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Quem foi Bento de Abreu, o “plantador de cidades”?

Cidadão ilustre teve passagem marcante por Araraquara, onde chegou à presidência da Câmara Municipal

Texto: Silvia Gustavo/Memorial da Câmara Municipal de Araraquara

 

Bento de Abreu Sampaio Vidal, nasceu na cidade de Campinas,  em 17 de agosto de 1872.

Filho de Joaquim José de Abreu Sampaio Vidal e de sua segunda esposa, Dona Maria das Dores Sampaio Vidal.

Quando nasceu sua família já era grande, pois seu pai Joaquim fora casado em primeiras núpcias com a senhora Eulália Carolina  de Meira (falecida) e havia tido três filhos homens.

O menino Bento passou parte de sua infância e juventude entre a casa da família, na cidade de São Carlos, e a fazenda São Joaquim de propriedade do seu pai, voltando a residir em Campinas quando chegou à idade escolar.

Em Campinas estudou no Colégio Culto à Ciência, onde recebia ensinamentos baseados no ideal positivista que fascinou a mente de parte da elite cultural paulista, norteando suas principais ações políticas e sociais, durante os últimos decênios do século XIX e as primeiras décadas do novo século. Nota: nesse colégio conheceu Alberto Santos Dumont e seu pai.

Não chegou a concluir o curso secundário e ao que tudo indica a causa para isso pode ter sido a febre amarela  que obrigou o fechamento dos colégios, ou a segunda hipótese, é que o seu pai tivesse escolhido para auxiliar nos negócios da família.

Dessa forma, aos 17 anos trabalhava com seu pai, primeiramente na fazenda com negócios de café e logo a seguir na Casa Bancária em São Carlos, onde exerceu as funções de diretor-gerente.

Bento de Abreu era arrojado e dedicado, herança do patrono, um dos fundadores de São Carlos do Pinhal.

 

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Jovem, aos 22 anos de idade, casou-se em 15 de junho de 1895 com Maria Izabel de Arruda Botelho, filha de Bento Carlos de Arruda Botelho e dona Maria Izabel d’Oliveira Botelho passando a pertencer ao clã Arruda Botelho. Dessa união nasceram 11 filhos.

A falência do Banco União de São Carlos,  difícil fato na vida da família de Bento, fez com que ele deixasse a cidade de São Carlos, adquirisse a fazenda Boa Vista, localizada na Sesmaria das Almas, então município de Araraquara, rebatizando-a com o nome Fazenda Alpes, onde passou a residir e colocou em prática o aprendizado administrativo com a experiência bancária, aliado ao que sabia sobre a cafeicultura.

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Em 1908, Bento de Abreu elegeu-se à Câmara Municipal de Araraquara, ocupando pela primeira vez um cargo público e iniciando formalmente sua carreira política.

Ao final do triênio 1908-1910, reelegeu-se, assumindo então, a presidência da Câmara, cargo mais importante do município.

Em discurso pronunciado em 15 de janeiro de 1911, no início do novo mandato diz: “… No tempo de meu avô não precisava ele saber do governo. Em sua fazenda tinha tudo: a carne, o pão, o vinho, plantava o algodão, tecia o pano, de modo que só comprava o sal, pagava o colégio para os filhos e só. Hoje não, a sorte do cidadão está intimamente ligada à marcha do governo de seu país”.

Também no ano de 1911 foi diretor do “Banco de Araraquara”.

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Em Araraquara, após dois mandatos (1911-1913  e  1914-1916) presidindo a Câmara Municipal, Bento de Abreu deixa seu cargo para se dedicar às suas novas propriedades agrícolas,  e após algum tempo, passou a residir em São Paulo.

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Ano 1915

Durante os anos em que esteve afastado dos cargos públicos, Bento de Abreu, abriu novas fazendas no interior do Estado e ajudou a fundar a Sociedade Rural Brasileira – SRB em 1919.

