O sindicato que representa os coletores de lixo de Araraquara e região demonstrou em audiência de conciliação, na tarde desta quinta-feira, dia 17, com o Ministério Público do Trabalho (MPT), ser favorável às mudanças no sistema de transporte dos trabalhadores, mas desde que ocorram de forma gradual para se atingir o resultado desejado de abolição dos estribos.
O presidente Pedro Alves Filho disse ainda “vê com bons olhos” cabines acopladas aos veículos de coleta para garantir mais segurança aos coletores. Mas ressaltou que esta solução não poderia ser a imediata para o problema neste momento experimentado em Araraquara.
A audiência de conciliação foi presidida pelo Procurador do Trabalho Dr. Rafael Araújo Gomes. Durante as oitivas, que ocorreram virtualmente, os representantes do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação e Trabalhadores na Limpeza Urbana e Áreas Verdes de Araraquara, São Carlos, Matão e Região também afirmaram que o DAAE – Departamento Autônomo de Água e Esgoto, de Araraquara, jamais consultou ou procurou a entidade para discutir a mudança da forma de realização da coleta.
Coletor
Um coletor de lixo, que trabalha em Araraquara há 10 anos, também participou da audiência. Ele ressaltou que sempre trabalhou com a plataforma de descanso, que também chama de “plataforma de risco”. O profissional disse que no dia 27/01, quando começou a mudança, a sua equipe não dispunha de carro de apoio, mas soube que algumas equipes tinham e outras não. Já na terça e quarta-feira desta semana, quando retiraram novamente os estribos, foi disponibilizado carro de apoio com motorista para sua equipe.
Cansativo
O coletor disse ainda que é muito cansativo para entrar e sair do carro de apoio a cada minuto, de uma casa a outra onde há lixo por recolher. “Isso se torna mais cansativo porque o lixo não é mais acumulado nas esquinas antes do caminhão passar”, destacou o trabalhador.
Sugestões
Algumas sugestões foram apresentadas ao Procurador do Trabalho pelo sindicato da categoria para solucionar o impasse na coleta de lixo em Araraquara. Uma delas é que “a retirada dos estribos é desejável do ponto de vista da segurança, mas precisa ser implementada gradualmente; que no primeiro momento, seja permitida a utilização do estribo, mas apenas para deslocamentos do caminhão até no máximo 15 km/h, e apenas para trechos curtos, entre 100 e 200 metros, e nunca em vias mais rápidas; propõe também que se mantenha a utilização dos carros de apoio junto a cada equipe, para realizar os deslocamentos fora das condições mais restritas admitidas para o uso do estribo, justamente para que o trabalhador vá se acostumando com a ideia de tal mudança e aprendendo as vantagens de tal forma de transporte; entende o sindicato também que a redução da jornada dos coletores seria uma providência adicional importante na direção de tal assimilação da mudança, já que diminuiria o desgaste diário do trabalhador e permitiria mais tempo para sua recuperação.
Pelo Ministério Público do Trabalho foi dito que considera razoáveis as sugestões e ponderações do sindicato. O MPT deve responder à proposta de conciliação do DAAE nesta sexta-feira, dia 18, e várias das sugestões do sindicato podem ser aproveitadas.