InícioEsporteAlan Mineiro: Uma vida de aprendizados e conquistas

Alan Mineiro: Uma vida de aprendizados e conquistas

Destaque de um time afeano que fez história, jogador relembra os momentos marcantes de sua carreira

Um mineiro de Araraquara. Assim pode ser definido o jogador Alan Cássio da Cruz, ou simplesmente Alan Mineiro, meia que deixou seu nome marcado na história da Ferroviária ao ser eleito o melhor atleta do Campeonato Paulista da Série A2 de 2015, competição em que o time araraquarense fez uma campanha brilhante, levantou a taça e encerrou o longo período fora da elite do futebol paulista. Ele teve ainda duas outras passagens pela Locomotiva, uma antes do acesso (2014) e uma depois (2017), todas com a qualidade e determinação que fizeram dele um dos maiores nomes da fase recente do clube e um dos ídolos da torcida.

Alan Mineiro, que atualmente defende o Vila Nova de Goiás, possui residência em Araraquara, onde vive com sua esposa Andressa e os filhos Andrey e Adam nesse período de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, situação que ocasionou a paralisação do futebol brasileiro. Segundo ele, o amor por Araraquara é tão grande que faz dela a cidade escolhida por sua família para viver quando ele se despedir dos gramados. 

Em entrevista ao Portal Morada, o jogador relembrou sua trajetória e os momentos que marcaram sua vida dentro das quatro linhas. Confira!

O início

Alan nasceu no dia 29 de setembro de 1987, filho de Doralice e Horácio, que também lhe deram três irmãos: Alisson, Aislan e Leiene. Nasceu em Três Corações-MG, conhecida por ser a cidade natal do Rei Pelé. Lá, sua família conviveu com muitos obstáculos. "Tive uma infância muito pobre em Três Corações, no bairro Bela Vista. Passei muita dificuldade, desde cedo trabalhando na roça para ajudar minha família. Foi uma infância muito difícil, mas pude curtir bastante minha infância com minha família e meus amigos. Eu sei que tudo que passamos foi um aprendizado para que hoje possamos dar valor na vida e naquilo que conquistamos", conta o jogador.

Assim como acontece com todos os atletas que se destacam em suas funções, o menino tomou gosto pelo esporte ainda na infância. "Minha mãe conta que desde que eu tive a minha primeira bola, ela já viu que foi paixão à primeira vista. Desde criança eu alimentei esse sonho, sonhava dia e noite, imaginava como seria se eu conseguisse. E graças a Deus, foi tudo da maneira que eu sonhei", destaca.

Aprendizado na base

Ainda criança, o primeiro time de Alan foi o Atlético Três Corações, onde contava com a orientação do professor Guilherme. De lá, foi para a Escolinha do Clube 23 de Setembro, também em sua cidade natal. "Lá o professor Marquione foi um cara muito importante para mim. Eu era atacante e foi ele quem me puxou para o meio e me disse que eu tinha qualidade para ser meia, pela minha inteligência. Ele saía de casa para treinar comigo, debaixo de sol ou chuva. Independente da distância, ele ia me buscar e me preparar para um dia eu atingir um nível mais alto", relata, agradecido.

Nas categorias de base, o jovem atuou pelo Águia-PR, onde seu talento começou a ganhar destaque. Mesmo atuando como meia, foi vice-artilheiro do Campeonato Paranaense e chamou a atenção do Athletico-PR, que foi o clube onde se profissionalizou. "Foram anos incríveis ali. Eu tinha o sonho de jogar na base do Athletico-PR por tudo que se falavam de lá, era uma base muito forte. Graças a Deus, realizei esse sonho e conquistei muitos títulos na base. Foi muito importante para mim", analisa.

O início profissional

Apesar de ter sido formado pelas categorias de base do Athletico-PR, sua primeira competição profissional foi por outro clube. Alan chegou a fazer alguns amistosos pelo time principal do Furacão, porém foi emprestado ao Rio Branco de Paranaguá-PR, time pelo qual disputou a Copa Paraná de 2007. "Foi minha primeira experiência como profissional e foi uma experiência muito boa, pois eu tinha apenas 18 anos e já estava jogando profissionalmente", ressalta o jogador, que na sequência começou a trilhar seu caminho, passando pelas equipes do São Bernardo (2008), Guarani (2009), Olé Brasil (2010), Água Negra-MS (2011) e Paulista de Jundiaí (2011 a 2013).

