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Prefeitura de Araraquara decreta luto oficial pela morte de José Celso Martinez Corrêa

"A grandiosidade de sua obra vai continuar brilhando nos palcos do mundo. Essa luz não se apaga e seu legado continua", declarou Edinho Silva

A Prefeitura de Araraquara decretou luto oficial de três dias pela morte do ator e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa. Nascido em Araraquara, Zé Celso fundou o teatro Oficina e revolucionou a arte dramática brasileira com um estilo próprio, inovador e subversivo.

O dramaturgo foi vítima de um incêndio em seu apartamento, na última terça-feira (4) em São Paulo. Socorrido, ele foi levado ao Hospital das Clínicas e permaneceu internado na UTI, mas não resistiu aos ferimentos.

O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, lamentou a morte do araraquarense e sua relação com a terra natal. “Araraquara carrega algo que é só nosso: a nossa identidade cultural, que faz de nós uma cidade diferente. E Zé Celso era um dos nossos maiores representantes na cultura nacional”, disse o prefeito.

Edinho lembrou ainda as diversas vezes em que Zé Celso esteve em Araraquara nos últimos anos. “Ao longo de sua vida, sempre que retornou à sua terra natal marcou presença, provocou e emocionou. Zé Celso tinha como uma de suas principais características o bom humor. Era doce, brincalhão. Tive o privilégio de estar com Zé Celso em diferentes momentos das nossas trajetórias. Nosso último encontro foi na abertura da Festa Literária da Morada do Sol, a Flisol, em novembro do ano passado. Foi uma noite histórica e memorável, porque reunimos Zé Celso e Ignácio de Loyola Brandão no mesmo palco. Eles relembraram histórias da infância em Araraquara e falaram muito da ligação com nossa cidade”, relembrou o prefeito. “A grandiosidade de sua obra vai continuar brilhando nos palcos do mundo. Essa luz não se apaga e seu legado continua”, completou

Por meio de nota, a Câmara Municipal de Araraquara homenageou o dramaturgo e destacou expressões pelas quais ele era sempre lembrado: “Ícone das artes cênicas brasileiras”, “o maior dramaturgo brasileiro”, “diretor, ator, encenador, transgressor, moderno”; “figura fundamental do teatro brasileiro”; “magnitude do teatro nacional”; “revolução do teatro brasileiro”; “figura histórica das artes cênicas”; “maravilhosamente rebelde”; “imenso legado para as artes cênicas”. Essas são algumas das expressões compartilhadas nos corredores da Câmara Municipal de Araraquara, onde vereadores e servidores lamentam a morte do araraquarense José Celso Martinez Corrêa, aos 86 anos”, depois de ter parte do corpo queimado em um incêndio que atingiu seu apartamento, no bairro do Paraíso, em São Paulo. Ele não resistiu aos ferimentos e faleceu na manhã desta quinta-feira (6)”, afirma o texto.

Tragetória

O dramaturgo Zé Celso nasceu em Araraquara em 1937. Iniciou a carreira na década de 50, com duas peças de sua própria autoria. Isso já deixava claro que o araraquarense se dispunha a ser ousado. Daí para frente suas experimentações, o constante desejo de renovação, a contestação, o protesto, a inquietude, a reverência, as provocações, o improviso, o sensorial, a vanguarda, sempre alinhado com a realidade política e cultural do país, começaram a aflorar em suas obras e interpretações. 

Ele estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas não concluiu o curso. Durante o período universitário, fundou o Grupo de Teatro Amador Oficina, no final da década de 1950, o maior ícone nacional da dramaturgia. Zé Celso dedicou mais de seis décadas à sua obra, o Teatro Oficina. 

O teatro enfrentou um incêndio no período da ditadura e seus integrantes foram perseguidos pelo regime militar. Em 1974, Zé Celso partiu para o exílio em Portugal, depois de ser torturado. Ele retornou ao país em 1978. Nos anos 80 se dedicou a pesquisas e oficinas. 

Ao longo de sua trajetória, Zé Celso se notabilizou no teatro brasileiro, formando e influenciando os principais nomes da interpretação cênica brasileira, motivo da repercussão de morte entre os meios cultural e artístico. 

Luis Antônio

Jornalista. Formado em Ciências Sociais e Letras pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Mestre em Estudos Literários. Apresentador e editor do Jornal da Morada, da Rádio Morada FM 98,1

Luis Antônio
Jornalista. Formado em Ciências Sociais e Letras pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Mestre em Estudos Literários. Apresentador e editor do Jornal da Morada, da Rádio Morada FM 98,1
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