No sábado (09), em frente ao Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria na Praça Pedro de Toledo, o araraquarense Luiz Flávio de Carvalho Costa lança o livro “Fotografia e Memória em Araraquara”, às 11 horas da manhã. O evento é uma realização do Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Cultura (Programa de Ação Cultural – ProAC), com o patrocínio da Usina Açucareira São Manoel e apoio da Prefeitura de Araraquara, por meio da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart.
Com base em sólida pesquisa de arquivos – Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria, Museu da Imagem e do Som Maestro José Tescari, Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, entre outros –, o autor recolheu material de grande riqueza para a história visual de Araraquara. O primeiro registro é da Freguesia de São Bento de Araraquara de 1819. As imagens trazem cuidadosas referências sobre local, ano de produção, nome de pessoas, possibilitando uma “leitura” das imagens de Araraquara no tempo histórico.
Vários documentos visuais são acompanhados de textos analíticos, valorizando e enriquecendo a interpretação do nosso passado. A pesquisa do autor foi além das instituições públicas. Percorrendo várias famílias araraquarenses, ele pode recolher, graças à generosidade dessas famílias, numerosos registros pessoais que, somados àqueles recolhidos nas instituições públicas, fazem dessa coleção um significativo item historiográfico de Araraquara.
Com 209 páginas, o livro sai pela Editora UNESP. Luiz Flávio de Carvalho Costa é araraquarense, formado em Ciências Sociais pela UNESP de Araraquara (antiga Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas). Fez o mestrado na UNICAMP e doutorou-se em História pela Universidade de São Paulo (USP). Desde 1983 trabalha como docente e orientador no Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Suas pesquisas e experiências acadêmicas estão relacionadas à história regional, imagens (sobretudo a fotografia), bens culturais e patrimônio rural.
O Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria está localizado à Praça Pedro de Toledo, s/nº, no Centro de Araraquara (altura da Av. Duque de Caxias com a Rua 06).
Serviço:
Lançamento do livro “Fotografia e Memória em Araraquara”, de Luiz Flávio de Carvalho Costa
Data: sábado (09 de maio)
Local: em frente ao Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria – Praça Pedro de Toledo / Centro
Horário: 11 horas
Grátis
Confira mais sobre o livro:
Apresentação de Carlos Dinucci, presidente da Usina Açucareira São Manoel
Fruto de longos anos de pesquisa, de reflexão e de organização do historiador Luiz Flávio de Carvalho Costa, Fotografia e memória em Araraquara é uma visão da cidade no tempo, nos oferecendo a memória do nascimento da vila até́ sua maturidade urbana, em meados do século XX. Por isso, tenho prazer em apresentar esta obra, na certeza de que estará entre os mais importantes documentos da história de Araraquara.
Na sua fase de preparação, quando fui apresentado aos registros visuais que integram esta coletânea, logo vi que a riqueza do material impunha-se a qualquer dúvida sobre sua publicação: nós, os araraquarenses, nascidos ou não aqui, não podíamos deixar escapar a oportunidade de olhar para nossos antepassados e suas realizações – a cidade de pedra e cal que conhecemos e amamos e, também, parte da cultura que seus habitantes produziram e que lhe dá vida e alma. Estão presentes pessoas conhecidas (ou pelo menos uma parte delas, pois o autor não poderia resgatar uma cidade inteira). O leitor poderá encontrar seus amigos, parentes vivos ou mortos, reconhecer um lugar que já não existe mais; um prédio que em outros tempos tinha outro uso, uma fachada em seu formato original; ou ainda tomar conhecimento, pela primeira vez, de uma paisagem que nunca sonhara existir. Não podíamos deixar de oferecer essa oportunidade por meio de uma publicação acessível.
Tenho certeza de que este livro estará presente nas estantes dos araraquarenses e nas bibliotecas acadêmicas por longo tempo, por gerações, eu diria, uma vez que é trabalho que não envelhece. Nenhuma cidade, por mais antiga, por mais modificada que seja no decorrer dos tempos, deixará de se interessar pelas transformações pelas quais passou, boas ou más; nenhuma cidade deixará de amar a visão de suas origens e saberá́ valorizar, por muitos motivos, suas imagens do passado.
Por tudo isso, a Usina São Manoel orgulha-se de participar deste trabalho de valorização dos bens culturais – tanto as fotografias quanto aquela Araraquara que já não existe, mas que é perenizada por estas imagens, cujo valor só aumentará com o passar dos anos.
Apresentação de Anna Maria Martinez Corrêa (trechos)
O trabalho de Luiz Flávio de Carvalho Costa traz importante contribuição para o conhecimento e divulgação de uma cidade do interior paulista. Tendo como preocupação central o registro fotográfico de Araraquara, não se limita, no entanto, à apresentação das imagens, mas, como pesquisador, preocupado com a produção dessa fonte, conduziu seu relato a partir da identificação dos autores das imagens, interrogando-se a respeito dos motivos que guiaram a produção dessas fotos e aí reside a originalidade de seu trabalho. Rememora as várias gerações de fotógrafos que, desde o final do século XIX, assumiram a tarefa de produzir ou de resgatar essas imagens.
Outro empenho do pesquisador é a demonstração de seu cuidado com a memória chamando a atenção para essas imagens, dando a elas um formato apropriado para uma leitura do passado da cidade contribuindo assim para a proteção desse bem e para sua difusão. Ressalta o autor a lembrança de familiares daqueles profissionais que tiveram o cuidado de resguardar a memória da produção de seus fotógrafos, preservando coleções.
A apresentação dessas imagens em seu conjunto compõe um quadro de memória coletiva como se esses fotógrafos quisessem registrar – A nossa cidade – quase que como um apelo à geração de uma identidade. Com essa produção fotográfica, o autor deste livro compõe um conjunto harmonioso convidativo ao relato de uma história para ser contada, para ser ouvida e não ser esquecida. O apelo visual para essas formas nos leva a uma busca desse patrimônio onde ele se encontra atualmente. O passar do tempo alterou aquela ordem, diluiu traços, cujos vestígios procuramos encontrar numa paisagem que hoje já não é a mesma. Alguns desses indícios podem ser encontrados após um exercício de uma arqueologia da memória, mas outros foram inexoravelmente destruídos. A apresentação de um conjunto de imagens retratando a construção dessas formas pode nos conduzir à compreensão de uma época que deixou suas marcas e que teima em ser compreendida e não esquecida, daí a importância do trabalho desenvolvido pelo autor.