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Os escândalos sexuais que arranham a imagem do K-pop na Coreia do Sul

Por: BBC Brasil

Você provavelmente já deve ter ouvido falar do K-pop, o estilo musical que surgiu na Coreia do Sul e ficou conhecido no restante do mundo, inclusive no Brasil, por canções como 'Gangnam Style', do rapper PSY.

Agora, ele está de volta ao noticiário internacional, mas por motivos bem diferentes: escândalos sexuais envolvendo duas de suas principais estrelas.

O primeiro a ocupar as capas dos jornais foi Seungri, de 28 anos, o integrante mais jovem da famosa banda BigBang. A notícia de que ele havia sido acusado e preso por envolvimento em um esquema de prostituição chocou a sociedade conservadora sul-coreana. Segundo as autoridades, Seungri agia como uma espécie de cafetão, intermediando o contato entre prostitutas e empresários. Na Coreia do Sul, a prostituição é uma atividade ilegal.

A BigBang é uma das mais importantes bandas de K-pop, com vendas superiores a 140 milhões de álbuns desde sua estreia em 2006. Seus integrantes são conhecidos como os "Reis do K-pop".

Seungri bem que tentou resistir à tempestade que se formou desde que o caso veio à tona. Por semanas, defendeu sua inocência e se desculpou com os fãs pela polêmica.

Mas, na última segunda-feira, acabou anunciando sua aposentadoria precoce dos palcos pela rede social Instagram.

No mesmo dia, a TV sul-coreana SBS transmitiu uma reportagem denunciando outro cantor, Jung Joon-young. Ele teria gravado sem permissão imagens e vídeos de mulheres com quem manteve relações sexuais entre 2015 e 2016 e depois compartilhado o material em um grupo privado num aplicativo de mensagem.

Ao contrário de Seungri, Jung admitiu a culpa e prometeu que também se aposentaria dos palcos.

Na Coreia do Sul, as gravadoras exigem que cantores de K-pop tenham um comportamento exemplar.

 

'Suborno sexual'

Seungri, cujo verdadeiro nome é Lee Seung-hyun, já havia sido interrogado pela polícia em fevereiro após relatos de uso de drogas e abuso sexual na boate Seul Burning Sun, onde ele era diretor de relações públicas.

"Decidi me aposentar (dos palcos) porque a polêmica tomou grandes proporções", escreveu ele no Instagram.

O integrante do BigBang já havia cancelado todos os seus compromissos para fevereiro bem como sua turnê solo marcada para março.

A imprensa sul-coreana também vinculou o cantor ao crime de "suborno sexual", ou seja, Seungri forneceria prostitutas a investidores de sua empresa, a Yuri Holdings, que gerencia seus negócios de entretenimento e restaurantes.

Essas supostas tratativas teriam ocorrido em boates da capital sul-coreana.

Seungri é acusado de ter tentado angariar as prostitutas para seus clientes por meio de um grupo no aplicativo KakaoTalk em 2015. As mensagens que vieram a público mostram Seungri delegando a tarefa a um de seus funcionários.

O cantor também é suspeito de ter feito parte do mesmo grupo de bate-papo no qual Jung compartilhou vídeos de suas relações sexuais sem a permissão de suas parceiras.

No Instagram, Seungri pediu desculpas aos fãs e prometeu "participar das investigações".

 

'Não me senti culpado'

Jung, de 30 anos, também emitiu um comunicado, embora com a mensagem oposta: "Admito todos os meus crimes".

O cantor, acusado de ter gravado pelo menos uma dúzia de mulheres sem permissão, será interrogado nesta quinta-feira pela polícia.

"Gravei mulheres sem o consentimento delas e compartilhei os vídeos em um grupo de bate-papo e, ao fazê-lo, não me senti culpado", disse ele no comunicado divulgado na última terça-feira.

Jung pediu desculpas aos fãs e às mulheres cuja privacidade foi violada.

"Pelo resto da minha vida vou lamentar meus atos imorais e ilegais que constituem crimes", disse ele.

"Cooperarei fielmente com uma investigação policial que começará na quinta-feira e imediatamente aceitarei qualquer punição que esteja reservada para mim."

Essa não é a primeira vez que Jung foi acusado de gravar encontros sexuais sem consentimento. Uma ex-namorada o acusou pelo mesmo crime em 2016, mas acabou retirando a queixa.

Na ocasião, Jung, mais conhecido por sua atuação em um programa de TV, alegou que ela havia concordado com a gravação.

Nos últimos anos, a Coreia do Sul vem travando uma batalha contra câmeras escondidas em banheiros ou vestiários e cujo conteúdo cai na Internet. Somente em 2017, mais de 6 mil casos desse tipo foram registrados.

Seungri, que veio a ser descrito como o "Grande Gatsby da Coreia" (em alusão ao personagem do famoso romance do escritor americano F. Scott Fitzgerald) por seu estilo de vida luxuoso, tem uma enorme quantidade de fãs. Apesar disso, por causa do escândalo, cresceu a pressão para que ele deixasse o BigBang.

Na semana passada, um abaixo-assinado veio a público no qual se lia que o cantor estava causando " danos irreparáveis à reputação do grupo".

Em seu comunicado no Instagram, Seungri afirmou: "Enfrentei duras críticas do público no último mês e meio e estou sendo investigado por todas as autoridades do país".

"Como fui rotulado de 'traidor nacional', não suporto o fato de que estou prejudicando os outros em prol do meu próprio bem-estar."

Entre as respostas que recebeu, um fã disse: "Estou tão envergonhado de mim mesmo por ser seu fã há 10 anos". Outros, no entanto, pediram ao público para apoiar Seungri e a banda.

O cantor vai começar seus dois anos de serviço militar no próximo dia 25 de março.

 

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