A Copa do Mundo de 1994 ficará para sempre na memória do torcedor brasileiro, já que após 24 anos sem a conquista do mundial – o último havia sido em 1970 – a Seleção Brasileira voltava a ficar no topo do mundo. E o futebol paulista fez parte da campanha vitoriosa em solo americano. Confira a ligação de cada atleta com o futebol local.
Apontado como uma das potências nacionais, o solo paulista sempre foi muito fértil no quesito talento. Dos 22 convocados por Carlos Alberto Parreira, apenas quatro nunca atuaram por clubes de São Paulo: Taffarel, Aldair, Bebeto e Romário. Os outros 17, além do próprio comandante nacional na época, brilharam com a camisa de alguns dos principais representantes paulistas.
Dos três goleiros, apenas Taffarel nunca vestiu as cores de nenhum clube do estado. Tanto Gilmar como Zetti jogaram pelo São Paulo. O primeiro conquistou o tricampeonato paulista de 1985, 1987 e 1989, além do Campeonato Brasileiro de 1986. E o segundo, apesar de já ter tido ligação com Palmeiras e Guarani, brilhou mesmo no bicampeonato mundial e da Libertadores com o Tricolor em 1992 e 1993. Zetti ainda venceu o Campeonato Brasileiro de 1991 e o bicampeonato paulista de 1991 e 1992. Depois do Morumbi, ainda representou o Santos, onde conquistou o Torneio Rio-São Paulo, em 1997.
Dos donos das chaves do cadeado, parafraseando a banda mineira Skank, apenas Aldair não atuou em São Paulo. Titular ao lado de Aldair após a lesão de Ricardo Rocha, Márcio Santos foi revelado pelo Novorizontino e após ganhar o mundo, ainda vestiu as cores do São Paulo, onde venceu o Paulista de 1998, depois do Santos e encerrou a sua carreira na Portuguesa Santista, em 2004.
Ricardo Rocha, titular até se contundir, teve a sua primeira experiência em solo paulista pelo Guarani entre 1985 e 1988. Após defender o Sporting (POR), retornou ao Brasil e foi campeão brasileiro pelo São Paulo em 1991. Ainda atuou pelo Santos, em 1993, mas depois se transferiu para o futebol carioca. Já Ronaldão construiu a sua carreira basicamente em São Paulo. Revelado pelo Rio Preto, fez história com a camisa do clube do Morumbi onde atuou de 1986 a 1993, conquistando o bi mundial e da Libertadores, o bicampeonato brasileiro e quatro vezes o Paulistão. Depois de passar pelo Japão e atuar pelo Vasco, foi campeão do Rio-São Paulo pelo Santos e encerrou a sua carreira pela Ponte Preta, seu clube de 1998 a 2002.
Das laterais, Cafu e Leonardo foram os atletas que mais marcaram por aqui. O titular da direita foi Jorginho, que defendeu o São Paulo em 1999, sua única experiência local. Do outro lado do campo, Leonardo foi o titular até a expulsão contra os Estados Unidos, nas oitavas de final, sendo suspenso daquela Copa do Mundo. Revelado no Rio de Janeiro, jogou pelo Tricolor e venceu o bicampeonato mundial de 1992 e 1993, a Libertadores de 1993, além do Campeonato Brasileiro de 1991 e o paulista de 1991.
Após a suspensão de Leonardo, Branco, herói no confronto diante da Holanda nas quartas de final, passou a ser o titular. Logo após a conquista do mundial, o jogador defendeu o Corinthians em 1994, único clube paulista de sua carreira. Já Cafu, teve a oportunidade de atuar na final contra a Itália por conta da lesão de Jorginho. Naquela altura, o atleta era multicampeão pelo São Paulo com as conquistas do bicampeonato mundial e da Libertadores, além do nacional e paulista em 1991. Após se transferir para Europa, retornou ao Brasil e fez parte do elenco do Palmeiras que venceu o estadual de 1996, com mais de 100 gols. Até hoje, Cafu é o único jogador do mundo a atuar em três finais de Copa do Mundo consecutiva.
“Coração” da Seleção Brasileira, todos os atletas de meio-campo tiveram ligação com clubes locais em algum momento de suas carreiras. Cabeça de área, Mauro Silva era o pilar de sustentação da equipe comandada por Parreira. Revelado pelo Guarani, o ex-volante brilhou com a camisa do Bragantino, onde conquistou o Paulista de 1990, na “Final Caipira” contra o Novorizontino. Após sucesso no interior, transferiu-se para o Deportivo La Coruña (ESP), clube que permaneceu de 1992 até 2005, sendo uma das lendas locais. Atualmente, Mauro Silva é vice-presidente da FPF e participa ativamente do fomento do futebol local.
