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Paulistão: Depois de quase 20 anos, termina a espera do torcedor da Ferroviária

Time que disputou o Paulistão pela última vez em 1996 volta a entrar em campo pela primeira divisão

Após quase duas décadas marcadas por rebaixamentos, decepções e sofrimento, a Ferroviária voltará a entrar em campo para disputar um jogo da primeira divisão do Campeonato Paulista. O time grená encara o Água Santa às 16 horas em Diadema, no duelo que abre o Paulistão 2016, competição que reúne as maiores potências do futebol estadual.

Embora a Ferroviária tenha passado a maior parte de sua história na elite, as duas últimas décadas do time traz algumas recordações que o torcedor prefere esquecer. Foi no ano de 1996 que a Ferroviária disputou pela última vez a principal divisão do futebol de São Paulo. O último jogo da Locomotiva pela principal divisão estadual foi o empate por 3 a 3 com o Juventus na Rua Javari, em São Paulo, em duelo realizado no dia 5 de junho de 1996 (foto).

Desde então, o time viveu a maior crise de sua história, tanto dentro como fora dos campos. Com uma situação financeira desestruturada, a equipe amargou vários rebaixamentos até chegar à quarta divisão estadual, o que para muitos torcedores foi o motivo que faltava para abandonar a equipe nas arquibancadas. Outros permaneciam fiéis, seguindo a equipe onde quer que ela estivesse. Após deixar a quarta divisão, a equipe passou a revezar participações nas Séries A2 e A3.

Até que surgiu uma luz no fim do túnel em 2003, quando foi instaurado o clube-empresa, uma ideia de reestruturação que transformaria o time em uma Sociedade Anônima, a Ferroviária S.A., onde acionistas administrariam o futebol do time araraquarense. Em 2006, a equipe faria seu torcedor voltar a comemorar, com o título da Copa Federação Paulista (atual Copa Paulista) em uma emocionante final contra o Bragantino. O título rendeu a vaga na Copa do Brasil do ano seguinte, quando aconteceu um duelo marcante com o Juventude (RS), que terminou com a vitória afeana por 3 a 1 na Fonte, mas o resultado de 2 a 0 em Caxias do Sul resultou na eliminação do time grená.

O torcedor chegou a sonhar com o retorno à Série A1 nos anos de 2008 e 2012, quando o time fez boas campanhas na A2, mas refugou na reta final das competições. Um novo rebaixamento para a Série A3 em 2009 causou um novo baque nos afeanos.

Outro fator que deu um novo rumo às contas do time foi a venda do estádio da Fonte Luminosa à Prefeitura, em um processo comandado pelo então prefeito Edinho Silva, torcedor da equipe. Com o valor da venda, a Ferroviária saldou suas dívidas, gerando uma perspectiva melhor para seu futuro. A reinauguração da Fonte Luminosa, agora uma arena, atraiu um público de mais de 20 mil pessoas, que vibraram com o gol de Fernando Luís e a vitória por 2 a 1 sobre o Ituano pela Copa Paulista de 2009.

Em 2010, a Ferroviária fez uma bela campanha e voltou a empolgar seu torcedor ao conquistar o vice-campeonato da Série A3 e o acesso de volta à A2. Na reta final da competição, o time levou um grande público à Arena, que foi palco de jogos memoráveis contra Comercial e XV de Piracicaba.

Em 2011, a Ferroviária fez uma campanha mediana e não empolgou sua torcida. Em 2012 chegou a classificar para o octogonal, mas ficou pelo caminho. Em 2013, mais sofrimento: a equipe chegou à última rodada na antepenúltima colocação entre os 20 times, com o rebaixamento iminente, mas o milagre aconteceu. Sob o comando do técnico Jorge Saran, o time se salvou com a vitória por 1 a 0 sobre o Santo André com gol de Jonatas Obina na Fonte Luminosa e com uma combinação de resultados que até então parecia improvável. Em 2014, com a competição disputada no sistema de pontos corridos e turno único, a Locomotiva chegou a embalar na reta final, mas novamente deixou a desejar nas últimas rodadas.

Fim da agonia

Os torcedores receberam com desconfiança a notícia de que o até então desconhecido Milton Mendes seria o técnico que comandaria a Ferroviária na Série A2 de 2015. O treinador chegou ao final da Copa Paulista, não empolgou nos últimos jogos, mas iniciou o planejamento que apostava em alguns nomes que defenderam o time em 2014, como Alan Mineiro, Alcides, Roberto e Milton Júnior. A parceria com o Atlético-PR colaborou com nomes que dariam a força que faltava ao time, como o goleiro Rodolfo, o zagueiro Luan, o atacante Tiago Adan, entre outros.

Os resultados nos jogos-treino da pré-temporada preocupavam ainda mais a torcida, que viu o time estrear com um empate sem gols diante do Catanduvense, que teve um jogador expulso ainda no primeiro tempo. O time e o técnico Milton Mendes foram alvejados por críticas, mas nas rodadas seguintes começou a conquistar a confiança dos torcedores.

Com um esquema tático ofensivo e um toque de bola envolvente, a Ferroviária entrou na reta final da competição empolgando seus torcedores. A vitória por 7 a 1 sobre o Monte Azul na Fonte Luminosa fez a cidade voltar a acreditar no tão sonhado acesso, que veio com duas rodadas de antecedência. Uma festa que tomou a Avenida Bento de Abreu, onde os jogadores foram recepcionados como heróis depois da longa viagem após a vitória por 1 a 0 em Guaratinguetá.

Neste sábado, 30 de janeiro, a Ferroviária voltará a participar do Paulistão, entre os maiores times do estado. Um dia histórico para a equipe e de muita expectativa em torno do time, que terá a dura missão de corresponder dentro de campo a toda energia positiva depositada pelos afeanos.

 

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