InícioEsporte+EsportesTetê Viviani e a arte de fotografar a história 

Tetê Viviani e a arte de fotografar a história 

Araraquarense captou em suas lentes grandes momentos esportivos e sociais de Araraquara

A máquina fotográfica é uma extensão do corpo de Tetê Viviani. O fotojornalista araraquarense de 65 anos respira a fotografia desde a década de 1970 e desde então acompanhou de perto e eternizou momentos marcantes da história da cidade por meio de suas lentes. 

Após passar por todos os processos de aprendizado na profissão, desde 2008 ele é assessor de imprensa da Prefeitura de Araraquara, onde pode trabalhar fazendo o que mais ama: fotografar. O amor pela prática é tão grande que, nos tempos livres, ele faz a mesma coisa, de preferência na beirada do gramado da Fonte Luminosa. Sua ligação com a Ferroviária é tão expressiva que até seu aniversário é comemorado no mesmo dia do time.

Ele registrou passagens emocionantes do esporte local como alegrias e tristezas da Ferroviária, jogos lendários no Gigantão e o título da Libertadores Feminina conquistado pelas Guerreiras Grenás na Colômbia. Eventos sociais como shows de Raul Seixas e Roberto Carlos também estão em sua lista, assim como casamentos, inaugurações e eventos. Em cada clique, estava lá o amor pela fotografia.

Origem

A identificação com a Ferroviária surgiu logo em seu nascimento, já que Benedito Reginaldo Viviani nasceu em 12 de abril de 1955, data em que a Locomotiva comemorava cinco anos de fundação. Nasceu em Araraquara, filho de Benedicto Lázaro Viviani e Orávia do Carmo Zampieri Viviani, que se casaram pouco antes de se tornarem maiores de idade. O pai de Tetê era gráfico, enquanto a mãe era dona de casa, ambos 'guerreiros' que cumpriram com méritos a dura missão de criar seis filhos. 

Além de Tetê, o casal teve Mário Augusto (que faleceu em 2011 aos 57 anos, prestes a se aposentar em Furnas), Luís Carlos (operário que faleceu em 2000 aos 41 anos), Richard Gabriel (professor de geografia), Rosane Aparecida (empresária) e Débora Solange (assistente social do Fórum). Ele conta que seu pai faleceu em 1988 e sua mãe em 1998.

Ajudando em casa

Tetê Viviani se lembra de que seu pai, paralelamente ao trabalho em gráficas e jornais da cidade, produzia tabelas de campeonatos, cartazes e panfletos. "Uma das coisas legais que ele fez foi folhetos com a programação dos quatro cinemas da cidade, que na época eram o Paratodos, Odeon, Nove de Julho e Cine Coral. Ele conseguia propagandas no comércio e, no caso, eu e meus irmãos, com oito, dez anos, entregávamos na porta dos cinemas. Depois assistíamos aos filmes e por isso temos boas recordações dessa época", relembra ele, que  também ajudava o pai a pintar muros em épocas de campanhas eleitorais. 

Seu pai também criou um folheto com a relação de médicos da cidade, que se tornou sucesso da época e resiste até hoje. "A Gráfica Esperança continua fazendo e continuou o legado dele depois que faleceu", salienta Tetê. 

"Nossa infância sempre foi assim. Uma família simples, mas sempre procurando alguma coisa para ajudar os pais. Os irmãos eram todos envolvidos com esportes e o pai sempre comemorando jogos no rádio. Morávamos na Vila Xavier, em uma casa simples de fundo, e depois ele construiu outra", acrescenta ele, que foi levado à Fonte Luminosa pelo pai no começo da década de 1970 para ver seu primeiro jogo da Ferroviária.

Futebol na adolescência
   
Naquela época, a cidade era repleta de campinhos de futebol, esporte que era o principal assunto entre os alunos na escola. Por isso, as crianças já respiravam o esporte desde cedo. Tetê brincava de 'gol-caixão' na rua e sempre gostou de jogar na defesa. "Eu ia bem. Todo mundo me falava pra treinar, ser zagueiro", relata ele, que também gostava de sair com os irmãos e amigos para pescar nos rios da cidade. 

