a arquitetura como pano de fundo para refletir sobre o racismo estrutural e questionar os lugares nos quais as mulheres negras são sistematicamente e historicamente colocadas na sociedade. Ao apresentar um projeto arquitetônico contemporâneo, é questionada sobre a ausência do quarto de empregada em sua planta. Diante deste conflito, a personagem caminha numa jornada de desconstrução e evocação do legado dos movimentos negros feministas: o  empoderamento.

Na cenografia, Nina Vieira traz como pilar o conceito de construção, presente na encenação não apenas pelo empreendimento que será realizado, mas também, porque Ida constrói-se enquanto mulher negra. Assim, propõe que se visualize uma planta arquitetônica, tridimensionalmente  representada por espaços de diferentes alturas que juntos, constituem uma plataforma para as atrizes e também suporte para projeção de imagens. Além da plataforma, feita basicamente de pallets, compõe o cenário: uma mesa, dois bancos, uma arara de roupas.

Aysha Nascimento lembra que o experimento nasce do desejo de compartilhar a criação com outras artistas negras as quais admira: "as artistas envolvidas são mulheres que militam e que fazem de sua arte um meio de expressão e desconstrução do machismo e racismo estruturais. Não foi fácil se deparar com tantos conflitos e com estes lugares nos quais tentam impor, a nós, mulheres negras", reflete a artista. Para subsidiar a pesquisa e construção do espetáculo, o Coletivo realizou três encontros com mulheres negras de todos os segmentos sociais, políticos e culturais, entre elas a filósofa e a ex-Secretária Adjunta dos Direitos Humanos Djamila Ribeiro, as psicólogas Maria Lucia da Silva e Clélia Prestes (AMA Psiquê).

 

Serviço

Espetáculo Ida

Dia: 25/11, sábado

Horário: 20h

Local: Teatro

Classificação: 14 anos

Grátis

Retirada de ingressos no dia, a partir das 9h30. Limitado a 2 ingressos por pessoa.

Parceria com a Prefeitura Municipal e o Centro de Referência Afro Mestre Jorge para o Mês da Consciência Negra.

 

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