A poucos dias do início da Copa do Mundo 2022, no Catar, a ‘febre’ da troca de figurinhas do torneio segue em um ritmo intenso em Araraquara, trazendo de volta um hobby que une colecionadores de várias gerações e que faz muitas crianças terem seu primeiro contato com os atletas, com a tabela de jogos, com o clima do Mundial e até mesmo com o esporte.
Em Araraquara, vários pontos de trocas de figurinhas reúnem apaixonados pela prática, principalmente aos sábados e domingos. O local mais antigo a oferecer esse serviço na cidade é a Banca do Parque Infantil, no Centro, onde os frequentadores podem usufruir de mesas e cadeiras colocadas sob a agradável sombra das árvores, em um clima de muita descontração e tranquilidade.
O proprietário da banca, Claudomiro Pedroso, revela que o estabelecimento tem 30 anos e há 20 ele promove a troca de figurinhas da Copa do Mundo. “É um sucesso cada vez maior. Se uma pessoa vem decidida a não comprar figurinhas hoje e vê outra pessoa do lado abrindo um pacotinho, ela não resiste e compra também, vai no embalo. No momento, a maior parte das pessoas já completaram, mas mesmo assim tem muita gente no segundo e até no terceiro álbum”, salienta.
Ele conta que a Copa do Mundo tem esse poder de atrair as pessoas para a coleção de cromos. “É uma coisa interessante. Se eu começo a vender o álbum de figurinhas da Copa em uma sexta-feira, no sábado já tem gente aqui trocando. Tive um caso aqui de uma pessoa que começou a comprar figurinhas na sexta-feira e no domingo já tinha completado o álbum. As pessoas que completam rápido acabam começando outro álbum. E quando acaba a Copa é como se fechassem as cortinas, porque a troca acaba de uma vez”, relata.
Claudomiro destaca o ambiente familiar criado pela interação. “A maior parte das mesas conta com pai, mãe, avô, avó e crianças. Tem 20 anos que faço isso aqui, o que seria cinco Copas, e nunca teve um probleminha, nunca teve um bate-boca”, assegura.
Ambiente familiar
O álbum de figurinhas da Copa 2022 foi lançado em agosto pela Panini e rapidamente conquistou as pessoas, não só os apaixonados por futebol como também aqueles que simplesmente aproveitam a prática para espantar o estresse do dia a dia.
O empresário Rogério Carlos Figueira Silva, mais conhecido como Bola, que frequenta o ponto de trocas da Banca do Parque Infantil com o filho, fala sobre a importância dessa atividade. “Você vê muito mais os pais aqui do que as crianças. Enquanto meu filho está rodando aí pelas mesas, eu estou aqui trocando minhas figurinhas. É um ambiente completamente familiar e maravilhoso. Temos uma vivência vinda de uma infância que não existe mais, de bater figurinha, de colecionar a figurinha que vinha no chiclete, além de outras brincadeiras como jogar bets na rua, brincar de esconde-esconde. Não tem mais essas coisas. Hoje é uma geração eletrônica e os próprios pais, para as crianças darem sossego, as colocam no celular ou no videogame. Então isso aqui é algo novo para elas”, conta.
A professora Thaís Navarro Mondini também valoriza o ambiente encontrado no local. “Por conta da pandemia, ficamos muito tempo sem fazer esse tipo de interação. Estamos no meio de uma praça e, para as pessoas trocarem figurinhas, elas precisam interagir, chegar nas mesas, chamar a outra para conversar. Então isso é muito legal, principalmente por essa interação, que é realizada por causa de uma coisa bem bobinha. Vemos aqui crianças, adultos e idosos se divertindo. Outro dia, vi um senhorzinho que está fazendo o álbum para ele e não para o neto, o que achei super legal também”, comenta ela, que começou sua coleção por influência dos alunos.
Vale destacar que além do posto de troca da Banca do Parque Infantil, existem muitos outros espalhados pela cidade, entre eles um instalado no Shopping Jaraguá e outros em lanchonetes e bares de diversos bairros. Grupos de Whatsapp também foram criados para facilitar essa interação.
Álbum com novidades e figurinhas mais caras
A troca de figurinhas também é uma maneira de economizar, visto que os cromos tiveram um aumento de 100% em relação à Copa do Mundo anterior, na Rússia em 2018. O pacotinho com cinco unidades, que há quatro anos custava R$ 2, passou a ter o custo de R$ 4 (R$ 0,80 cada cromo). Ao todo, o álbum deste ano conta com 670 figurinhas.
Mesmo assim, o preço parece não ter afastado os colecionadores, que aderem aos seus próprios métodos de negociação, sendo trocando ou vendendo as figurinhas. Os preços mais comuns nesses pontos de trocas são de R$ 1 por cada figurinha comum e R$ 2 para as brilhantes e as figurinhas da Seleção Brasileira.
A Panini também disponibiliza conteúdos extras que extrapolam o álbum físico. Pelo aplicativo “My Panini”, os consumidores podem interagir com versões virtuais das figurinhas, criar versões personalizadas e participar de promoções de marcas parceiras.
A novidade na coleção da Copa do Catar foi a criação de 80 cromos de 20 craques da competição (Messi, Cristiano Ronaldo, Mbappé e Neymar foram alguns dos escolhidos). A cada 100 envelopes, um contém esse “brinde” exclusivo. Cada um destes jogadores possui quatro versões do card, que são grená, bronze, prata e ouro, sendo essas as mais disputadas e valiosas.
A Copa do Mundo do Catar tem início no dia 20 de novembro, com o duelo entre a seleção do país anfitrião e o Equador. O Brasil estreia no 24, uma quinta-feira, às 16 horas, contra a Sérvia.