"Meus tios já tinham o time dele, o Olaria. A molecada sempre ia na Atlética para ver meus tios jogar", diz Tetê, que iniciou seus estudos na Escola Antonio Lourenço Corrêa e se transferiu para a Carlos Batista Magalhães, ambas na Vila Xavier.

Naquela época, Crisnamurt Teixeira, o Murtão, tinha um time na Vila Xavier. "Todos os moleques queriam jogar no time dele. Uma vez fomos todos à Atlética para fazer um teste. Eu consegui treinar meio tempo entre os mais velhos. Ele convocou 11 para jogar, deixou 20 de fora, entre eles eu, por isso fiquei chateado", lembra Tetê, que se lembra também de outro campo onde os garotos se reuniam. "Na Vila Xavier, perto de onde é hoje o Bom Prato, havia umas mangueiras em um terreno. A molecada limpou, fez um campo e o batizamos de Mangueirão", conta.

Com vários times curtindo uma fase inesquecível do futebol de rua, eram comuns os 'jogos-contra'. Em alguns deles, os amigos de Tetê enfrentavam o time da Avenida Ipiranga, que contava com um nome de peso, o craque Douglas Onça, ainda menino. "Aquele moleque loiro, tinha um belo domínio de bola, driblava fácil. E tinha um goleirão deles, que era o Fernando. Marcávamos jogos contra eles e não era brincadeira. Colocávamos pedra grandes para os gols e só podia fazer gols rasteiros. O Douglas já mostrava habilidade ali e foi muito legal aquela época", analisa.

Fundou o União Skina

Paralelamente à Copa de 1970, os garotos perceberam que Murtão estava com excesso de jogadores em seu time, por isso se reuniram na esquina da Rua 13 de Maio com a Bento de Barros, na Vila Xavier, com o intuito de montar sua própria equipe.

"E naquele clima de Copa do Mundo, estávamos conversando na calçada e resolvemos fundar o Esquina, que era escrito com a letra E. Depois fomos pesquisar e já havia existido um outro time com esse nome na cidade, porém era de futsal. Decidimos manter o nome, mas colocamos União Skina. Eu tinha 15 anos e participaram dessa fundação o Marcão Cumpri, o Mário Augusto, o Bertinho e a molecada que morava ali", revela. 

Os garotos precisavam de um presidente e elegeram Odilon Ferreira, ferroviário e pescador que era amigo de um dos pais dos meninos. "Elaboramos uma rifa para comprar o uniforme e, no dia seguinte,  avisamos o Odilon que ele era o presidente. Ele riu muito, mas aceitou", conta Tetê. 

"O Skina começou em uma brincadeira, mas foi interessante essa passagem em nossa trajetória. Neste dia 1º de junho o União Skina completa 50 anos", acrescenta.

Profissões

O primeiro emprego do garoto foi de entregador de jornal para o Diário da Araraquarense. "Era final da década de 60. Eu acordava de madrugada, acompanhava as últimas impressões da máquina que ficava na Duque de Caxias. A gente dobrava o jornal, contava, colocava na sacola e saía. Meu último ponto era Restaurante do Cidinho, onde eu tomava um sorvete e sempre ganhava gorjeta das pessoas que recebiam o jornal", conta.

Ainda na adolescência, Tetê Viviani prestou o vestibulinho para o Industrial e já revelou uma tendência para o jornalismo. Na primeira etapa do exame, ele elaborou uma redação sobre um circo que estava localizado onde hoje é a Via Expressa, focando o cotidiano da vida nômade. No dia seguinte, aconteceu o exame de matemática e o jovem se dirigiu à escola. "Era uma confusão, eles iam chamando os nomes, mas não me chamaram e fui embora. Se passaram uns três dias, foi uma professora em casa, a Dona Lurdinha. Ela era brava, mas perguntou porque eu não tinha feito a prova de matemática. Minha mãe explicou que eu fui lá e não me chamaram. A professora disse que não queria perder esse aluno porque a redação foi ótima", diz ele, que voltou lá para fazer a prova de matemática sozinho e passou. Cursou dois anos de torneiro mecânico. "Tinha a opção de mudar e mudei para marcenaria. Mas era o suficiente", conta.

