InícioEsporteApós tragédia, técnico do Penapolense fala em 'reconstruir o psicológico'

Após tragédia, técnico do Penapolense fala em ‘reconstruir o psicológico’

O retorno de Claudemir Peixoto ao comando do Penapolense, duas semanas após o acidente que vitimou seus dois filhos e um sobrinho, não foi nada fácil. O treinador fez sua reestreia no último domingo (13), pela Copa Paulista, numa data que, antes da tragédia, costumava ser uma de suas preferidas: o dia dos pais.

Abalado pela perda, o treinador procurou focar suas energias no futebol. “Eu tentei não pensar nisso. Desliguei o celular. Para falar a verdade, quase não conversei com ninguém. Nem fiz muita questão de ficar lembrando. Até porque para mim passou a ser um dia normal, não é mais dia dos pais”, afirmou. "É uma coisa muito difícil de explicar, principalmente porque na semana anterior, no jogo contra o Velo (Clube), meus filhos ficaram comigo. Então, pela força que os jogadores estão me dando, a dor alivia um pouco", acrescentou.

A partida contra o XV de Piracicaba, em pleno estádio Tenente Carriço, em Penápolis, não foi do jeito que Claudemir esperava. Com a derrota por 5 a 0 para os alvinegros, o time tricolor deixou de somar pontos importantes no Grupo 1. Mesmo assim, a equipe ocupa a zona de calssificação, e o treinador segue confiante.

"Tivemos vários erros. Quando começou o jogo, perdemos algumas oportunidades e tomamos o gol. Quando nos demos conta, já estava um placar elástico. Tem dia que é melhor a gente esquecer", afirmou. "Parece que está tudo perdido, mas não é assim. Devagarzinho a gente vai acertando, voltando ao normal", concluiu.

Reconstrução

Parecia impensável retomar a vida quando Claudemir voltou a treinar o elenco. Trabalhando normalmente desde terça-feira (9), o comandante antecipou o acontecimento por conta de um motivo: reconstruir o psicológico.

“Na terça-feira foi um pouco difícil, mas com o apoio da diretoria, dos jogadores, eu consegui. Foi bem melhor do que eu esperava. O presidente me deixou muito à vontade. Se eu quisesse só ficar acompanhando, eu poderia. Isso me confortou. Fiquei muito tranquilo quanto a isso. Não tinha essa obrigação de ir trabalhar. Era para eu me sentir em casa", disse.

Projetando a segunda fase da competição, não há problemas que o treinador não se sinta capaz de enfrentar. A força, segundo ele, vem de sua fé, da amizade de seus companheiros de profissão, e do amor que sente pelos filhos – Ana Beatriz e Gustavo. Sobre a saudade, ele ressalta: "Estará presente, mas servirá como incentivo".

"O resto não é dificuldade. Dificuldade era voltar, fazer a primeira partida, depois de tudo o que aconteceu. Eu tenho que ser forte. Demorei 45 anos para aprender o que aprendi em duas semanas. A gente se prepara para tanta coisa na vida, como para um aniversário de 15 anos, que a minha filha ia fazer, mas a única coisa para a qual a gente não se prepara é a morte”, afirmou. “Que a minha história sirva de lição para outras pessoas. A gente busca tanta coisa na nossa vida para sempre ter mais, quando o nosso maior bem é a nossa família, os nossos filhos", finalizou.

 

Redação

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