Enquanto se envolvia cada vez mais nos negócios do café e na política estadual, Bento de Abreu viu seus filhos crescerem  e em meados da década de 1920, começava a tornar-se patriarca de uma grande família. Tanto seus varões, quanto seus genros, Malta Cardoso, Altenfelder Silva, Benevides de Rezende e Cerquinho Malta passaram a auxiliá-lo em seus projetos políticos e na condução dos negócios familiares.

Em meados da década de 1920, elegeu-se deputado apresentando diversos projetos no Congresso de São Paulo.

Em 15 de janeiro de 1923, após oito anos distante dos cargos públicos em nosso município, Bento de Abreu voltou a presidir a Câmara Municipal de Araraquara e naquele ano num discurso propôs a criação de um horto florestal, assunto inusitado para àquele tempo, ganhando importância nos meios de comunicação e político somente muitos anos mais tardes.

Ao final de 1924, Bento de Abreu foi eleito deputado estadual  para a 13ª legislatura (1925-1927) e passou a acumular os dois cargos públicos, conforme permitia a legislação vigente àquela época.

Como homem público e exercendo a presidência da Câmara Municipal de Araraquara, sob sua orientação fizeram-se todos os melhoramentos que tornaram desta cidade um modelo: calçamento das vias públicas, iluminação, águas e esgotos, hotel, clube, estádio municipal entre outros.

O teatro municipal foi um dos mais importante de uma série de obras, além da fundação Maternidade e Gota de Leite e da Santa Casa de Misericórdia, da oficialização do Ginásio do Estado (hoje EEBA) e criação da Escola de Farmácia e Odontologia de Araraquara.

Bento de Abreu entendia que as Câmaras municipais deveriam ter autonomia financeira para efetivarem as políticas locais e quando se tornou deputado estadual constituinte, trabalhou a favor dessa ideia.

Para o triênio 1928-1930 não voltou a ser reeleito no legislativo estadual, permanecendo apenas presidindo a Câmara Municipal de Araraquara.

No ano de 1929 foi eleito presidente da Sociedade Rural Brasileira, de onde acompanhou os acontecimentos políticos que acabou desencadeando a Revolução de 1930.

Em 1935, Bento de Abreu elegeu-se à Constituinte paulista, ocupando o cargo de Secretário de Agricultura do Estado e terminando seus dias politicamente ativo após participar da Constituinte Estadual de 1947.

A partir do início da década de 1940, Bento de Abreu vai, aos poucos, passando as atribuições de suas atividades aos filhos e genros.

Deixou numerosa descendência, toda ela norteada pelas excepcionais virtudes morais e cívicas desse que, em vida, foi uma das expressões mais altas da sua terra.

Faleceu em 15 de maio de 1948 na cidade de São Paulo e foi sepultado no cemitério da Consolação junto com a sua esposa Maria Izabel falecida em 26 de julho de 1930.

Em 17 de maio daquele ano, a Assembleia Legislativa de São Paulo realizou uma sessão extraordinária em homenagem à sua memória.

Em dezenas de municípios paulista, é viva as homenagens que prestam ao ilustre municipalista que, em vida, tanto batalhou pelas causas do interior.

Seu nome está em via pública das cidades de Santa Lúcia, Marília e Bento de Abreu, entre outras.

Em Araraquara foi homenageado denominando via pública, através da Lei 11, de 1948.

Também foi homenageado com a ereção de monumento, através da Lei 192, de 1952.

 

Referências Bibliográficas: 

  • ZIOLI, M. POLÍTICA COM CAFÉ NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – Bento de Abreu Sampaio Vidal (1872-1948). UNESP Assis, 2006. (Dissertação de Mestrado). 
  • Álbum de Araraquara 1915 e 1948
  • Processo Legislativo 106/1948 – Câmara Municipal de Araraquara
  • Processo Legislativo 077/1952 – Câmara Municipal de Araraquara
  • http://www.al.sp.gov.br/assembleia/historia-da-alesp/

 

 

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