Primeiro contato com a fotografia

Ele cursou duas profissões, mas não trabalhou em nenhuma delas. Isso porque, nessa época, passou a ter contato com aquela que viria a ser sua grande paixão: a fotografia. Quando ia para a escola, perto do viaduto, via um senhor, Juacir Fernandes, fotografando os trens e as pessoas. "Ele mesmo revelava as fotos. Um dia ele mostrou para nós o laboratório, explicou o funcionamento e eu me interessei", destaca. 

Porém, para exercer a prática, Tetê esbarrava no alto custo dos equipamentos fotográficos. "O ampliador era caro e eu fazia só o contato do negativo, com a impressão do mesmo tamanho do negativo. Com o passar do tempo, vi que precisava ampliar as fotos e decidi comprar um ampliador. Aí comecei a fotografar e revelar, branco e preto, no fundo do quartinho em casa. Era tudo difícil, tudo caro e você tinha poucas opções de trabalho aqui. E eu via a fotografia como uma perspectiva de futuro. Percebi que era um trabalho que muitos não iriam querer fazer, por ficar em um laboratório, com aquele cheiro químico forte e aquela coisa toda. E como eu era introspectivo, ainda sou, eu falei que ali dentro eu me daria bem", recorda ele.

Tetê Viviani começou no ramo fotográfico como laboratorista. "Um rapaz de Jundiaí abriu na Vila o Foto 3D. Ele viajava e precisava de alguém para revelar e eu trabalhei lá. Do laboratório, eu passei a pegar a máquina para ajudá-lo e ia com ele em alguns trabalhos", relata. 

Revelou a primeira foto colorida de Araraquara

Nos anos 70 estava começando a revelação colorida no Brasil. "Em São Paulo havia um laboratório chamado Kurt, fundado por um alemão que veio tentar a sorte no Brasil. Com o advento do papel colorido, ele montou um laboratório. Aí o araraquarense Rubens Peres e seu irmão Eraldo Peres estavam em São Paulo, onde trabalharam no laboratório da Folha de São Paulo, e foram trabalhar no Kurt, que tinha serviços do interior e era uma coisa fenomenal. Depois de um certo tempo, em 1977, ele se mudou para Araraquara e resolveu abrir um laboratório colorido, que seria o primeiro da cidade", descreve Tetê.

Rubens tinha alergia aos produtos químicos, por isso o ampliador ficava em uma sala separada, onde ele ampliava as fotos no escuro e alguém teria que revelar. E esse alguém foi Tetê Viviani, que foi indicado por fotógrafos da época para trabalhar com ele. Seu laboratório foi montado na Arasom, uma loja que ficava no final da Rua Nove de Julho, cujo proprietário era Antenor Fiorio. A loja continuou um tempo com o nome de Arasom, mas como reservou um espaço para fotografia, virou Aracolor. "Foi feito teste e quem revelou o primeiro filme colorido na cidade, que eu tenho conhecimento, fui eu", garante Tetê.

"Revelamos o primeiro filme, o primeiro slide também. Logo em seguida a notícia se espalhou e os concorrentes correram atrás de montar um laboratório colorido, no caso o Tucci, o Foto Fuji e o Sandro. Mas começou tudo na Aracolor", acrescenta ele, que também absorveu grande conhecimento com os profissionais que visitavam a loja e lhe davam instruções sobre todos os macetes da área. "Lá eu fui aprendendo sobre ângulo, revelação, e esse contato foi um alicerce para futuras jornadas fotográficas", completa.

Seu estúdio

Após a Aracolor, Tetê passou pela TV Morada do Sol (revelava os slides utilizados em comerciais) e também no Fotocolor na Avenida Espanha. "O Fotocolor fechou, fiquei com algumas coisas e em 1984 montei o Foto Viviani no Mercado Municipal. Era um estúdio limitado, fazia foto 3×4 em um box. Depois aluguei ao lado e montei um estúdio, que funcionou por 25 anos até 2008. Enquanto eu estava ali no mercado, eu também fotografava jogos da Ferroviária e muitos jogadores iam lá atrás de fotos", salienta.

