A programação do 15º Festival de Dança de Araraquara se encerra no domingo (20), com oficina, intervenção e espetáculo – em programação totalmente gratuita e aberta a quaisquer interessados, numa realização da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, SESC Araraquara e Poiesis através da Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda.
Às 13h30, a atriz e bailarina araraquarense Carol Gierwiatowski ministra a oficina “Expressividade, coreografia e imagens do corpo em cena”. A atividade acontece no Teatro Municipal, com 15 vagas – as inscrições foram realizadas previamente e, caso haja desistência, a vaga poderá ser preenchida.
A programação tem continuidade no Teatro Municipal com a bailarina Lilian Penteado que apresenta a intervenção “The artist is dead” a partir das 17 horas. Lilian, bailarina atuante na cena cultural de Araraquara, deve executar seu trabalho no intervalo entre a oficina e o espetáculo que será apresentado às 20h. “The artist is dead é uma intervenção… eu diria até uma instalação. Eu parafraseei a Marina Abramovic: ela tem uma performance chamada ‘The artist is present’. É uma pequena provocação”, adianta a bailarina que é arquiteta e urbanista e é apaixonada por performance e artes do corpo.
A Cabine
“A Cabine”, a nova montagem do Núcleo Desastre, sob direção de Bruno Rudolf, encerra a programação do Festival, com apresentação no Teatro Municipal às 20 horas. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados no dia da apresentação, a partir das 13 horas, na bilheteria do teatro.
O espetáculo é um trabalho cênico de artes integradas que reúne dança e circo, com duas personagens confinadas em uma cabine onde surgem imagens, pequenas ações e microrrelatos que se tecem e se desfazem.
A dupla fala sobre o normal e o anormal, mas sem deixar claro qual é qual. “Fala-se sobre aquele que vê e aquele que é visto, sobre seus diferentes pontos de vista, e sobre a confusão desses dois lugares. Fala-se sobre o que existe de ordinário na anormalidade, e sobre o que existe de extraordinário na normalidade. Fala-se, sobretudo, do acolhimento de se sentir parte, do afeto que vem da cumplicidade, da troca de segredos e da confiança”, destaca Rudolf.
O espetáculo inspira-se no nome dado a coleções bastante típicas entre os anos 1500 e 1800 na Europa (também conhecidas como Câmara das Maravilhas) que consistiam em salas ou câmaras localizadas nos palácios ou em residências de aristocratas em que se guardavam e se expunham objetos – ou seres – que não podiam ser explicados pela ciência da época. A curiosidade e o fascínio pelo que é inclassificável ou incompreensível na história natural é algo que acompanha o desenvolvimento da humanidade, principalmente na época anterior ao desenvolvimento da ciência moderna.
A investigação cênica das intérpretes Carol Oliveira e Mariana Duarte parte da história de mulheres reais que eram apresentadas como atrações nos anos 1800, como Júlia Pastrana, uma mulher-barbada levada do México para ser atração na Europa; Sara Baartman, ou a “Vênus Hottentot”, africana que era exposta como atração por conta de sua forma física e sua cor; as sete irmãs Sutherland, americanas de família pobre transformadas em atração pública por possuírem cabelos muito compridos (cada uma tinha mais de 2 metros de cabelo).
A pesquisa também toma como insumo algumas representações de mulheres-bichos, mulheres-monstro ou mulheres de alguma forma sobrenaturais que estão presentes na obra de artistas visuais mulheres que fizeram parte do contexto do surrealismo, especialmente Leonora Carrington, Remédios Varo e Leonor Fini.
“A Cabine” é um dos resultados do projeto do núcleo que foi contemplado pelo ProAC 44 – Artes Integradas, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Vale destacar que o Núcleo Desastre foi estabelecido em 2010 e, desde então, vem trabalhando em parceria com o diretor Bruno Rudolf numa pesquisa cênica que se dedica especificamente à temática das representações do feminino e os papéis atribuídos à mulher em diferentes momentos históricos.
Ficha Técnica – “A Cabine”
Concepção: Núcleo Desastre (Carol Oliveira e Mariana Duarte)
Intérpretes-criadoras: Carol Oliveira e Mariana Duarte
Direção: Bruno Rudolf
Produção: Jaqueline Vasconcellos
Orientação de pesquisa coreográfica: Tatiana Guimarães
Figurinos: Lu Bueno e equipe
Trilha sonora: Mariá Portugal
Projeto gráfico: Fernando Sciarra
Serviço:
15º Festival de Dança de Araraquara apresenta:
– 13h30 – Oficina “Expressividade, coreografia e imagens do corpo em Cena”, com Carol Gierwiatowki
– A partir das 17h – Intervenção “The Artist is Dead”, com Lilian Penteado
– 20h: “A Cabine”, com Núcleo Desastre
Local: Teatro Municipal Prefeito Clodoaldo Medina (Av. Bento de Abreu, s/nº – Fonte Luminosa)
Data: domingo (20 de setembro)
Programação gratuita