"Através de closes, transArtivismos, performances e entrevistas contamos a nossa história em Araraqueer", conta Vita Pereira que assina a direção, produção e roteiro do documentário. Multiartista e travesti, Vita que cursa Pedagogia na FCL-Unesp Araraquara, é a "mãe da Casixtranha". Ela conta que o elenco e a produção do filme têm 99% de participação de pessoas trans, travestis, mulheres e pessoas negras.
"Nosso trabalho é grito é uma fúria ancestral. Só estamos aqui hoje realizando esse projeto pois outras travestis abriram caminhos para ocuparmos essas posições. Nosso trabalho é de abrir fissuras e rachaduras nesse 'Cis-tema' e expor tudo que o sustenta", aponta.
"O experimento documental surge como uma forma de escrever a história das 'corpas' dissidentes a partir do nosso ponto de vista. Nós – LGBTs e 'negres' – somos negados o direito à memória da nossa história, já que em diversos momentos históricos nossas narrativas foram queimadas, apagadas e invisibilizadas. O Brasil é o país que mais extermina 'corpas' trans e travestis. Nossa população está em maioria na prostituição", alerta. "Nós ainda estamos morrendo, mas mesmo mortas continuamos produzindo uma força contra esse 'cis-tema'".
Com 70 minutos de duração, "Morada das Ixtranhas" teve as gravações iniciadas na campanha presidencial de 2018 e foi finalizada no último setembro. As captações aconteceram em diversos espaços que a Casixtranha ocupou, como: Festival Internacional de Dança de Araraquara, Sarau da Coletiva Be, festas universitárias, Festa TR4V4D4, residências artísticas e desfiles.
"Estamos chegando em lugares que vocês não sonharam", atenta Vita. "Travestis com a câmera na mão produzindo novas corporeidades, construindo novas narrativas, destruindo e se reconstruindo aos cacos!".
Vale destacar que o documentário foi financiado pela festa TR4V4D4 e por colaboradoras parceiras e aliados do movimento. Vita conta que durante a produção do documentário, o coletivo Casixtranha realizou diversas edições da festa TR4V4D4, promovendo artistas trans e travestis do interior e da capital paulista.
O lançamento do documentário neste sábado será um encontro entre cinema, performances e instalações. A abertura conta com a participação de artistas da cidade e região, além da exposição de trabalhos produzidos por: Casixtranha, Vita Pereira, Suê, Bruno Caldeira, Dany KKO, Tereza Guidotti e Maia Sakai, Weyla e Vicente Perrotta.
"Esse experimento documental é um berro, uma gargalhada das moças que habitam as encruzilhadas futuristas do interior ao dizerem: nós estamos vivas e com sangue nos olhos!", finaliza Vita.
A Biblioteca Mario de Andrade está localizada na Rua Carlos Gomes, 1729, região central de Araraquara. Mias informações podem ser acompanhadas: no Instagram (@moradadasixtranhas) ou evento do Facebook (www.facebook.com/events/2479725745648170/?ti=icl). Ainda, o trailer do filme pode ser conferida no link: https://m.youtube.com/watch?v=rnMTDNKWftk .
Serviço
Lançamento documentário "Morada das Ixtranhas" (Mês Municipal da Cidadania LGBTQIA+)
Local: Biblioteca Mario de Andrade (Rua Carlos Gomes, 1729 – Centro)
Data: sábado (19 de outubro)
Horário: 19h30
Grátis