Referências

Tetê Viviani tem muitas referências em sua área, mas relembra com carinho de um fotógrafo que admirava ainda na infância. "Valorizo o trabalho de todos, mas eu tenho uma lembrança mais forte do Antonio Sandro, o Tchê, que foi goleiro da Ferroviária e um fotógrafo popular da cidade. Ele passava na Vila com uma vespa e minha mãe pedia para tirar fotos nossas. Conquistou a cidade com sua simpatia e com suas fotos", relata.

Ele também cita outros profissionais que serviram de inspiração na fotografia, como Mário Zampieri, seu primo e fotógrafo do Imparcial, que marcou décadas na cobertura esportiva e policial da cidade. "Também admiro muito o Fernando Santos, da Folha de São Paulo, que está com quase 80 anos. Aprendi muito com ele. Sou fã incondicional do Sebastião Salgado pelo resultado que ele consegue na fotografia. Ele faz uma fotografia de engajamento social profundo, ajuda com suas fotos, tem ONGs e fundações envolvidas na preservação da Mata Atlântica e índios da Amazônia. Ele também tem trabalhos na guerra, com vítimas de minas de bombas que tiveram pernas amputadas. Ele sempre colaborou com sua fotografia, que tem repercussão mundial. É um cidadão do mundo", analisa.

"Domício Pinheiro também é o meu ídolo. Fotografei ao lado dele o jogo entre Ferroviária e Grêmio e conversamos muito. Alceu Patrício, com quem trabalhei na Morada do Sol em 1979, também me ensinou muito", complementa.

Celeiro de bons fotógrafos

Segundo o fotojornalista, Araraquara sempre esteve bem servida na área fotográfica. "Hoje, com a era digital, a fotografia está democratizada, todos têm acesso, com câmera mais leve e mais possibilidade de fotos. Vemos que está surgindo uma geração campeã, aqui em Araraquara, onde sempre tivemos excelentes fotógrafos profissionais como o Cesarino, Tucci, Anselmo, Geraldo Fernandes. Na parte esportiva também tivemos Mastrângelo Reino, Sérgio Pierri, Amanda Rocha, Deivide Leme, Zezinho do Imparcial, então são inúmeros", avalia Tetê, que também colaborou com muitas fotos para o acervo de Paschoal Gonçalves da Rocha.

Foto digital
 
Ele conta que o mercado sofreu no início, mas teve que se adaptar às novas tecnologias. "Sentimos um impacto muito grande com o digital, mas ao mesmo tempo o digital veio para colaborar com o meio ambiente, porque o processo fotográfico de revelação exige químicos que poluem o ambiente se não forem descartados com as medidas preconizadas pelos órgãos de saúde e muitos laboratórios clandestinos não seguiam essas normas. E o filme também é celulose, tirado da madeira", observa.

Fotos memoráveis

Tetê relembra de inúmeras fotos que marcaram sua trajetória. Uma delas foi tirada no show de Raul Seixas em 1989 no Gigantão. "Foi uma despedida. A gente percebeu que ele estava debilitado, demorou para subir ao palco, com o Marcelo Nova esquentando o palco e depois ele entrou e foi um delírio total. Estava ressurgindo em uma carreira conturbada. Chegamos perto dele. Ele estava incomunicável, mas foi legal. Fiz um DVD para distribuir para os amigos", conta.

"Também no Gigantão, teve o Roberto Carlos em 1985. Ele não tinha tanta tecnologia como tem hoje, o palco era mais baixo e eu consegui chegar bem perto. No show de 85, Chitãozinho e Xororó estavam na plateia, jovens demais, o Roberto Carlos agradeceu a presença e disse que a dupla iria conquistar o Brasil. Em 1992 eles voltaram e eu também fotografei o show deles, que se lembraram que estiveram lá em 1985 e que tiveram conselhos de Roberto Carlos", ressalta.

