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Indigência docente

Professores que atuam na famigerada categoria "O" ficam até três meses sem salários. As justificativas burocráticas não conseguem disfarçar a falta de respeito com os educadores brasileiros, que agora também são chamados de doutrinadores e afins

Em São Paulo, o estado mais rico da nação, professores chegam a ficar até três meses sem salários.

Isso não é fakenews! É o que acontece em São Paulo com os professores categoria “O”, que são os profissionais que trabalham por contrato, sem a efetividade do cargo, para suprir as vagas não preenchidas em concurso público. Esses profissionais são fundamentais para o funcionamento da rede de ensino, sem eles milhares de alunos ficariam sem aulas, mas são tratados como coisa sem valor.

O pior é que isso não é novidade! Há cerca de 10 anos, esse jornalista que vos escreve enfrentou a mesma situação. Ingressei na rede de ensino como professor eventual, na famigerada categoria “O”. Trabalhou por três meses até poder ver a cor do dinheiro. Quem depende exclusivamente disso para viver, ou passa foi ou abandona o cargo e vai fazer outra coisa para colocar o pão na mesa.  

Já estamos em 2019 e João Doria, o governador que se apresenta como gestor, mais do que político, não conseguiu evitar um problema de gestão. A explicação é digna de risos. A Diretoria Regional de Ensino de Araraquara emitiu um comunicado às escolas dizendo, entre outras coisas, o seguinte.

“[…] esclarecemos que muitos docentes no Estado estão sem pagamento provisionado ou não estão recebendo pelas aulas em substituição da carga horária. Conforme orientação do CEPAG, não é para enviar documentação pra SEFAZ, pois será gerada Folha Suplementar em abril, sem data definida, tem que acompanhar. Solicitamos que deem ciência aos docentes e não adianta mandá-los na DE, pois não temos visão ainda dessa Folha Suplementar […]”. A nota ainda faz menção a outras siglas, como RS/PV, GOEs, etc.

Essas tantas siglas e abreviações é a porta de saída para quem se preparou para entrar na rede. Quem suportaria ficar dois ou três meses sem salário? Como fazer para pagar as contas? Talvez se possa dizer o mesmo que disse a Diretoria de Ensino: “Não adianta mandar cobrança, ainda não tenho previsão de pagamento”. Piada, mas é verdade.

É assim que os professores são tratados.  É assim que o país trata a educação. Talvez isso explique muito a situação em que nos enfiamos.

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