É cada vez mais fácil encontrar alguém que reconheça no turismo uma das experiências mais marcantes que se pode ter na vida. Na balança, a satisfação que se tem com uma viagem tem pesado mais, bem mais do que a aquisição do carro do ano e ou bens de consumo como celulares.
Pelo menos é assim para a paulistana Raquel Calegario Braga, de 32 anos. Ela elegeu o turismo como prioridade de vida. Funcionária de uma multinacional, Raquel e o marido começaram a planejar suas viagens no início do namoro, há doze anos, e desde então fazem pelo menos uma viagem internacional por ano e duas ou mais pelo Brasil.
Raquel não se considera uma pessoa consumista e conta que, sempre que possível, tenta economizar. “Não sou muito de frequentar shopping e não tenho o carro do ano. Prefiro guardar dinheiro para valorizar aquilo que realmente importa para mim, que é viver experiências, conhecer pessoas e ter um outro olhar do mundo, em vez de simplesmente ter uma roupa nova ou um tênis legal”, conta. “Quando viajo, aprendo, repenso valores, volto renovada”, afirma.
Já são 38 países visitados, entre eles Tailândia, Singapura, Índia e Camboja, onde estiveram recentemente, e um número bem maior de destinos brasileiros. “Aproveito todos os feriados e finais de semana para curtir uma praia por perto ou para conhecer um lugar novo. Na Copa do Mundo, por exemplo, o destino principal era Belo Horizonte, mas aproveitamos para conhecer as cidades históricas de Minas Gerais”, diz.
A administradora Patrícia Sini, de 37 anos, economiza na própria viagem, sem prejuízo da experiência. Os roteiros são escolhidos por conta própria, sem a ajuda de uma agência de viagens, e as passagens são compradas com antecedência, para caber no bolso. Durante os passeios, não usa cartão de crédito e abusa dos transportes públicos. “Além de economizar, consigo explorar um pouco mais da cultura local”, afirma.
O bombeiro Marcus Vinícius Almeida, de 36 anos, não abre mão de visitar pelo menos dois destinos por ano, mesmo que para isso renuncie a alguns confortos. Usa moto e bicicleta para se deslocar em Brasília, onde mora e preferiu não ter televisão em casa. “Com o valor que eu gastaria por mês para ter uma TV por assinatura, por exemplo, eu poderia comprar uma passagem aérea”, diz.
O estilo de vida de Marcus, sem grandes apegos materiais, se repete em suas viagens. Toda vez que visita um lugar novo, tenta entender os costumes e participar do dia a dia da população local. Hospeda-se em albergues não só para pagar menos, mas também para interagir com moradores e outros visitantes.
Reduzir o consumo para investir em viagens é uma tendência que também abre oportunidades para o turismo no Brasil. Segundo o ministro do Turismo, Vinicius Lages, o mercado interno tem um grande potencial de crescimento. “No ano passado, 62 milhões de brasileiros viajaram, quase um terço da nossa população, e ainda tem mais 70 milhões de brasileiros que ainda não tiveram essa experiência e podem vir a tê-la nos próximos anos”, afirma.