InícioEsporte+EsportesGigantão: A história de um dos mais tradicionais palcos esportivos do interior

Gigantão: A história de um dos mais tradicionais palcos esportivos do interior

Fundado em 11 de outubro de 1969, ginásio será entregue à população totalmente reformado nesta quarta-feira (15)

Nesta quarta-feira (15), mais um capítulo da rica história esportiva de Araraquara será escrito com a reabertura do Ginásio de Esportes Castello Branco, o Gigantão. A solenidade de entrega das obras de reformas está marcada para as 18h, com entrada gratuita para o público, que poderá acompanhar a partida inaugural do ginásio entre Sesi Araraquara e AD Santo André, pela última rodada da Liga de Basquete Feminino (LBF), que é o campeonato brasileiro da modalidade.

O evento marcará um reencontro da população com um local que participou ativamente da história da cidade, não apenas no âmbito esportivo, mas também cultural e político, já que além de jogos memoráveis, o ginásio já foi palco de espetáculos musicais, apresentações artísticas, formaturas, Carnaval, rodeio e até apurações eleitorais.

 

A história

Na década de 1950, Araraquara se via fora das disputas para sediar competições e eventos de grande porte e o motivo era a falta de um ginásio de esportes capaz de receber um público expressivo e jogos de alto rendimento. Em 1957, o então prefeito Rômulo Lupo assinou uma lei que autorizava a captação de recursos para a construção de um ginásio poliesportivo, como havia decidido a Câmara Municipal. Esse foi o primeiro de muitos passos no caminho que levava à inauguração do ginásio, que só se daria 12 anos depois. O espaço esportivo foi projetado em 1966 pelos engenheiros araraquarenses Luiz Ernesto do Valle Gadelha e Jonas Farias, proprietários da Construtora Domo, e o propósito era ser uma obra arrojada e uma referência esportiva no interior paulista. Em 1967, em seu segundo mandato, Rômulo Lupo autorizou o início das obras e a população acompanhava maravilhada a construção. Entretanto, as chuvas, a falta de cimento no mercado e diversos contratempos começaram a impedir o cumprimento do cronograma.

Após o final do mandato de Lupo, Rubens Cruz assumiu a Prefeitura em 1969 com a missão de terminar o ginásio no mesmo ano para receber a 34ª edição dos Jogos Abertos do Interior e para isso as obras deveriam ser concluídas antes de outubro. O contrato com a Construtora Domo foi rescindido de forma amigável e o prefeito formou uma comissão técnica com os engenheiros Roberto Massafera e José Henrique Albiero e o arquiteto Nelson Barbieri para finalizar o ginásio, que já tinha 80% do projeto concluído. A responsabilidade da administração das obras ficou a cargo do engenheiro Luiz Antonio Massafera. Ao todo, 250 operários trabalharam em três turnos para concluir a obra uma semana antes da abertura dos Jogos.

Rubens Cruz decidiu batizar o local com o nome de Ginásio Municipal de Esportes “Castelo Branco” de Araraquara, decisão que foi oficializada em 5 de setembro de 1969 por meio do decreto 3251/69. Na ocasião, todos pensaram ser uma homenagem ao ex-presidente Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, morto em 1967. O prefeito não desmentiu, mas o que queria mesmo era homenagear o sobrenome de sua esposa, chamada Maria Thereza Castelo Branco Cruz.

O espaço esportivo foi inaugurado no dia 11 de outubro de 1969. As seleções masculinas e femininas de vôlei e basquete de Araraquara inauguraram oficialmente a quadra do ginásio em 16 de outubro de 1969, em uma última disputa de preparação do local para os Jogos Abertos. A grandeza da estrutura surpreendeu a população e motivou ainda mais os atletas da Comissão Central de Esportes (CCE), que se preparavam para os 34º Jogos Abertos do Interior, que teve o ginásio como um de seus polos de disputas. Os Jogos foram um sucesso e com isso o local se tornou muito requisitado para receber grandes eventos. Vieram o Campeonato Feminino de Basquete (1971), Campeonato Sul Americano de Basquete Juvenil Masculino (1975), além de diversos tipos de eventos. Em 1999, 30 anos após sua inauguração, o Gigantão voltou a ser palco das principais disputas dos Jogos Abertos do Interior. Também não faltou emoção com campeonatos paulistas e nacionais de vôlei com a equipe Lupo Náutico (anos 1990) e campeonatos paulistas e nacionais de basquete com o time da Uniara (final dos anos 1990 e início dos anos 2000).

Paralelamente às disputas esportivas, a quadra já recebeu o palco de artistas e grupos consagrados como Roberto Carlos, Milton Nascimento, Simone, RPM, Raul Seixas, Mamonas Assassinas, Angélica, Gal Costa, Gilberto Gil, Titãs, Roupa Nova, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Beto Guedes, Guilherme Arantes, João Mineiro e Marciano, Chitãozinho e Xororó, Ney Matogrosso, dentre tantos outros artistas do cenário nacional e mundial. Além dos ícones da MPB, o Gigantão acolheu a patinação artística dos Periquitos em Revista da Sociedade Esportiva Palmeiras, show dos Trapalhões, espetáculo Holliday On Nice, apresentação da orquestra do maestro Ray Conniff, entre diversos outros eventos. A economia da cidade teve parte de seu fomento no Gigantão com a primeira Feira Agroindustrial da Região de Araraquara (1971) e outras que se sucederam até a criação da atual Facira, retomada em 2017 pelo prefeito Edinho. Em duas ocasiões a quadra foi totalmente coberta de areia: em 1994, durante um rodeio que integrava a programação da Facira, e em 2009, quando recebeu um jogo de vôlei de praia com astros da modalidade como Tande, Marcelo Negrão e Nalbert.

Em 2010, o local precisou ser interditado após o rompimento de uma de suas abas externas e foi reaberto em 9 de julho de 2013, após uma ampla reforma que contou com recursos federais, estaduais e do município. Entre as obras estava a ampliação da quadra, que se adaptou às novas medidas das modalidades esportivas e ganhou o nome do atleta araraquarense Carmo de Souza, o Rosa Branca, um dos maiores nomes do basquete nacional. Em 2018, o local contou com a inauguração de uma moderna academia de musculação para oferecer uma estrutura ainda mais completa aos atletas da cidade. Mais recentemente, o local recebeu partidas decisivas do Novo Basquete Brasil (NBB), jogos da Liga de Basquete Feminino (LBF), assim como seu Jogo das Estrelas, partidas das principais ligas de futsal masculino e feminino, além do vôlei feminino (Uniara), que também chegou a disputar a principal divisão da Superliga.

Nesta quarta-feira, Araraquara volta a abrir as portas do local onde todo araraquarense guarda uma boa história para contar. Agora reestruturado, o Gigantão está pronto para ser abraçado pela população e gerar boas novas lembranças aos seus frequentadores.
 

 Confira abaixo mais lembranças do Gigantão, em fotos do acervo do Museu do Futebol e Esportes de Araraquara
 

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