A noite do último dia 3 de agosto coroou uma história de amor por Araraquara. Na companhia de amigos, familiares e autoridades, a escritora Apparecida Jesus de Godoy Aguiar, autora do Hino de Araraquara, foi homenageada com o Diploma de Honra ao Mérito no Plenário da Câmara Municipal.
Apparecida Jesus de Godoy Aguiar, também conhecida por Cida ou Cidinha, nasceu em Itirapina (SP), mas ao saber da história de Araraquara, quis se mudar para a cidade e convenceu sua família. Chegando aqui, trabalhou no laboratório de análises da Santa Casa, como auxiliar técnica de laboratório, e mais tarde, no laboratório do Dr. Murilo Ramalho, permanecendo naquele emprego até o seu casamento com Sebastião, com quem é casada até hoje e teve dois filhos: Gislaine e Geusimar.
Desde criança sempre gostou de cantar e fazer versos. Estudou no Conservatório Musical Carlos Gomes, aprendeu a tocar piano e violão, e participou de vários festivais de música. Com os filhos na escola, Apparecida sempre perguntava a eles se tinham cantando algum hino da cidade. Mas ao saber que de fato Araraquara não tinha um hino, motivou-se para escrever os versos. Com a colaboração de vizinhos e professores de música, foi montando a letra e a melodia. Em 21 de março de 1972, foi oficializado o Hino de Araraquara.
Apparecida também fez curso de Estilista, exerceu a profissão de modista por vários anos e nas horas de folga escrevia. No ano de 2003, publicou seu primeiro livro “Araraquara – Aspectos de Sua História”. Para a elaboração da obra, ela fez uma extensa pesquisa durante vários anos, de modo a resgatar documentos históricos sobre a fundação da cidade que não eram de conhecimento da população.
É uma das fundadoras da Associação dos Escritores de Araraquara, autora do projeto que rege a Associação e primeira presidente eleita da mesma.
A homenagem
A iniciativa da homenagem foi do vereador Edson Hel (Cidadania), que declarou: “É um privilégio muito grande poder conceder esta honraria a uma figura tão emblemática da nossa cidade. A história muitas vezes é esquecida, aliada à rotina e ao dia a dia. Muitas vezes esquecemos aqueles que nos ajudaram a construir a nossa cidade e as nossas memórias. O que estamos fazendo hoje aqui é mais do que resgatar a história; é reafirmar o valor histórico de um dos filhos desta terra”, salientou. Lembrando o Título de Cidadã Araraquarense, que ela recebeu da Câmara em 2007, acrescentou: “Ela não é fruto de Araraquara, mas adotou a nossa cidade como sua morada e deu seu maior presente aos nossos munícipes: o nosso hino”.
O historiador Rogério Tampellini, que sugeriu a homenagem ao vereador Edson Hel, lembrou do seu primeiro contato com Apparecida, em 1997, motivado pela curiosidade sobre o hino da cidade. O encontro rendeu uma amizade duradoura e muita admiração. “Que alegria poder estar aqui. Toda a cidade hoje está feliz, contemplada com esta justa homenagem à dona Apparecida, que muito fez pela cidade, pelas instituições, no seu círculo religioso e na Academia [Araraquarense] de Letras”, destacou.
Representando a Academia Araraquarense de Letras, o coordenador do curso de Direito da Uniara e ex-vereador, Fernando Passos, recordou a luta da autora do hino para que ele fizesse parte, efetivamente, da vida da cidade: “A dona Apparecida me procurou quando eu era vereador, por volta de 1982, inconformada porque o hino, que já era oficializado havia tantos anos, não era tocado. Realmente, passamos muitos anos sem divulgar o Hino de Araraquara. Os vereadores da minha geração não o conheciam”. Na sua opinião, “ela tem dois significados em relação ao hino: o primeiro é ter composto esta maravilha, esta poesia que reflete o araraquarense, ainda mais sem ter nascido aqui; e o segundo foi a luta dela pelo hino. Por que uma pessoa precisa lutar para que seja reconhecida uma obra de arte que é dela? Porque a vida de quem faz arte é assim, nada acontece sem luta”, refletiu.
O chefe de gabinete da Prefeitura, Cristiano Santos, contou da sua insistência para que o hino fosse cantado na escola dos filhos e saudou a homenageada em nome do Executivo: “Todo mundo que chega à cidade diz: ‘Olha esse sol, olha esse céu’. A senhora traduziu muito bem o que é a nossa cidade, o que representa Araraquara para os araraquarenses. Muito obrigado”.
Falando em nome da família, o irmão da homenageada, João Batista Godoy, agradeceu: “Foi muito perceptível o entusiasmo com que ela foi saudada aqui esta noite. É interessante, porque este é um ato formal que, no entanto, se transforma em um ato pessoal, emocional, que revelou aspectos de um humanismo muito grande. Fiquei emocionado como seu irmão, e agradeço em nome dos outros familiares”.
Por fim, a homenageada declarou: “Estou muito emocionada com esta cerimônia, nem vou conseguir falar algumas belas palavras sobre Araraquara”. Após receber a honraria, agradeceu a todos, deixando no ar uma promessa: “Não vão faltar oportunidades, porque em breve espero lançar um livro, contando como eu cheguei a Araraquara e tudo o que passei aqui até chegar a este momento”.