No blog PÁGINA CINCO, Rodrigo Casarin escreve sobre livros e assuntos que permeiam o universo literário (uma das minhas boas descobertas de 2019). Semana passada, ele publicou cinco dicas para quem deseja ler mais em 2020. São elas: 1) sentar a bunda no sofá ou na cadeira e iniciar a leitura; 2) encontrar o que se gosta de ler; 3) achar o próprio ritmo; 4) começar por livros curtos; 5) informar-se sobre livros (revistas, podcasts, programas de televisão, conversas).
Meu objetivo aqui é comentar esses toques e fazer, humildemente, uma ou outra recomendação.
Às sugestões 1, 2 e 4 pouco tenho a acrescentar. Ler é um exercício que requer engajamento e interesse, que vai além da ideia de ser uma atividade que ajuda na construção e no aprimoramento intelectual. Não é obrigatório ter apreço por autores canônicos. Autoajuda e romances de aventura também são bem-vindos. Se a disposição inicial não for das maiores, é preferível, de fato, começar por volumes mais curtos – de pronto, sugeriria ou ENTERRE SEUS MORTOS, da Ana Paula Maia, ou HOMEM COMUM, do Philip Roth, ou CABEÇA A PRÊMIO, do Marçal Aquino, todos boas pedidas para iniciantes. Com a prática, chega-se rapidamente a um CRIME E CASTIGO.
No terceiro item, endosso o que foi escrito pelo Rodrigo: ler não é uma competição. Cada um tem o seu pace. Mas, caso você esteja infectada(o) por algum tipo de obsessão produtivista, reserve um canto para empilhar as leituras realizadas. Ao final de doze meses, tudo o que foi consumido estará materializado nessa torre. Se em dezembro ela não tiver a altura projetada em janeiro, sem problema: ciclos de 365 dias serão renovados para melhorar sua arquitetura.
O quinto tópico talvez seja o mais legal de todos. Além de conhecer canais dedicados ao tema, conversar sobre o que está sendo lido é bem motivador (ainda mais se essa resenha for feita na mesa do bar, torresmo e cerveja como acompanhamento). Com isso, há a possibilidade de descobrir novos autores oriundos de indicações. Ricardo Piglia leva a Edgar Allan Poe que leva a Arthur Conan Doyle que leva a Raymond Chandler que leva a Rubem Fonseca que leva a Roberto Bolaño. Bibliotecas particulares e livros de cabeceiras vão sendo criados, alimentando uma lista que pode e deve (como disse Casarin em seu texto) ser infinita.
São conselhos que vêm em boa hora, já que, há poucos dias, o excelentíssimo presidente da República acusou os livros didáticos de carregarem muita coisa escrita. Praticar as dicas listadas no PÁGINA CINCO é um bom caminho para quem acredita que a leitura não deve ser suavizada, mas praticada.