O vice prefeito e ex-coordenador da Mobilidade Urbana, Coca Ferraz (PSD), foi o segundo pré-candidato a Prefeito de Araraquara entrevistado pelo Jornal da Morada. Suas declarações sobre a situação da CTA (Companhia Troleibus Araraquara), assim como as do ex-secretário Nino Mengatti (leia aqui) provocaram mal-estar no sexto andar da Prefeitura de Araraquara.
O prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) afirmou por meio de nota que lamenta o posicionamento do vice-prefeito. O desgaste na relação entre ambos, agravado após do afastamento de lideranças do PSD do governo municipal, tornou-se público com as declarações feitas durante a entrevista e a posterior nota assinada pelo prefeito.
Coca Ferraz disse que, apesar de ser o responsável pela mobilidade urbana, não foi ouvido sobre a situação da Companhia Troleibus Araraquara (assista à entrevista completa). O vice prefeito declarou que quando assumiu o mandato, em 2013, a situação da empresa já era crítica e que, por isso, pouco havia a ser feito. Mesmo assim, sua proposta era vender ações da companhia para que ela deixasse de ser pública. O valor da venda teria de levar em consideração o montante de dívidas da CTA.
Marcelo Barbieri nega que tenha isolado Coca das decisões. “O vice-prefeito ao longo dos últimos anos participou inúmeras vezes de reuniões sobre a CTA com membros da diretoria da empresa, do Governo e autoridades no assunto. O vice-prefeito apresentou sua opinião e sempre teve suas colocações respeitadas e consideradas”, disse.
Barbieri confirma que a proposta do vice-prefeito era a manutenção de 30% das linhas sob administração da empresa, mas que esta possibilidade se apresentou inviável tendo em vista a situação financeira da CTA, a atual crise que o País enfrenta e todos os procedimentos burocráticos que incidem sobre empresas públicas e que dificultam o oferecimento de um serviço público de qualidade no setor de transportes, que era o objetivo da Companhia. “A CTA não se apresentava saudável para gerar interesse em investidores para compra de suas ações. Além disso, a venda dos bens da CTA já está em andamento, mas em razão do grande endividamento da empresa – que causa entraves na Justiça – não se configurou como uma alternativa imediata para a recuperação da Companhia. (…) Portanto, a proposta do vice-prefeito era completamente inviável quando analisados todos os fatores internos e externos sobre a CTA”.
Outro tema da entrevista opõe as opiniões do prefeito às do vice. Coca Ferraz declarou que não concorda com os serviços assumidos pelo Departamento Autônomo de Água e esgoto (Daae), como a coleta e destinação dos resíduos sólidos e manutenção de espaços públicos, o que comprometeria a saúde financeira do órgão. Barbieri rebate e classifica como infundadas as afirmações. “O DAAE tem sua condição financeira saudável, com total capacidade de executar e manter com qualidade os serviços públicos sob sua responsabilidade. (…) o vice-prefeito sempre teve liberdade e acesso a todos os gestores para fazer suas sugestões, dar opiniões e contribuir para tomada de decisões na Administração Municipal”, completa a nota da prefeitura.

