No dia 09 de janeiro recebi mensagens de que o Consórcio (Empresa Cruz/Viação Paraty), que explora economicamente as linhas do transporte coletivo de Araraquara e a Prefeitura anunciaram nova rota e horários para, agora unificado, ônibus Adalberto Roxo/Valle Verde. Logo, resolvi divulgar a informação em minha página pessoal, sabendo que ali muitos amigos e amigas iriam acessar a informação pela primeira vez. Ao fazer isso, recebi, no público e no privado, inúmeras reclamações de tudo que estava sendo feito.
Aceitei o convite para conhecer pessoalmente as mudanças realizadas. Apesar de ter morado quase 30 anos no Jardim Roberto Selmi Dei, bairro vizinho e ter vivido toda a minha vida utilizando o ônibus como transporte para ir à escola, à universidade, trabalhar e/ou me divertir, aquela linha específica pouco tinha de conhecimento. Então decidi ir.
Enquanto aguardava no ponto de ônibus, conversei com duas senhoras, que também esperavam o transporte da mesma linha, mas ambas desconheciam o trajeto novo. A fala delas é simbólica: “A gente paga e paga caro, mas hoje não sei quanto eu terei que andar para chegar em casa”.
Esperei passar 2 ônibus, onde verifiquei que o tempo médio é de 15 minutos entre um e outro e subi no terceiro às 16 horas. Todos os três estavam superlotados. Ao entrar no ônibus constatei o que já conhecia, tudo muito mal cuidado, não havia cobrador (imaginem o coitado do motorista pegando o troco na baixada do Roxo) e a reclamação era geral, por parte dos usuários. Ouvia-se “vamos dividir o UBER”, “meu primo dirige no 99” (ambos aplicativos de transporte privado) e o mais assustador “Já estão organizando uma ‘perua’”. Ou seja, a cidade de Araraquara, com pouco mais de 200 mil habitantes, em breve mergulhará na realidade do transporte coletivo privado clandestino. Você sabe o resultado disso em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo?
O trajeto dentro do bairro durou 4,5 Km e foi feito em 25 minutos. No ponto final, na UPA do Valle Verde, fiquei parado por 20 minutos cravados. Em seguida, o ônibus saiu sem que outro tivesse chegado ao ponto final. No trajeto de retorno, ficou claro que parcela do Roxo tinha ficado distante de toda a linha e que o bairro do Valle Verde tem altíssima demanda por transporte público. Pois, mesmo na contramão do fluxo das pessoas (estava viajando sentido bairro -> centro), fora do horário de pico e nas férias escolares, o ônibus chega no Adalberto Roxo cheio. Desci do ônibus com a sensação de que aquela região, Valle Verde, Adalberto Roxo, Selmi Dei, São Rafael e outros merecem maior atenção do poder público e uma proposta diferenciada de reorganização do transporte coletivo.
Posteriormente, fui chamado pelos moradores do Roxo para registrar a reunião que fizeram no último domingo, 19 de janeiro, onde outros relatos, muito mais preocupantes, foram colocados. O valor da passagem não é correspondente às necessidades das pessoas que trabalham, estudam ou querem ter direito à cidade.