Pra muita gente pegar o metrô para ir ao trabalho é um gesto rotineiro. O cotidiano virou poesia para o araraquarense Cyro Donizete Passos, mais conhecido por Pitoco. Por vários anos trabalhando em São Paulo, o analista de sistemas conta ele que pegava o metrô diariamente e que surgiu a inspiração para criar uma letra homenageando a cidade de São Paulo. De forma poética, ele cita neste samba o nome de vinte e duas estações do Metrô de São Paulo.
Por meio de um amigo em comum, o projeto chegou até o empresário do grupo 'Demônios da Garoa', Odilon Mário Cardoso. "Quando ouvimos o Samba do Metrô, foi amor à primeira vista e, por unanimidade, resolvemos gravá-la no nosso próximo cd e dvd", afirmou Cardoso. Hoje residente em Araraquara, Pitoco deu de presente a letra para o intérprete Júnior Barros, que a gravou. (ouça a canção no link)
Quem é
Cyro Donizete Passos, mais conhecido por Pitoco, teve grande participação na evolução do samba de Araraquara. Uma de suas colaborações foi introduzir novos instrumentos musicais no samba araraquarense. Quando jovem, foi ele quem implementou o banjo e o repique de mão nas rodas de samba locais. Mesmo tendo sido isto um feito importante, Pitoco se orgulha é de ter trazido o repinique para o Carnaval da Morada do Sol. "As escolas de samba e blocos carnavalescos daqui chamavam e brecavam o samba com um apito. Foi desfilando na bateria da escola de samba X9, de Santos, que conheci o repinique fazendo as duas funções do apito e ajudando a fortalecer o ritmo", disse o compositor. Em 1976, com 14 anos de idade, trouxe para Araraquara este instrumento e a folia de Momo passou a ter uma cara diferente.
Em 1984, desfilou tocando cuíca na bateria da escola de samba paulistana Vai-Vai. Após o carnaval, foi convidado a fazer parte da Ala de Compositores desta consagrada agremiação. Pitoco concorreu com sambas de enredo e lá ficou como compositor por dois anos, só deixando a Vai-Vai por ter voltado a residir em Araraquara. Antes de retornar, ainda ganhou destaque como 'Melhor Samba de Quadra' num concurso da também escola de samba paulistana Rosas de Ouro.
No início da década de 90, Pitoco integrou um grupo musical de muito sucesso em Araraquara, o Alma Brasileira. Esta banda, que gravou dois discos e que foi apadrinhada pelo grupo Fundo de Quintal, dividiu palco com grandes nomes do samba, como Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Beth Carvalho, Raça Negra, Só Preto sem Preconceito, Almir Guineto, Leci Brandão, Jair Rodrigues, Jovelina Pérola Negra, Elymar Santos, Alcione e tantos outros artistas. O grupo ficou tão popular que chegou a colocar mais de 10 mil pessoas na Praça Pedro de Toledo, na época do lançamento do seu segundo disco.
Samba do metrô
Pitoco
VERGUEIRO, estou no PARAÍSO
Voltou meu sorriso, saí dessa de CONSOLAÇÃO
Não foi fácil esquecer a ANA ROSA
Moça de ITAQUERA, meiga e carinhosa
Minha primeira estação
Avisa a ARMÊNIA
Que estou com SAÚDE e LIBERDADE
Vejo LUZ nesta cidade
Me parei na CONCEIÇÃO
GUILHERMINA ainda tinha ESPERANÇA
A filha do ARTUR ALVIM
Era criança demais pra mim
Soube até que ela fez promessa
Rezou à beça na SANTA CRUZ pra SÃO JOAQUIM
Neste fim de semana, nos encontraremos na SÉ
Vamos dar uma volta a pé
Na VILA MADALENA ou no SUMARÉ
Agora preciso comprar um CARRÃO
Pra passear com meu bem
Na PENHA e no BELÉM
A gente mora longe demais!
Eu no JABAQUARA, ela no BRÁS
( À meia-noite o Metrô baixa as portas, meu rapaz…
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