Emoções no esporte

Mas as maiores emoções estão no esporte, como o jogo de basquete entre Uniara e Flamengo em 2002 no Gigantão. "O Oscar Schmidt e o Pipoka se encontraram em alguns lances que eu fotografei", se orgulha.

No futebol, captou grandes momentos afeanos, como a conquista da Copa Paulista de 2006, o acesso à Série A2 em 2007 e o rebaixamento em 2009. "Foi um dia triste, fomos a Santos acompanhar a Ferroviária, que perdeu e foi rebaixada, mas foi um momento marcante. Em 2010 ela voltou definitivamente à Série A2 e de 2010 para cá nunca mais caiu", diz ele.

O acesso conquistado em 2015 também não sai da memória. "A cada rodada a gente confiava que iria subir, mas eu guardo com carinho a foto do gol do Tiago Adan em Guaratinguetá, assim como a festa da torcida. Foi um sábado especial naquele 18 de abril de 2015", recorda.

"Teve um jogo contra o Corinthians aqui que terminou em 2 a 2 em 2016. Eu estava com dengue, fui de teimoso, piorei e fiquei um pouco afastado. Também acho legal também o gol do Tony no Allianz Parque, que está mais vivo na memória do torcedor", acrescenta. 

Para Tetê Viviani, a emoção está em cada clique, seja em jogos, casamentos ou inaugurações. "Eu sempre fotografei com emoção, senão já teria perdido o interesse em fotografar. Eu me envolvo, eu vivo e continuo vibrando, senão não teria sentido fotografar tanto tempo assim. Eu tenho dificuldade de fotografar jogos da Ferroviária porque estou sempre chutando a bola, estou cabeceando, estou espalmando como goleiro afeano, então é complicado", brinca.

Orgulho

Tetê compara a profissão de fotógrafo com a de compositor musical. "Tem que ter a inspiração e o tema da música, mas você vai cantar até decorar. Se você põe ela na gaveta, ela cai no esquecimento e você também. Então a fotografia tem isso também, ela tem que ser publicada. Independente do retorno financeiro, que está cada vez mais difícil, você tem que ter o reconhecimento, alguém tem que falar que gostou. Por isso a gente torce para a foto ser publicada", explica. 

Assim, ele tem muitas fotos preferidas, porém aquelas que tiveram maior abrangência são especiais. "Eu tenho várias fotos do Sabugo que eu gosto pessoalmente, algumas até foram publicadas. Mas o trabalho reconhecido e a foto publicada tem outro peso. Entre as fotos publicadas, eu acho que aquela da Daiane levantando a taça da Libertadores em 2015, para mim representa um reconhecimento, um prêmio por eu estar lá e conseguir fotografar o momento mais importante do esporte coletivo de Araraquara, uma conquista de peso. A Ferroviária esteve no topo e essa notícia correu o Brasil, saiu na revista Placar, jornais locais, regionais e nacionais", justifica.  

"Um dia desses eu estava vendo meus negativos e não sei o que vou fazer com aquilo. E ao mesmo tempo eu fico admirado por ter produzido tudo enquanto eu estava em outras atividades. Mesmo trabalhando em casamentos, inaugurações e tendo loja, deu tempo de fotografar uma boa parte da história da Ferroviária e da sociedade araraquarense", salienta.  

Ferroviária em sua vida

Tetê define a Ferroviária como uma extensão da sua família. "Faz parte da minha vida e eu faço parte dela. É uma coisa nossa. O verdadeiro amigo, você nunca desiste. Você conhece os defeitos dele e não vai criticar por isso, você vai apoiar, incentivar. E a Ferroviária é isso. Na fase gloriosa eu sempre colaborei, registrando momentos, sendo sócio, conselheiro, assim como sou sócio-torcedor. Nunca tirei vantagem, sempre estou à disposição, não critico, incentivo, acompanho as categorias de base, frequentei o clube social, piscinas e eventos. Em todos os sentidos sempre apoiei, então a Ferroviária é tudo. É difícil separar as coisas", descreve.

