A nova exposição de paleontologia, de longa duração, “Areias do passado, marcas no presente” que conta a história da região de Araraquara, já está aberta ao público no MAPA (Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara). O trabalho é uma realização da Fundação Araporã.
De acordo com Josiane Kunzler, coordenadora da curadoria da exposição e paleontóloga da Fundação Araporã, “das areias de um deserto de 135 milhões de anos, aproximadamente, Araraquara construiu sua base no presente. Trata-se das areias sobre as quais andavam os dinossauros e mamíferos do Cretáceo, mas também de areias que compõem o arenito por onde andam os araraquarenses hoje. Trata-se de marcas deixadas no passado que carregam, atualmente, um simbolismo muito grande que se quer deixar para o futuro. É a memória da vida, da Terra e, principalmente, da cidade de Araraquara”, conta.
De forma simplificada, a exposição traz informações e propõe reflexões sobre as pegadas encontradas nas calçadas de Araraquara. “Seu objetivo principal é valorizar o registro fossilífero (pistas e pegadas fossilizadas) de Araraquara como um patrimônio produzido no passado, mas ressignificado no presente pelo olhar da ciência e, principalmente, da sociedade, que convive dia-a-dia com ele”, explica Josiane. “Com essa exposição, esperamos abrir um novo espaço de troca entre Paleontologia e população de Araraquara para que possam, em conjunto, refletir e atuar na preservação desse patrimônio”, sugere.
Os recursos expositivos trabalham com questões sobre como, quando e onde essas pegadas foram formadas e o que elas podem representar para a população. O grande destaque é o cenário que simula o ambiente em que esses registros foram produzidos e os organismos que deixaram suas marcas.
Também é atrativo o espaço voltado para as marcas do visitante, que pode deixar sua “pegada” na exposição. Além disso, o desafio das pegadas e o mapa da cidade de Araraquara, com os principais bairros onde “moram” os fósseis, prometem chamar a atenção do visitante. “É importante considerarmos que, se treinarmos o nosso olhar, poderemos sempre encontrar pegadas interessantes, mesmo que seja em uma simples caminhada de casa até o praça. Vivemos em uma grande exposição!”, alerta Josiane.
Para a execução da nova exposição, a Fundação Araporã contou com o apoio especial da Associação dos Amigos dos Museus e Biblioteca de Araraquara. Além da curadoria de Josiane, o trabalho coletivo contou com a participação de pesquisadores da Fundação Araporã e de paleontólogos araraquarenses, como Marcelo Adorna Fernandes e Heitor Roberto Francischini Filho, e o trabalho da Rima Design. Foram dois anos de produção para chegar ao resultado em exposição no MAPA.
Atividade complementar
A principal atividade complementar realizada junto à exposição é a “co-gestão das lajes das calçadas com a população moradora”. Segundo Josiane, a exposição convida os moradores a tirarem fotos das lajes com pegadas que encontrarem e levarem para o museu com o endereço da pegada e seus dados pessoais.
Estas fotos vão compor um espaço que irá auxiliar no acompanhamento do estado de conservação das lajes. “Em uma segunda etapa, entraremos em contato para efetivar essa co-gestão, deixando as lajes nas calçadas da cidade sob os cuidados dos moradores interessados. Em uma terceira etapa sinalizaremos essas lajes que estão sob regime de co-gestão e essas entrarão para o circuito expositivo, que começa com a exposição dentro do museu e se estende pelas ilhas de lajes fossilíferas a céu aberto já existentes na Rua 05”, detalha a curadora.
Para ela, as lajes de arenito fossilífero podem também ser reconhecidas como elementos da identidade visual do ambiente local. “Somente em Araraquara e nas cidades mais próximas a ela é que as calçadas são constituídas por esse arenito icnofossilífero específico. Em algumas partes da cidade, como no Parque Infantil, região central de Araraquara, essa relação pode ser ainda mais intensa devido à combinação da visualidade com outros componentes do cotidiano da população. O local é utilizado para lazer e cultura, cuidados com a saúde e interação com recursos naturais”, diz lembrando que “outras são encontradas em locais marcados pela expressão popular e luta social, como nos assentamentos rurais de Araraquara, ou inseridas num circuito cultural local institucionalizado, constituído por locais de lazer, descanso e educação – como o próprio MAPA e as ilhas ao longo da rua 05”.
Com “Areias do passado, marcas no presente”, o MAPA quer trazer a sociedade de Araraquara para atuar junto a ele na preservação dessa complexidade patrimonial, do passado e presente, que é tão essencial para a vida dos cidadãos locais e para o desenvolvimento da Paleontologia.
Vale destacar que escolas podem agendar visitas mediadas com a equipe do MAPA pelo telefone (16) 3332-4933. A programação é gratuita. O MAPA está localizado à Rua Voluntários da Pátria, na esquina da Avenida Portugal. Neste domingo a visitação pode ser realizada entre 10 e 13 horas; durante a semana o horário de visitação é: de segunda à sexta-feira, das 12h15 às 17h45 e, aos sábados, das 9 às 12 horas.
Serviço:
Exposição “Areias do passado, marcas no presente”
Local: MAPA (Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara) – Rua Voluntários da Pátria, esquina da Avenida Portugal
Horário de visitação: de segunda à sexta-feira, das 12h15 às 17h45; aos sábados, das 9 às 12 horas
Entrada gratuita