Costumo comparar o futebol à vida. Assim, a luta pela bola simboliza, metaforicamente, a luta pela vida.
Digo isto porque em nosso programa de TV, na Cultura Paulista, na última semana, Neymar, um "grande", foi várias vezes destaque por atitudes "pequenas" fora de campo.
Um genial jogador, um fora de série dentro de campo, um atleta que deve tornar-se, muito brevemente, o melhor do mundo… Esse mesmo jogador brigou com um companheiro de time porque o companheiro não o deixou bater o pênalti. Este mesmo jogador foi às redes sociais e postou frases ofensivas contra um anônimo que estava mandando mensagens em seu nome na França.
Neymar é pop, é diferente, todo mundo quer falar de Neymar. Eu também. Óbvio. Critiquei o jeito espalhafatoso dele se vestir. O brinco, as tatuagens. Acho Neymar excessivo, exagerado e isso desconstrói a personalidade dele.
Neymar, o gênio, faz um losango esquizóide na cabeça do torcedor. Ninguém mais sabe se ele é o 'mocinho' ou o 'bandido' da história.
Penso que gênios, foras da curva, atletas acima da média como ele, deveriam seguir por uma linha porque funcionam como espelho para a sociedade e para a vida.
Vou fechando esta minha primeira coluninha aqui no portal citando outro gigante, este o que conheço de maior literariamente falando, João Guimarães Rosa. A frase do matuto Riobaldo, personagem de Rosa em seu Grande Sertão: Veredas, serve muito para esse momento dual de Neymar:
“Eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados… Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito misturado.”