Passagem pelo Japão

Em 2012, Alan Mineiro teve a oportunidade de atuar no Japão pelo Albirex Niigata, em uma passagem marcante de sua vida. "O Japão foi uma experiência muito boa para mim e para a minha esposa, que nos apaixonamos pelo país. Gostamos muito de passar o ano de 2012 lá. Temos até o sonho de poder voltar, por tudo o que vivemos lá. É um país muito bom e se eu tivesse a oportunidade de voltar, voltaria correndo. O ponto positivo é a educação das pessoas, como você é tratado, enquanto o ponto negativo é o frio. Nós não estávamos acostumados e pegamos uma temperatura abaixo de zero, que foi uma experiência bem desafiadora para nós", relembra.

A Ferroviária em seu caminho

A primeira passagem de Alan Mineiro pela Ferroviária aconteceu em 2014, quando o time teve um bom início na Série A2 do Campeonato Paulista, porém não conseguiu alcançar o tão sonhado acesso à elite estadual. No segundo semestre daquele ano, o meia passou ainda por Boa Esporte-MG e Icasa-CE, antes de retornar à Ferroviária em 2015, para o ano que se tornaria determinante em sua carreira.

Naquele Paulistão, a Ferroviária mostrou um futebol rápido e envolvente, que tinha Alan Mineiro como peça-chave do setor criativo. O desempenho da equipe resultou no título, no acesso e em uma festa incansável dos torcedores. Na seleção do campeonato, em cerimônia ocorrida na sede da Federação Paulista de Futebol, nada menos que sete afeanos foram premiados: Rodolfo (melhor goleiro), Paulo Henrique e Roberto (laterais), Luan (zagueiro), Renato Xavier (volante), Alan Mineiro (meia) e Milton Mendes (técnico). Alan Mineiro também foi eleito o craque do campeonato e marcou de vez seu nome na história afeana.

"Ali eu digo que foi o recomeço da minha carreira. Agradeço à Ferroviária por ter aberto as portas para mim. No ano de 2014 eu fiz uma grande competição, acabei saindo, mas no ano seguinte a Ferroviária me contratou de novo, pelo Zé Manoel. Fizemos uma grande campanha, fui eleito o melhor meia e o melhor jogador da competição. Foi um ano inesquecível para mim, que em seguida fui para o Bragantino e depois para o Corinthians", salienta.  

Reforço do Corinthians

O segundo semestre de 2015 também foi especial para o atleta, que foi contratado pelo Bragantino para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro, competição onde voltou a se destacar com 12 gols e 8 assistências. O time chegou perto do acesso – terminou em sexto – porém o desempenho de Alan Mineiro fez com que ele terminasse o ano como reforço de outro alvinegro, o Corinthians. O sonho de vestir a camisa de um grande clube do futebol brasileiro viraria realidade.

Alan se orgulha de sua passagem pelo Timão, time pelo qual disputou o Paulistão e a Libertadores de 2016, porém acredita que poderia ter recebido mais oportunidades. "Foi um sonho realizado. Sonhei tanto em chegar em uma equipe grande e graças a Deus consegui. Consegui fazer gols e consegui ter grandes atuações. Infelizmente acabei saindo porque havia jogadores de mais nome que tinham que jogar e acabou sobrando para mim. Naquele momento eu relutei, mas tudo é aprendizado na nossa vida. Fiquei triste sim pela maneira que saí, que não foi por conta de futebol nem nada, foi por motivos políticos. Mas agradeço a Deus por ter me dado essa oportunidade", avalia o meia, que ainda em 2016 foi emprestado ao América-MG e ao Bragantino.