"Nós somos a Ferroviária. Em todos os lugares onde ando na cidade eu tenho que responder algo sobre a Ferroviária, então até por obrigação eu tenho que estar bem informado. Mas eu me sinto um colaborador comum, padrão, que faz parte. Não vou declarar que sou doente, apaixonado, não é o caso, sou um operário da Ferroviária, independente de qualquer situação. Já estive por todos os lugares na quarta divisão, na terceira, na segunda e agora na especial. A gente é antes de tudo um torcedor", completa. 

Gratidão à fotografia

Tetê Viviani declara seu amor à profissão que marca diariamente sua vida. "Eu só tenho gratidão, adoro a fotografia. É o sustento da minha família e com ela eu consegui a casa onde moro, o carro, a alimentação, tudo vem da fotografia. Não penso em parar de fotografar e acho que nem conseguiria. Fotografia é minha vida e tenho o maior respeito pelo trabalho fotográfico. Procuro fazer o melhor", assegura.

Para ele, a fotografia é algo que tem a função de marcar as vidas das pessoas. "É difícil imaginar uma pessoa que não gosta de fotografia. Algumas podem não gostar de ser fotografadas, mas vão gostar de alguma fotografia, com a mãe, com algum parente. Ela vai ter a necessidade da fotografia. Além de ser uma imagem emocional, a fotografia tem seu lado prático. Todo mundo tem que estar documentado. Por isso eu vejo a fotografia em todos os ângulos. Ela abrange um leque enorme", avalia. 

Momento atual

Tetê Viviani reside na Vila Xavier e tem uma união estável – quase um casamento – de 28 anos com Elisa Sakai Sinzato, com quem tem o filho Raul. O fotojornalista também é formado em Direito, turma de 1986, e até hoje é inscrito regularmente na OAB. Também se formou na primeira turma de Jornalismo da Uniara em 2002.

Ele passou em um concurso público em 2006 e desde 2008 trabalha como assessor de imprensa da Prefeitura. "É um trabalho que gosto, me envolvo, procuro estar sempre à disposição, independente se está chovendo, se é frio, se é feriado ou fim de semana. Procuro me envolver, saber o que está acontecendo e fazer o máximo", diz. 

Durante a pandemia do coronavírus, Tetê trabalha pela manhã e aproveita o resto do tempo para organizar seus arquivos. "Estou trabalhando em home-office. Faço serviço externo de manhã, com todos os cuidados, e à tarde elaboro matérias", diz ele, que também gosta de ouvir sua coleção de discos de vinil, que conta com mais de 800 obras de MPB, com as coleções completas de Chico Buarque, Paulinho da Viola, Agepê, entre outros.

"Eu gravo discos, escrevo matérias especiais, revejo matérias que publiquei nas últimas décadas, separando. Às vezes o tempo não deixa fazer tudo que quero, mas é momento de introspecção. Leio livros e também tenho espaços para orações pela paz mundial, para iluminar os cientistas para criarem uma vacina contra o coronavirus. A gente se une nessa corrente do bem com orações", relata.

Entre seus projetos paralelos estão um canal de entrevistas que será reativado no Youtube e um trabalho que irá desenvolver sobre os rios de Araraquara.

A foto que falta

Tetê Viviani conta sobre as fotos que sonha em tirar. "Hoje, com essa pandemia, gostaria de tirar uma foto do cientista com a fórmula pronta da vacina. Mas falando do nosso ambiente, falta a foto da Ferroviária campeã paulista. É um sonho. É possível. O futebol está muito nivelado, competitivo e ao mesmo tempo é dedicação. Não temos mais o craque que decide o jogo. Hoje os jogadores estão praticamente todos no mesmo nível tecnicamente, se igualam. Então a vontade é fundamental, um jogar pelo outro. Com todo esse histórico da Ferroviária que tenho, vejo que falta esse título. Já estivemos perto de outros, como aquele Brasileiro da Série C, além de outras decisões. Então seria a foto do título paulista da Ferroviária", finaliza o fotógrafo.

 

Confira abaixo algumas fotos da vida de Tetê Viviani.

 

 

 

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