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Consumo de álcool por menores preocupa especialistas

Pediatra afirma que mais de 70% dos jovens atendidos na rede consomem bebida alcoólica

Por: Igor Emídio da Hora Silva/Ageuniara

 

O uso de bebidas alcoólicas por adolescentes é um tema que desperta preocupação entre profissionais da saúde. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PENSE), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresce em 55% o número de adolescentes do último ano do ensino fundamental que já experimentaram bebidas alcoólicas.

O uso precoce dessa substância está associado com exposição a riscos e uma série de complicações à saúde, assim, a discussão desse tema é fundamental para a saúde pública, requerendo a atenção das autoridades, profissionais da saúde, pais e educadores.

Os médicos ressaltam que quanto menor a idade de início da ingestão de bebida alcoólica, maiores as possibilidades de se tornar um usuário dependente ao longo da vida. De acordo com pesquisas, o consumo antes dos 16 anos aumenta significativamente o risco de beber em excesso na idade adulta.

A pediatra da rede de saúde pública, Andréia Maiques Afonso, de Araraquara (SP), comenta que de 20 jovens/adolescentes que ela atende por semana, pelo menos 15 já fazem uso de bebida alcoólica constantemente: “Às vezes eu me assusto com os relatos que esses jovens fazem. Muitos deles bebem cerveja todos os dias, é algo que precisa ter atenção! Tem semanas que eu conto, e a cada 20 jovens, 15 bebem álcool como se fossem adultos, isso é muito assustador, já tive que atender adolescentes em coma alcoólico, um extremo absurdo”, revela.

Pela lei, a venda de bebidas alcoólicas é proibida para menores de 18 anos, mas isso não é problema, adolescentes têm acesso a bebidas alcóolicas com muita facilidade, seja por meio da própria família, ou por festas que frequentam. O adolescente P.H. de 15 anos, disse que consome álcool desde os seus 13 anos, e nunca teve problemas em comprar bebidas: “Para mim, beber é uma coisa normal, meus pais bebem, meus tios bebem, meus avós bebem, meus amigos, então… Portanto, nunca tive problema para comprar álcool, dei meu primeiro “porre” aos 14 anos, minha mãe estava na festa", conta o menor. “Acho bobeira esse negócio de proibir menor de beber álcool, porque mesmo sendo proibido beber para a gente, nós bebemos mesmo assim, compramos mesmo assim, vamos em festas com livre acesso, sempre damos um jeito”, completa.

Segundo informações do Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool,CISA, (www.cisa.org.br) em termos gerais, os adolescentes são mais sensíveis aos efeitos neurotóxicos do que os adultos com relação ao consumo de álcool. O cérebro do adolescente, que apresenta bastante plasticidade, pode sofrer mudanças duradouras em decorrência do uso de álcool e, consequentemente, pode provocar mudanças de comportamento. Vale salientar também a ocorrência de “apagões”, incidentes provocados pelo uso de álcool e caracterizados pela impossibilidade de evocar lembranças de um evento.

Ainda, conforme o CISA, diversos tipos diferentes de abordagem buscam lidar com os problemas relacionados ao uso de álcool entre jovens, bem como aliviar seus sintomas. A abordagem mais frequentemente utilizada é a do método educacional em ambiente escolar, que busca fornecer aos jovens informação sobre o uso de álcool e suas consequências à saúde, além de trabalhar sua autoestima e fortalecer a resistência à pressão em torno do consumo de bebidas.

 

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