De volta a Araraquara

Em 2017, Alan Mineiro teve sua terceira passagem pela Ferroviária, que sofreu com um início turbulento e ficou por muitas rodadas dentro da zona de rebaixamento. Na reta final da competição, o time reagiu e conquistou vitórias memoráveis para o torcedor, como o triunfo por 1 a 0 sobre o Santos em plena Vila Belmiro e a vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians em Araraquara. O camisa 10, aliás, marcou o gol da vitória sobre o clube que o emprestou à Locomotiva para a disputa daquele campeonato.

O meio-campista falou sobre as dificuldades daquela edição do estadual, porém afirma que a sensação de ajudar a manter a Ferroviária na elite deixou o elenco satisfeito. "Foi um Campeonato Paulista muito difícil para o nosso time, que demorou a se encontrar. Foi se encontrar apenas na fase final da competição, não estava conseguindo os resultados e as vitórias, por isso infelizmente acabamos brigando contra o rebaixamento. Mas graças a Deus, no final conseguimos as vitórias que precisávamos, contra grandes equipes como Santos e Corinthians. Foi uma sensação boa, um aprendizado grande e fiquei feliz de ter conseguido ajudar a segurar a Ferroviária na primeira divisão", afirma.

Amor grená e esperança de retorno

Por tudo o que passou com a camisa grená, Alan Mineiro deixa claro sua paixão pela Ferroviária e por Araraquara. "Tenho um carinho muito grande pelo clube e pela cidade, tanto que hoje eu fixei residência aqui, que é uma cidade que gosto muito. Eu e minha família viemos para cá e amamos essa cidade. A Ferroviária, então, nem se fala. Tenho um carinho muito grande pela Ferroviária, por abrir as portas para o meu recomeço no futebol. Espero, em um futuro próximo, poder vestir essa camisa de novo", assegura.

Destaque no Vila Nova

Em 2017, Alan Mineiro vestiu a camisa do Vila Nova de Goiânia-GO e posteriormente teve uma passagem pelo Fortaleza-CE em 2018, antes de retornar ao time goiano no mesmo ano. 

O jogador destaca que o clube vermelho e branco já mora em seu coração e espera retribuir com mais conquistas no futuro. "O Vila Nova é outra equipe que tenho um carinho muito grande. Cheguei lá em 2017 e fui muito bem recebido. Graças a Deus, as coisas aconteceram lá, onde fui por três anos seguidos artilheiro da equipe. Tenho 35 gols lá, com bastante assistências e mais de 100 jogos. A torcida tem um carinho muito grande por mim e eu por ela também. O clube me ajuda muito e também tem um carinho muito grande por mim. Todo mundo que trabalha lá, porteiro, cozinheira, presidente, todos confiam no meu trabalho e tudo isso facilita muito para que as coisas dentro de campo aconteçam. O Vila é uma equipe que vou levar comigo para sempre. Já construí algumas histórias e espero conquistar mais títulos e conquistar coisas maiores no Vila Nova", acrescenta.

Planos para o futuro

Com 32 anos de idade, Alan Mineiro tem muita 'lenha para queimar' no futebol, mas já revela alguns planos para o futuro, entre eles o de morar com sua família em Araraquara. "Quando eu parar de jogar, provavelmente é aqui que vou ficar, é aqui que eu e minha família escolhemos para morar. É uma cidade muito boa, uma cidade pela qual eu tenho um carinho muito grande. Eu já estou aqui e devo ficar aqui por muito e muito tempo", confirma. 

Sobre os objetivos profissionais, ele prefere ainda não pensar no assunto, mas espera se manter no mundo do futebol e já imagina algumas situações. "É difícil pensar enquanto eu estou jogando, mas tenho alguns projetos, como trabalhar com meu empresário. Tenho conversado com ele sobre isso. Quero estar no meio do futebol, ser um auxiliar, estar ali para ajudar em um clube ou alguma coisa assim. Tenho me preparado para isso, tenho aprendido e estudado para quem sabe ser um auxiliar técnico ou um treinador no futuro. Mas não penso muito nisso agora", finaliza o camisa 10.

 

Confira abaixo fotos da carreira de Alan Mineiro

 

 

Carlos

Notícias relacionadas

Mais lidas