Por meio de uma força tarefa envolvendo equipes da Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e Guarda Municipal, foi realizada, na manhã desta quinta-feira (21), abordagem a uma residência de acumuladores, na Rua Pindorama, no Jardim América, zona leste de Araraquara.
As equipes trabalharam a manhã toda na limpeza da residência, habitada por um casal de idosos, vivendo em situação precária e de risco, sem energia elétrica e água, em meio a muita sujeira e animais peçonhentos, além do mosquito transmissor da dengue.
A única renda do casal é o benefício do Bolsa Família.
De acordo com Rodrigo Contrera Ramos, coordenador executivo de Vigilância em Saúde, essa foi a terceira abordagem das equipes no local. A primeira partiu de denúncia de vizinhos, registrada no gabinete da Secretaria Municipal da Saúde, no início do mês. Os agentes de controle de vetores foram averiguar a denúncia e encontraram larvas do mosquito Aedes aegypti, além de muito lixo e materiais acumulados dentro e fora da casa. Segundo o coordenador, neste mesmo dia já foram retirados todos os criadouros do mosquito transmissor da dengue, larvas, ratos e baratas.
Na segunda abordagem, a intenção era remoção de todo o material inservível acumulado, mas houve resistência dos idosos.
Diante disso, a ação foi suspensa e, nesta quinta-feira, os agentes da Vigilância retornaram com o apoio da Guarda Municipal e de assistente social da Prefeitura. Os acumuladores receberam apoio dos profissionais, que conversaram com o casal sobre a importância de limpeza e organização da residência, além de noções básicas de higiene.
Um caminhão da Prefeitura ficou lotado de lixo e de materiais que estavam amontoados na área de serviço, quintal, sala e quarto da casa, mas, diante do grande volume de inservíveis, a operação de limpeza vai ter que continuar nesta sexta-feira (22).
"Tivemos que retirar a moradora da casa, levar para uma praça próxima à residência e conversar bastante com ela, que é uma pessoa doente, porque esse tipo de comportamento é uma doença. Só assim conseguimos começar o trabalho de remoção dos inservíveis", descreveu Ramos. "Já tínhamos tirado os criadouros de Aedes na primeira abordagem, mas os dois continuavam convivendo com ratos e baratas, em meio ao lixo", completou, acrescentando que só nesta quinta foram registrados dois casos de limpeza em residência de acumulador. O outro caso, com as mesmas características, foi no bairro do Cecap.
"É um problema que estamos encontrando com frequência; a maioria dos acumuladores é idoso vivendo em situação precária. Isso é muito preocupante", apontou ele.
Ações integradas e continuadas
A intervenção das equipes da Vigilância em Saúde em residências de acumuladores compulsivos é um problema recorrente, que ficou ainda mais em evidência por conta do trabalho intensivo de combate à dengue feito pelas equipes de vetores nos bairros.
Diante deste cenário, segundo Rodrigo Ramos, o objetivo é dar início à articulação de ações integradas e continuadas, envolvendo diferentes esferas da administração, para oferecer atendimento completo a essas pessoas, que, na maioria dos casos, sofrem de distúrbio psicológico.
Jacqueline Barbosa, secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, afirma que as equipes de assistentes sociais já apoiam essas abordagens, acompanhando a Vigilância em Saúde. Elas vão até o local, conversam com os moradores para fazer uma avaliação e traçar um plano de atendimento.
"Porque, na maioria dos casos, a pessoa tem distúrbio mental. Mas existem famílias que acumulam objetos para vender e tirar dali o seu sustento. São casos diferentes, que precisam de avaliação. Com essa ação integrada será possível fazer um mapeamento, traçar um perfil dos acumuladores e articular ações que possam colaborar com a família, solucionando o problema", afirmou a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social.