A cantora, compositora e empresária Preta Gil faleceu neste domingo (20), aos 50 anos, nos Estados Unidos, onde realizava tratamento contra um câncer colorretal. A informação foi confirmada por sua assessoria. Filha do cantor e ex-ministro Gilberto Gil, Preta deixa um legado marcado pela irreverência artística, militância social e o exemplo de uma trajetória de coragem e autenticidade.
Diagnosticada em janeiro de 2023 com um adenocarcinoma no reto, a artista chegou a anunciar a remissão da doença no final do mesmo ano. No entanto, em agosto de 2024, novos exames detectaram a volta do câncer em quatro áreas do corpo: dois linfonodos, o peritônio e o ureter. Desde então, Preta passou por uma rotina intensa de cirurgias, internações e tratamentos, incluindo uma operação de mais de 20 horas realizada em dezembro, nos Estados Unidos, para a retirada dos tumores.
Mesmo diante dos desafios, Preta manteve o espírito combativo. Ela compartilhou cada etapa do tratamento com os fãs pelas redes sociais, expondo tanto suas vitórias quanto momentos difíceis, como o fim do casamento com Rodrigo Godoy, após traição, e uma sepse grave que a levou à UTI. Durante a jornada, também precisou aprender a conviver com uma bolsa de colostomia, que assumiu com coragem e orgulho, usando sua imagem para desmistificar o uso do equipamento.
Sua última grande aparição pública aconteceu em maio deste ano, quando emocionou o público ao subir ao palco ao lado do pai, Gilberto Gil, em São Paulo. Juntos, cantaram “Drão”, enquanto imagens da família eram exibidas nos telões — momento que arrancou lágrimas do cantor e aplausos calorosos da plateia.
Preta nasceu no Rio de Janeiro em 1974, cresceu em meio aos gigantes da MPB e desde jovem demonstrava vocação artística. Sua carreira musical começou nos anos 2000, com o lançamento do disco Prêt-à-Porter. Ao longo do tempo, lançou outros três álbuns e se consolidou como um nome de destaque no entretenimento, também atuando como atriz e apresentadora.
Mais do que uma artista, Preta se destacou como ativista. Assumidamente bissexual, mulher preta e fora dos padrões estéticos impostos pela indústria, ela se tornou um símbolo da luta contra o racismo, a gordofobia e a misoginia. Foi voz ativa na defesa dos direitos das mulheres, da população LGBTQIAPN+ e da inclusão de pessoas pretas no mercado da comunicação — incluindo a fundação da agência Mynd, da qual se orgulhava por ter maioria de profissionais negros na equipe.
A cantora também foi responsável por um dos blocos de carnaval mais populares do Rio de Janeiro, o Bloco da Preta, que arrastava multidões pelas ruas. Sua energia e sua alegria em cena conquistaram públicos diversos e marcaram gerações.
Em agosto de 2023, completou 49 anos cercada de amigos, familiares e ex-companheiros, com uma celebração que reafirmava sua filosofia de vida: o amor como força de cura. No ano seguinte, ao comemorar 50 anos, lançou sua autobiografia Preta Gil: Os Primeiros 50, onde revisitou com franqueza suas dores e superações, sua trajetória pessoal e profissional, e sua paixão pela neta, Sol de Maria.
Preta Gil parte deixando o filho, Francisco, a neta Sol, sua família e milhões de fãs que acompanharam sua jornada com carinho e admiração. Sua voz, no entanto, ecoará por muito tempo — não apenas nas canções, mas em cada causa que defendeu com coragem e verdade.
“Continuo vivendo. Feliz. Aos 50 anos, me sinto como aquela Preta de 15, com tudo novo pela frente. Mas agora com coragem. Nada mais vai me paralisar de novo”, escreveu ela, em sua autobiografia. Essa foi, e será, a marca de Preta Gil: uma vida vivida com verdade, intensidade e amor.
Foto: Reprodução
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