Capitão daquela seleção, Dunga jogou por dois anos pelo Corinthians -1984 e 1985- além de defender o Santos, em 1986. Reserva no início da campanha do tretacampeonato, Mazinho ganhou espaço e passou a ser titular no lugar de Raí. O jogador também atuou por três temporadas em solo local e marcou o seu nome com a camisa do Palmeiras nas conquistas do Campeonato Brasileiro de 1993, do bicampeonato paulista de 1993 e 1994, além do Torneio Rio-São Paulo de 1993.
Meia-esquerda da Seleção Brasileira, Zinho é um dos grandes ídolos do Palmeiras. Além de conquistar tudo que Mazinho coleciona pelo Alviverde, o ex-jogador ainda venceu o Brasileiro de 1994, a Copa do Brasil de 1998 e a Libertadores de 1999. Outro ídolo local é Raí. Camisa 10 de Parreia, o jogador perdeu espaço ao longo da campanha, mas brilhou pelo São Paulo. Revelado pelo Botafogo, o meia vestiu as cores da Ponte Preta antes de marcar época no Morumbi. Pelo Tricolor, venceu o bicampeonato mundial e da Libertadores, o brasileiro de 1991, além de seis vezes vencer o estadual -1987, 1989, 1991, 1992, 1998 e 2000.
A dupla de ataque titular formada por Bebeto e Romário nunca atuou por nenhum clube de São Paulo. Dos outros quatro representantes, três têm forte ligação com o Corinthians. Revelado no “Terrão”, Paulo Sérgio, que também já defendeu o Novorizontino, foi campeão paulista (1988) e brasileiro (1990), o primeiro na história alvinegra. Viola também surgiu no clube de Parque São Jorge e além do mesmo estadual, também conquistou o de 1995, mesmo ano em que também foi campeão da Copa do Brasil. Ainda vestiu as cores do São José, Olímpia, Palmeiras e Santos, onde levou o título da Copa Conmebol em 1998. Antes de pendurar as chuteiras, jogou por Juventus, Grêmio Osasco, Tanabi, Portuguesa Santista e Taboão da Serra.
Já Ronaldo, que ainda não era o “Fenômeno”, após conquistar o mundo, se aposentou dos gramados vestindo a camisa do Corinthians. Antes, teve papel fundamental nas conquistas da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista, em 2009. Muller também defendeu o Alvinegro, entre 2000 e 2001, ano de seu último título paulista. Além disso, defendeu o São Caetano e Portuguesa no fim de sua trajetória, mas teve sucesso pelo Palmeiras, no estadual de 1996, e principalmente pelo São Paulo, clube pelo qual venceu o bimundial e da Libertadores -1992 e 1993- além do bicampeonato brasileiro em 1986 e 1991 e do tetracampeonato paulista (1985, 1987, 1991 e 1992).
O responsável por conduzir o Brasil ao tetracampeonato mundial foi Carlos Alberto Parreira, que era o preparador físico na conquista do tricampeonato em 1970. Parreira treinou três dos quatro maiores vencedores paulistas: Corinthians, Santos e São Paulo. No Alvinegro, o profissional colecionou o seu único título por um clube paulista, o da Copa do Brasil de 2002, ano em que foi vice-campeão brasileiro.
Confira a lista dos convocados e onde atuavam na época:
Goleiros: Taffarel (Reggiana – ITA), Gilmar (Flamengo) e Zetti (São Paulo);
Zagueiros: Aldair (Roma – ITA), Marcio Santos (Bordeaux – FRA), Ricardo Rocha (Vasco) e Ronaldão (Shimizu – JAP);
Laterais: Branco (Fluminense), Leonardo (São Paulo), Jorginho (Bayern de Munique – ALE) e Cafu (São Paulo);
Volantes: Mauro Silva (La Coruña – ESP), Mazinho (Palmeiras), Dunga (Stuttgart – ALE), Zinho (Palmeiras) e Raí (PSG – FRA);
Atacantes: Bebeto (La Coruña – ESP), Romário (Barcelona – ESP), Muller (São Paulo), Paulo Sérgio (Bayer Leverkusen – ALE), Ronaldo (Cruzeiro) e Viola (Corinthians).