InícioCulturaUma viagem à Tropicália com a Bolero Freak

Uma viagem à Tropicália com a Bolero Freak

Banda interpreta na íntegra o álbum “Tropicália ou Panis et Circencis”

Canções que ficaram no imaginário nacional como Baby (Caetano Veloso) e Panis et Circencis (Caetano Veloso, Gilberto Gil), compõem o repertório da banda Bolero Freak, que estará no Sesc Araraquara nesta sexta (3), às 20 horas. Neste show o grupo executa na íntegra o “Tropicália ou Panis et Circencis”,  primeiro álbum do movimento Tropicália, e um dos mais importantes da música brasileira. A entrada é gratuita.

Este show, cheio de cor e liberdade, foi montado pela banda especialmente em homenagem aos 50 anos da Tropicália, movimento artístico que sacudiu a cultura brasileira no final dos anos 60 e foi liderados por artistas como Caetano Veloso, do Gilberto Gil, da Gal Costa, da Nara Leão, Os Mutantes, Rita Lee, Tom Zé, Rogério Duprat, e vários outros. Em um momento de grande discussão sobre o futuro da nação, a obra tropicalista se mostra mais atual do que nunca, tanto pela inovação sonora, quanto pelos temas que traz à tona, tudo isso misturado em uma atmosfera pop-brasileira que permite fazer um show cheio de reflexão e também cheio de ritmo e festa.

A intenção é que o público faça uma verdadeira viagem à época. Para isso, além das canções executadas faixa a faixa, com os arranjos originais adaptados para a formação da banda, o grupo pensou também nos figurinos tropicalistas que são assinados por Samantha Macedo. Ainda, foram incluídas músicas que, embora não estejam no álbum, são referências do Movimento Tropicalista, como “Superbacana”, “Alegria Alegria”, “É Proibido Proibir”, “Domingo no Parque”, “Tropicália” e outras. A direção de arte é de Renata Versolato e a produção geral é de Carol Mansinho e Daniel Lotoy.  

No palco sobem Evandro Ferreira, o violonista-cantor-cangaceiro; Abner Paul, o latin-baterista-lover-hipster; Thor Moura, o Buda do contra-baixo; Daniel Warschauer, o sanfoneiro dos Beatles; Daniel Lotoy, o cantor mago da aleatoriedade e Renata Versolato, a palhaça-popota-cantora.

 

  • Sobre a Bolero Freak

Velhos conhecidos em torno da música, Daniel Lotoy (voz), Renato Leite (baixo), Evandro Ferreira (violão e guitarra) e Abner Paul (bateria e percussão) uniram-se para lançar a banda Bolero Freak que nasceu sob o signo da mistura, unindo a diversidade existente dentro da própria banda que possui integrantes com formações distintas. A banda iniciou seu trabalho num projeto experimental, a fim de testar a sonoridade na união de estilos aparentemente não conexos. Na trilha da pesquisa musical, sempre pelo viés da mistura, a banda chegou ao Tropicalismo, movimento icônico na música brasileira que teve como uma de suas características mais profundas a incorporação de estilos e o diálogo com outras formas de expressão artística, como a literatura e as artes plásticas. O interesse nessa forma de musicalidade foi tão profundo e tem influenciado a banda ao ponto de fazerem o presente projeto em homenagem ao movimento liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil. A Bolero Freak também tem trabalhado em seu projeto autoral, já tendo lançado seu primeiro clipe da música “Ainda lhe espero”.

 

  • Sobre o Tropicalismo

O Tropicalismo revolucionou a música brasileira; embora tenha durado um curto tempo como movimento, fez história e deixou marcas na nossa cultura que perduram até hoje. Era final da década de 60. O Brasil estava em plena ditadura militar; os movimentos artísticos buscavam criticar e discutir a realidade brasileira por várias vias, lutando para não ser barrado pelo obstáculo da censura. Ainda, a cultura pop estourava com nomes como Beatles, Andy Warhol, e as guitarras chegavam à música brasileira através dos reis do Iê-Iê-Iê, representados por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Warderléia, sendo estes muito criticados por tocarem uma música “americanizada” em detrimento de ritmos brasileiros como a Bossa Nova que desde a década de 50 apresentava-se em seu auge. Alinhados à realidade brasileira e atentos às manifestações artísticas em todos os setores, surge um movimento que veio codificar em uma identidade musical todos esses elementos que aconteciam simultaneamente: nascia o Tropicalismo. Caetano Veloso e Gilberto Gil, no III Festival da Música Popular Brasileira de 1967, lançavam as diretrizes desse movimento com o lançamento das canções “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque” dando um passo histórico: os dois, ao lado de outros nomes de peso como Os Mutantes, Tom Zé, Gal Costa, Capinan e Rogério Duprat, criavam um movimento musical com uma sonoridade única cheia de brasilidade e ao mesmo tempo universal. O Tropicalismo apresenta uma musicalidade que preza pela mistura de ritmos de origens distintas, trazendo elementos da música pop e mesmo o que se chama de “brega” para interagirem com o que tem de mais rebuscado na música brasileira: Banda de Pífaros de Caruaru, Beatles, Boleros, o Cancioneiro nordestino, tudo isso resultou num álbum experimental e único: o Tropicália ou Panis et Circencis. Com letras sarcásticas, melodias épicas, os tropicalistas encontraram na ironia e na alegoria suas maiores armas para falar de um Brasil que, embora belo, vivia um pesado período onde se suprimiam direitos democráticos.

 

Serviço

Show Bolero Freak toca Tropicália ou Panis et Circencis

Dia: 3/11,sexta

Horário: 20h

Local: Garimpo

Classificação: Livre

Grátis

 

Redação

Notícias relacionadas

Mais lidas