Uma foto publicada por um grupo de alunas do curso de Medicina do Centro Universitário de Araraquara (Uniara) provocou polêmica e gerou uma denúncia de racismo.
Na imagem, as estudantes aparecem com blackface durante uma competição universitária e ironizam a questão racial, fazendo uso de hashtag com referências a #pestenegra, inclusão social e “”negritudes”.
As fotos foram feitas em Barra Bonita no final de semana durante uma etapa paulista dos Jogos Universitários de Medicina (Jumed).
A situação provocou manifestações contundentes de internautas e deve gerar um pedido de apuração por parte do Centro de Referência Afro de Araraquara. “RACISTAS NÃO PASSARAO. Cobraremos uma postura da referida instituição, até mesmo por que reconhecemos sua credibilidade e somos parceiros em diversas atividades. Sendo assim, explicações serão exigidas e punições severamente cobradas. RACISMO não é mal entendido”, afirmou Alessandra Laurindo, coordenadora do Centro.
A direção da Uniara publicou nota afirmando que “a instituição é totalmente contra qualquer forma de preconceito e racismo” e que “o responsável pela Atlética do curso de Medicina estará apurando o que houve e qual foi a intenção ao publicar a referida foto”.
O DCE Uniara (Diretório Central dos Estudantes do Centro Universitário de Araraquara) declarou que repudia “todo e qualquer tipo de discriminação, seja de gênero, étnico-racial, orientação sexual ou religiosa”. Em nota, o diretório afirma também que “é bandeira dos movimentos organizados dentro da Uniara à luta pela inclusão social e racial para que cada vez mais filhos de nosso povo possam ter acesso e permanência dentro da universidade”.
As origens do blackface
A prática do blackface – rosto negro na língua inglesa – alcançou popularidade no teatro norte-americano no século XIX, quando atores se coloriam com carvão para representar personagens afro-americanos de forma exagerada. Esse tipo de representação reforçava esteriotipos e deixou de ser usada apenas na segunda metade do século XX com o movimento pelos direitos civis dos negros nos Estado Unidos.
Recentemente, o humorista brasileiro Eduardo Sterblitch, do Pânico na Band, também foi acusado de racismo ao representar um africano em quadro do programa humorístico. A denúncia fez com que ele deixasse de aparecer ao vivo nas transmissões. No quadro – uma paródia do MasterChef –, Edu utilizava o recurso para interpretar o personagem Africano, um homem negro que se comunica apenas por grunhidos e gesticula com danças exóticas.