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Estudo aponta substância de risco à saúde na água de Araraquara

De acordo com levantamento, Cádmio foi detectada pelo menos uma vez entre 2018 e 2020; Outras duas substâncias também geram riscos

Um estudo feito pela Repórter Brasil, organização não governamental brasileira independente especializada em comunicação e projetos sociais, revela que na água utilizada para o consumo humano foi detectada a presença de substâncias que colocam em risco à saúde humana. O levantamento abrangeu 763 municípios brasileiros e considerou dados que compõem a base de controle do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, o Sisagua, do Ministério da Saúde. De acordo com a agência, os dados foram interpretados de acordo com os parâmetros do Ministério da Saúde.

Segundo o levantamento, entre 2018 e 2020, na água de Araraquara (SP), foram detectadas substâncias em quantidade ACIMA DO LIMITE DE SEGURANÇA, a mais grave das três categorias consideradas no estudo.  Especificamente, o estudo mostra a presença de 1 substância com o maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer, e outras 2 substâncias que também geram riscos à saúde.

Procurado pela reportagem, o Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara (DAAE) ainda não se manifestou sobre o estudo. 

 

Detecções ACIMA DO LIMITE DE SEGURANÇA na água de Araraquara (SP) entre 2018 e 2020:

 

Substância com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer:

Cádmio (Substâncias Inorgânicas)

O cádmio e seus compostos são classificados como cancerígenos para o ser humano (grupo 1) pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. Como base para essa classificação, estão evidências de tumores pulmonares em trabalhadores e animais que inalaram a substância. Os principais efeitos da exposição prolongada são doença pulmonar crônica obstrutiva e enfisema, além de distúrbio crônico dos túbulos renais. Essa é uma substância utilizada pela indústria: o metal cádmio é usado como anticorrosivo em aço galvanizado, o sulfeto de cádmio e selenito como pigmentos em plásticos e os compostos de cádmio na manufatura de pilhas, baterias, componentes eletrônicos e reatores nucleares.

 

Substâncias que também geram riscos à saúde:

Trihalometanos Total (Subprodutos da desinfecção)

Os trihalometanos são um grupo de compostos químicos e orgânicos que derivam do metano. Ele inclui substâncias como o clorofórmio, classificado como possivelmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). A exposição oral prolongada a esta substância pode produzir efeitos no fígado, rins e sangue. Os trihalometanos são utilizados como solvente em vários produtos (vernizes, ceras, gorduras, óleos, graxas), agente de limpeza a seco, anestésico, em extintores de incêndio, intermediário na fabricação de corantes, agrotóxicos e como fumigante para grãos. Alguns países proíbem o uso de clorofórmio como anestésico, medicamentos e cosméticos.

Mercúrio (Substâncias Inorgânicas)

O cloreto de mercúrio é classificado como possivelmente cancerígeno pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, devido ao aparecimento de tumores de estômago, na tireoide e renais em animais. Além disso, a exposição prolongada ao mercúrio afeta os rins e pode alterar o tecido testicular, aumentar as taxas de reabsorção e gerar anomalias no desenvolvimento. Os compostos inorgânicos de mercúrio são utilizados em alguns processos industriais e na produção de outras substâncias químicas. Também são usados em rituais e para fins medicinais. O metilmercúrio, um dos compostos de mercúrio orgânico frequentemente usado em garimpos para extração de ouro, é o mais tóxico e apresenta danos principalmente ao sistema nervoso e pode causar até a morte.

 

Todas as substâncias químicas e radioativas listadas neste estudo oferecem risco à saúde se estiverem acima da concentração máxima permitida pelo Ministério da Saúde. Elas foram detectadas ao menos uma vez na água que abastece este município entre 2018 e 2020.

Quando essas substâncias estão acima do limite, a água é considerada imprópria para o consumo. Nesses casos, as instituições de abastecimento deveriam informar a população sobre o problema, assim como sobre as medidas tomadas para resolvê-lo.

 

Entenda a classificação

As “substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer” são as que têm maior evidência de risco à saúde. Elas são listadas como “reconhecidamente” ou “provavelmente” cancerígenas, disruptoras endócrinas (que desencadeiam problemas hormonais) ou causadoras de mutação genética. Essas classificações de risco são da Organização Mundial da Saúde ou das agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália (links na descrição de cada substância).

Já o segundo grupo “substâncias que geram riscos à saúde” reúne todas as outras que também oferecem risco, segundo a literatura internacional e o Ministério da Saúde. Entre elas estão as "possivelmente" cancerígenas", além das que podem causar doenças renais, cardíacas, respiratórias e alteração no sistema nervoso central e periférico.

Os critérios para fixar os limites de segurança para cada substância na água são do Ministério da Saúde, assim como a lista de substâncias que devem ser testadas na água de 2 a 4 vezes por ano.

Os riscos são maiores para quem bebe a água imprópria de forma contínua, ou seja, diversas vezes ao longo de meses ou anos. Casos em que a mesma substância aparece acima do limite nos três anos analisados (2018, 2019 e 2020) foram destacados com o alerta máximo no topo da página.

Os testes são feitos pelas empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), banco de dados do Ministério da Saúde que reúne informações de todo o país.

 

 

Detecções DENTRO DO LIMITE DE SEGURANÇA na água de Araraquara (SP) entre 2018 e 2020:

Substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer:

Alaclor (Agrotóxicos)

Aldrin + Dieldrin (Agrotóxicos)

Atrazina (Agrotóxicos)

Carbendazim + benomil (Agrotóxicos)

Clordano (Agrotóxicos)

DDT + DDD + DDE (Agrotóxicos)

Diuron (Agrotóxicos)

Glifosato + AMPA (Agrotóxicos)

Lindano (gama HCH) (Agrotóxicos)

Mancozebe (Agrotóxicos)

Trifluralina (Agrotóxicos)

Atividade alfa total (Radioatividade)

Atividade beta total (Radioatividade)

Rádio-226 (Radioatividade)

Rádio-228 (Radioatividade)

2, 4, 6 Triclorofenol (Subprodutos da desinfecção)

Arsênio (Substâncias Inorgânicas)

Cádmio (Substâncias Inorgânicas)

Chumbo (Substâncias Inorgânicas)

Cromo (Substâncias Inorgânicas)

Níquel (Substâncias Inorgânicas)

Nitrato (como N) (Substâncias Inorgânicas)

Nitrito (como N) (Substâncias Inorgânicas)

Selênio (Substâncias Inorgânicas)

Acrilamida (Substâncias Orgânicas)

Benzeno (Substâncias Orgânicas)

Benzo[a]pireno (Substâncias Orgânicas)

Cloreto de Vinila (Substâncias Orgânicas)

Diclorometano (Substâncias Orgânicas)

Estireno (Substâncias Orgânicas)

Pentaclorofenol (Substâncias Orgânicas)

Tetracloroeteno (Substâncias Orgânicas)

Tricloroeteno (Substâncias Orgânicas)

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