Quem passa pela Via Expressa, nas proximidades do Terminal Rodoviário de Araraquara, observa com facilidade a erosão que avança em direção à avenida e ameaça engolir a calçada às margens do Córrego do Ouro.
O problema que coloca em risco pedestres e condutores de veículos é antigo e agravou ainda mais com as chuvas da última semana de dezembro de 2022 e início de 2023, que causaram estragos em Araraquara, São Carlos e cidades próximas.
As fortes chuvas fizeram o nível do córrego que divide a Via Expressa subir e avançar para a avenida. Parte da terra sob a calçada foi levada pela água. Um trecho do passeio público precisou ser interditado por causa do risco de desabamento.
O problema tem sido motivo de críticas em Araraquara há anos. Um engenheiro civil, que falou com a reportagem na condição de anonimato, avaliou que a prefeitura precisa implantar um sistema de contenção às margens do córrego para evitar que a erosão avance para avenida. “Um sistema de contenção, no formato de gabião, pode ser uma saída segura.”
A falta de grade de proteção às margens do rio também tem sido motivo de críticas. Vários carros já foram parar dentro do córrego após acidente na Via Expressa. Sempre que questionada sobre a importância de investimento no local para garantir mais segurança viária a Prefeitura usa a falta de recursos como justificativa para não realizar as melhorias.
Em resposta ao vereador Lineu Carlos de Assis (Podemos), por meio de ofício (N° 1176/2022) encaminhado à Câmara de Araraquara, a Prefeitura alegou que “trata-se de investimento de alto valor e no momento a Coordenadoria [Mobilidade Urbana] não possui contrato para a implantação de Guard Rail no local.”
No documento, a gestão Edinho Silva avaliou ainda que “os acidentes são raros e que a maioria deles tem como causa principal a alta velocidade praticada e, em alguns casos, devido a ingestão de bebida alcóolica.”
Estragos das chuvas
As chuvas dos últimos dias provocaram estragos em Araraquara. Vias públicas precisaram ser interditadas para o serviço de recuperação asfáltica e, alguns casos, avaliação técnica de risco. O caso mais complexo ocorreu no final da Avenida Francisco Salles Culturato (Avenida 36) e início da Avenida Alberto Benassi. No local, um carro com 6 pessoas da mesma família foi “engolido” por uma cratera após o asfalto sobre o córrego Ribeirão das Cruzes ceder. Cinco pessoas foram encontradas mortas e uma criança de 10 anos segue desaparecida.